sábado, 21 de julho de 2007

Um ato público de homenagem e solidariedade.


'Qual o tamanho da tristeza de alguém?

Pode a tristeza ser medida?

Vc já esteve triste o suficiente
pra achar que sua vida devia akabar ali ?
Vc não achou era a sua a tristeza maior do mundo?

Eu pensei...
Naqueles que foram dos céus físicos
Aos céus finais.


E fika uma saudade de tamanho igual.
De ausência.


Mas toda hora vem outra igual.
Igual.
Nunka maior ou menor.

Com um vácuo descomunal,
Igual.


E uma desolação crucial.

PIOR.

Porque todas as tristezas
destes familiares dos passageiros são infinitas.


E todas são as maiores do mundo.'
A vcs que se foram a minha homenagem e identidade.A vcs que fikam, a minha solidariedade. YAN

Indignação e dor

O jogo de empurra
entre o governo e a TAM
pela responsabilidade do acidente
provoca indignação nos parentes das vítimas.
Sexta-feira, 20 de Julho de 2007

Três dias depois do acidente, Christophe Haddad continua em São Paulo, esperando que o corpo da filha de 14 anos seja reconhecido.
Com dupla cidadania, ele recebeu, na quinta-feira, um telefonema, e sexta uma carta do governo francês prestando solidariedade. “"O governo brasileiro, até agora... É, entrou em contato com a gente ontem, vocês viram a maneira como entraram em contato", diz ele.

Christophe refere-se aos gestos do assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, ao saber que o avião da TAM tinha problemas mecânicos. “As famílias chorando e os assessores do governo nos presenteando com aquelas cenas".


Indignação compartilhada por todos que perderam parentes. "É inadmissível ficar feliz em saber que o problema foi no reverso da turbina. Pode ser, mas a Infraero tem responsabilidade, a Anac tem responsabilidade, a TAM tem responsabilidade e toda responsabilidade tem que ser apurada. Não é um botar culpa no outro, dizer ‘eu lavo as mãos’. Todo mundo tem responsabilidade, todo mundo tem que responder", afirma Vinícius Severo, engenheiro mecânico.

Uma carta escrita pelo filho do co-piloto do Airbus A-320 também reclama das autoridades. Para ele, o acidente é um reflexo do país e a raiz do problema é mais profunda.Para que não existam novas vítimas, pede que medidas sejam tomadas.
No fim da tarde, o presidente da TAM, Marco Antônio Bologna, chegou de helicóptero para um encontro com as famílias dos passageiros. Durante a conversa a portas fechadas, várias pessoas saíram amparadas e foram atendidas por médicos.


A reunião foi tensa do início ao fim, segundo as famílias.


Parentes das vítimas contaram que o presidente da TAM estava acompanhado de representantes da seguradora da empresa. E que eles falaram, principalmente, sobre indenizações e reconhecimento de corpos.

Assuntos dolorosos que reacenderam a revolta e quase levaram a agressões.
“Ele quase apanhou. Há pessoas indignadas.Tentaram ir pra cima, xingaram”, conta um familiar.
Um dos motivos da irritação foi a explicação de que o reverso da turbina não era fundamental para a segurança. “Ele não quer assumir a responsabilidade que a aeronave estava com defeito e matou quase 200 pessoas", diz Antônio Siqueira, tio de uma vítima. "

Perdi meu sobrinho, nunca mais vou recuperar isso, não há desculpa que eu possa aceitar", completa. (César Menezes)

Até quando?

A pergunta, resume a perplexidade e a impotência dos cidadãos brasileiros que assistem, há dez meses, ao acirramento da crise do sistema de transporte aéreo do Brasil. Não é uma crise qualquer, dessas que aborrecem durante certo período, para depois sumir na poeira dos anos, sem deixar marcas. Trata-se de uma crise que começou com a morte de 154 pessoas, ceifadas no Boeing da Gol que colidiu com o jato Legacy, e que na semana passada custou a vida a cerca de outras 200, na tragédia com o Airbus da TAM que transformou Congonhas em nome maldito. Nessa contabilidade de horror, morreram crianças e jovens. Morreram profissionais liberais e donas-de-casa. Morreram altos executivos e trabalhadores humildes. A cada dia, está morrendo também a esperança de que os céus do país voltem a ser de brigadeiro. Com um controle aéreo eficiente e moderno, com aeroportos dotados de infra-estrutura adequada e com companhias que, devidamente fiscalizadas, ofereçam toda a segurança e bons serviços aos passageiros.
Foi preciso que mais duas centenas de brasileiros perecessem para que as autoridades se dispusessem a preparar um pacote de medidas para o setor. Pacote amarrado a toque de caixa e ainda ao som do fechamento de caixões. O ceticismo é geral, porque, não bastasse o aspecto de operação tapa-buraco, as autoridades são as mesmas que privilegiaram a construção de terminais ao estilo shopping center, em lugar de melhorar as condições das pistas dos aeroportos. Que permitiram que o sistema de transporte aéreo brasileiro, antes motivo de orgulho, adquirisse contornos africanos – num modelo de regressão jamais visto em nações civilizadas. Que trataram com leviandade e escárnio os graves problemas que se apresentaram ao longo dos últimos meses. Será que essa gente tem conserto? Não haverá punição aos culpados? Ao contrário do que pensam os ideólogos ensandecidos, voar com segurança, rapidez e conforto não é tratamento de luxo para "as elites". Faz parte do direito de ir e vir de todos os cidadãos. Aqueles mesmos que mofam nas filas dos balcões, dormem nas salas de embarque, se angustiam em vôos inesperadamente perigosos e só não se cansam de perguntar: até quando? ( revista Veja )


O problema é conciliar as conclusões de um exame realizado por uma instituição qualificada e insuspeita com a experiência profissional vivida - e comunicada com todas as letras - por diversos pilotos nos dias imediatamente anteriores ao desastre. A pista estava "um sabão", se queixaram. E disseram que ela devia ser interditada quando chovesse - o que a Infraero decidiu fazer somente depois do desastre.
De todo modo, uma pergunta não quer calar. Está na cabeça de inumeráveis brasileiros. Foi posta no papel pelo colunista Zuenir Ventura, no Globo de hoje:
"Mas precisava de uma tragédia para só aí o governo pensar em corrigir tantas irregularidades?"


TRAGÉDIA EM CONGONHAS 2 Sem governo, mas com notícias

Por Alberto Dines em 20/7/2007

Governo acabrunhado, imprensa vigilante. A informação de William Bonner no Jornal Nacional de quinta-feira sobre a falha em dos reversos da turbina do Airbus da TAM, além de contribuir para o esclarecimento da catástrofe em Congonhas, tem uma formidável importância política: o governo federal escondeu-se durante 48 horas, não conseguiu encarar a Nação diante da maior catástrofe aérea da história, nem sequer apresentou condolências às famílias enlutadas. Só na noite desta sexta-feira teremos o presidente da República oferecendo à sociedade brasileira algum tipo de consolo.
Em compensação, a imprensa não abdicou dos seus deveres, estava lá em Congonhas minutos depois da tragédia e até hoje continua lá. A informação sobre a falha no reverso da turbina direita do Airbus não foi uma tirada denuncista como as que estamos acostumados a ler ou ouvir. Antes de ser levada ao ar, foi checada com o próprio presidente da TAM, e a contestação do empresário foi rebatida por novas informações.
Tudo indica que a falha no reversor (que funciona como uma espécie de freio-motor do jato) foi decisiva para levá-lo além dos limites da pista. A catástrofe evidentemente não está inteiramente explicada, falta apurar ainda se as condições do piso – entregue ao intenso tráfego antes do prazo previsto – não se somou à falha mecânica.
Uma coisa parece certa: ficamos sem governo durante três dias, mas não ficamos sem informações.


- Quando ontem adormeci Manuel Bandeira

Quando ontem adormeciNa noite de São JoãoHavia alegria e rumor Estrondos de bombas luzes de BengalaVozes cantigas e risosAo pé das fogueiras acesas. No meio da noite despertei Não ouvi mais vozes e risosApenas balõesPassavam errantes SilenciosamenteApenas de vez em quando O ruído de um bonde

Cortava o silêncioComo um túnel.

Onde estavam os que há poucoDançavamCantavamE riamAo pé das fogueiras acesas? - Estavam todos dormindoEstavam todos deitados Dormindo ProfundamenteQuando eu tinha seis anosNão pude ver o fim da festa de São JoãoPorque adormeciHoje não ouço mais as vozes daquele tempoMinha avóMeu avôTotônio RodriguesTomásiaRosaOnde estão todos eles?- Estão todos dormindoEstão todos deitados Dormindo. Profundamente. http://www.suigeneris.pro.br/profundamente.htm

Manuel Bandeira (1886-1968)DADOS BIOGRÁFICOS

Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu, em Recife, Pernambuco, em 1886.

Estudou no Pedro II, no Rio de Janeiro e na Escola Politécnica de São Paulo. Contudo, acometido de tuberculose

teve de abandonar o curso na Politécnica, fato que, mais tarde, foi registrado no poema Testamento.

Percorreu várias cidades em busca de cura, entre elas: Itaipava, Campanha, Teresópolis, Maranguape, Uruquê e Quixeramobim.Em 1913, embarcou para a Europa

e no Sanatório de Clavadel, na Suíça,

entrou em contato com a poesia francesa simbolista e pós-simbolista,

cuja influência está presente em seu livro de estréia A Cinza das Horas

e também em Carnaval.

Ao retornar, dedicou-se ao magistério, lecionando no Ginásio Carioca, no Pedro II e, na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil,

onde ministrou Literatura Hispano-Americana.

Fixou-se no Rio de Janeiro, estreitando amizade com os escritores Ribeiro Couto, Tristão de Ataíde, Graça Aranha e Ronald de Carvalho que, durante a Semana de Arte Moderna, leu o poema de Manuel Bandeira Os Sapos sob as vaias do público, tornando-se um dos pontos altos do evento. O poeta participou da Semana à distância, pois não concordava com os ataques violentos aos parnasianos e simbolistas.Mário de Andrade e Oswald de Andrade parecem ter exercido certa influência sobre a escolha de Bandeira, ao decidir romper com as barreiras da tradição e partir para o experimentalismo, presente em obras como o Ritmo Dissoluto e Libertinagem, escritas na "fase heróica" do Modernismo. Manuel Bandeira foi, ainda, Inspetor do Ensino Secundário e membro da Academia Brasileira de Letras.

Faleceu, no Rio de Janeiro, em 1968.

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS

A poesia de Manuel Bandeira nasce parnasiana e simbolista e, aos poucos, se distingue como "o melhor verso livre em português". O poeta transita do Parnasianismo ao Modernismo e experiências concretistas, conservando e adaptando os ritmos e forças mais regulares.Em sua obra, o aspecto biográfico, marcado pela tragédia e tuberculose, é poderoso, constando até em obras nitidamente modernas, como Libertinagem. Há, ainda, a marca da melancolia, da paixão pela vida e das imagens brasileiras. As figuras femininas surgem envoltas em "ardente sopro amoroso", enquanto outros poemas tratam da condição humana e finita sem deixar de demonstrar o desejo de transcendência como em Momento num Café, Contrição, Maçã, A Estrela e Boi Morto.

PRINCIPAIS OBRAS

PoesiaA Cinza das Horas (1917);

Carnaval (1919);

Poesias (1924);

Libertinagem (1930);

Estrela da Manhã (1936);

Mafuá do Malungo (1948);

Opus 10 (1952);

Poesias Escolhidas (1937, 1948, 1955, 1961);

Poesias Completas (1940, 1944, 1948, 1951, 1954, 1955,1958);

50 Poemas Escolhidos pelo Autor (1955);

Antologia Poética (1961);

Estrela da Tarde (1963);

Estrela da Vida Inteira (1966);

Meus Poemas Preferidos (1966).

ProsaCrônicas da Província do Brasil (1936);

Guia de Ouro Preto (1938); Noções de História das Literaturas (1940); Literatura Hispano-Americana (1949); Gonçalves Dias (1952); Itinerário de Pasárgada, memórias, (1954); De Poetas e de Poesia (1954); Frauta de Papel (1957); Quadrante 1 e 2 (Crônicas de Manuel Bandeira e outros) 1962 e 1963; Os Reis Vagabundos e mais 50 Crônicas (1966); Andorinha, andorinha (1966).AntologiasAntologia dos Poetas Brasileiros da Fase Romântica (1937); Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Parnasiana (1938); Antologia dos Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos (1946).TraduçõesPoemas Traduzidos (1945,1948); Maria Stuart, de Schiller (1955); Macbeth, de Shakespeare (1956); La Machine Infernale, de Jean Cocteau (1956); June and the Peacock, de Sean O' Casey (1957); The Rain Maker, de N. Richard Nash (1957).

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