A questão preciosa da Verdade ..... 24/12/2006 09:50
Vou postar de novo extraido do meu anterior flog, o que escrevi sobre a Verdade.
Resolvi atender ao pedido do meu primo Tadeu que me desafiou à escrever sobre o que a VERDADE para mim significa.Propus-me então concretizar imediatamente este seu bem difícil,reconheço,pedido.
Meditei harmonizei-me com o Cosmos e invoquei inspiração ao meu anjo pessoal e ao Pai.
Nunka me furtei à escrever sobre temas abstratos,por mais difíceis que eles fossem...
Ainda mais daquele tão lindo –discorrer sobre a Verdade....
fui dotado de uma vívida inteligência e mais uma vez iria me valer dela à serviço da Cultura Humana.
O resultado fikou tão intenso e profundo,em tudo universal,passível de ser plenamente apreciado tanto por um erudito e agnóstico filósofo grego da academia há 2.400 anos atrás quanto por bisnetos dos nossos netos daqui há vários séculos à frente...
Portanto faço à ele um presente indistinto à todos aqueles q o puderem ler,
conhece-lo e deixar calar fundo em si a substância de ensinamento e reflexão q ele tão ressoa...
fikou muito bonito e eloqüente....
Obrigado meu anjo e protetores espirituais de Luz...
Obrigado Rafael,obrigado meu primo Tadeu....Com krinho....Yan Ayrton....
Título:Uma contribuição à Verdade.
Autor:Yan Ayrton
Para Rafael Tupynambá D. e
Judas Tadeu.
Nesta etapa plena da vida
Chego à uma solar conclusão
Para a Verdade não hà medida
E sequer perfeita definição!
Bem pensei que nos múltiplos,
filosóficos e densos livros
nos quais tão me debrucei,
Após muito devotado peregrinar,
Garimpar,prescrutar e buscar
Neles não encontrei,
e sequer deparei,
agora bem o sei
com a captura analítica
perfeita e extensa dela...
Imensa ela parece
infensa à isso
Resolvi desistir da sofisticada razão
E afinal num iluminado vislumbre final
fui buscá-la e finalmente achá-la
Nas dimensões vastas infindas
Lindas,absolutas e mágicas
de um limpo coração!!!
E assim
- em curta proposição -
pude enfim encontrar
Para a Verdade uma sintética
Feliz,acurada definição,
( precisa,elegante e singular : )
É ela a realidade intrínseca
Subjacente em tudo que vive e existe
E subsiste em glória.
É ela o repouso do equilíbrio,
A mais fecunda harmonia,
A mais solar claridade!
Poderosa ela acaba por triunfar
Em todas as eras e milênios
Trazendo de novo lucidez e sensatez
Nos eons cósmicos do eterno Tempo
Desmontando e ridicularizando
Pertinazes embustes,
por mais sofisticados que o fossem
na sua arquitetura de construção
em ultra sagaz,doentia,pérfida
elaboração pelos entusiastas do Mal.
A Verdade os desnuda no seu âmago
de trágico equivoco de opção no Universo
O Mal como inconsciência do Bem.
Estão por aí bem trágicos
No escuro coletivo passado humano
Os escravismos e racismos,
As torpes inquisições,
os nazismos , stalinismos,
e maoísmos
os militarismos selvagens,
os ateismos hedonistas vazios,
os cultos delirantes à personalidades,
o vasto e nefasto sistema financeiro cosmopolita,
tão ambicioso,internacional e venal :
à comprar consciências e poderes,
em tantos compatíveis seres...
Fulgurante no mais Além
A Verdade evoca e convoca
Coerência,Claridade,Profundidade,
Densidade,Mansidão,Imensidão
E Oportunidade
De buscar o Absoluto Ser :O Alfa e o Omega
O genial Criador final e integral
De tudo o q existe e subsiste :
–Dos quarks,dos fótons às galáxias,
À energia humana do amor,
A Essência Primeira Altaneira
Seminal e primordial em nós!!!
Esse alento é o meu sustento
Sempre acalentei comigo a esperança
De com ela revestir e persistir
O meu ser em evolutiva viagem
À ela me ancorei no mais puro
Entregar-me em sentimento
Vida após vida –Verdade és minha bússola
Minha energia,minha força
,minha pujança!!!
Vós sois o castelo de integridade
Vós doais o libelo,a tonalidade
E a finalidade
do Processo Pleno em sucesso da Libertação!!!
Sua essência em nós
Nos purifica e credencia
À DECISIVA SABEDORIA
QUE INCORPORA
TUDO EM TUDO
E NÓS
NO INTRA EXISTIR DO PAI !
: Metafórica e magnificamente
Disse-nos o filho Jesus :
“Eu sou o Caminho, A VERDADE
E a Vida
–Vinde à mim e suavidade
alcançarás e achareis em sua cruz !"
As forças do mal
Aquele primeiro anjo decaído
Criador e Pai da Mentira
Todo o poder reúnem
( ... E tudo operosamente,
astuciosamente,
Solertemente ,persistentemente
e invisivelmente
fazem para em verdade
enganar-nos,
a mim à vc, à todos....)
Tendo sagaz e voraz
sempre em mira
Nosso mal na Eternidade!!!
O único antídoto à isso –Decaimento e humano,
Insuportável sofrimento
–É buscar em cada ser e cada coisa
SEMPRE A VERDADE :
Perceber, prenunciar
a travestida Insinuada maldade
Ornada de atributo oposto
Para nos confundir
E nos infundir pesado melhor desgosto!!!
Na dialética das forças eternas
Bem eu já aprendi,
do jeito perfeito
Em vidas de dor,ingenuidade e erro :
Nela Não há relativismo!!!
A Verdade eis o motivo
Deste poético ensaio ter eu criado
Como um magno presente em lealdade
À minha irmã humanidade
A Verdade eu o digo
Em meu tom o mais altivo
Eu proclamo resoluto:
“ Nada no PaiEterno é relativo
TUDO NELE É ABSOLUTO “
E sempre estarão e se postarão
Em luto de sua vida e evolução
Todos aqueles e aquelas
Que da luminosa verdade se dispensarão
Crendo que a infinita falsidade
Possa ser a sua luz.
Tal supremo desatino
Para todo o sempre os conduz
Ao divórcio da sua real Essência
E por mais que na aparência
Queiram ser anjos de luz
As trevas deles se valem
A elas tão iluminarem
Com a sua doentia,patética claridade
.Atores e autores deste drama prometéico
e literalmente dantesco
pq algum dia fatídico no Cosmo
preferiram eles e elas
ABOMINAR TODA A VERDADE!
Para ser e expressar a Verdade em si
Jamais goste de mentir
Aprenda por Atemporal Sabedoria
Não saber o que é fingir!!!
Se com tudo isso te ajudar
Eu ainda não pude
O meu persistente e ingente esforço
Ante tal desafio de tal magnitude
A dificuldade não me ilude-
O construir da Verdade eu não distorço
Qro ver brilhá-la em ttos e ttas !
Pois bem sei que o Pai
Me fez seu instrumento
Imbuiu-me de
Solidário,intenso sentimento
De procurar traduzir
A Sua Excelsa Verdade
Para a candente realidade
Dos que na senda tão estão
À MUITO SE LAPIDAREM
PARA ÍNTEGROS A EXPRESSAREM
TORNANDO O PROJETO HUMANO
MERECEDOR DE QUEM O CRIOU
ZELANDO E VELANDO POR ELE
E SE REVELANDO
NA VERDADE FINAL DE CADA UM DE NÓS. Adonai YANayrton.
PS:Leiam meditativamente,com vagar....
há uma energia espiritual poderosa subjacente
à impregnar integridade e serenidade
em quem nela deixar-se habitar e se modifikar....Yan Ayrton
A verdade, quando impedida de marchar, refugia-se no coração dos homens íntegros,dignos e vai ganhando em profundidade o que parece perder em superfície... Um dia, essa verdade obscura, sobe das profundidades onde se exilara e surge tão forte claridade, que rasga as trevas do Mundo.Yan Ayrton
(24/12 11:19) yan ayrton: ...para mim Natal é sentir-se uno com essa criança cósmica que altruisticamente habitou um corpo frágil de carne para ente nós exemplificar com ele a verdadeira vida superior e muito nos ensinar...
celebramos o Natal à kda e todo dia que procuramos agir na essência,consciencia e no amor Dele..è portanto um estado de ser e não um dia isolado no calendário...
festejar o Natal é tê-lo e mantê-lo em nós :essa criança avatar divina do Pai...
Sua genialidade é atemporal e linda como o Universo no qual ilumina e fulgura..
.Este é o Natal...Bjos na alma à todos e todas vcs....YAN Ay
Um belo poema: humancat.com/DeVerdade/amor_de_verdade.htm
O Tempo eleva a Verdade dentre a Disputa e a Inveja.
Nicolas Poussin, 1640-2 Musée du Louvre, Paris
Uma verdade inconveniente 21.10.2006
Lançado em fevereiro passado no Festival Sundance
e celebrado como uma obra cult no último Festival de Cinema de Cannes,
o filme “Uma Verdade Inconveniente”
já foi visto por milhões de pessoas, principalmente nos Estados Unidos.
Protagonizado por Al Gore, o filme é uma severa advertência para a Humanidade sobre a responsabilidade do Homem nas mudanças climáticas.
É um documentário ambientalista e, por isso mesmo, político.
As imagens, chocantes, mostram as atuais alterações que o nosso Planeta está experimentando e elas são, também, a evidência da irresponsabilidade dos políticos que se negam a reconhecer a urgência de tocar no assunto e o pouco tempo que resta para evitar a catástrofe total.
No início é um plácido rio. Assim começa o filme “Uma Verdade Inconveniente”.
São as imagens de um rio cujas mansas águas deslizam despreocupadamente na alegria de uma estação primaveril, com um estilo de narrativa digno do classicismo dos melhores westerns. A realidade mostrada é um bucólico mundo inspirado na visão pastoril do mundo de Virgílio,
que depois migra para uma legião de referências que são parte inalienável da cultura estadunidense, desde Whitman até Bradbury, na ficção, e culmina na bíblia ambientalista “Primavera Silenciosa”, o documento-denúncia de Rachel Carson, na não-ficção.
Isso tudo está intrinsecamente presente no documentário “Uma Verdade Inconveniente”. O filme, protagonizado por Al Gore e dirigido por Davis Guggenheim, ao contrário dos de Michael Moore, não retrata a verdade do passado recente, mas a verdade do futuro imediato.
Em 2008, Al Gore fará 60 anos, quarenta deles dedicados à ecologia. A Humanidade estará no linde dos 8 bilhões de pessoas e as mudanças climáticas terão avançado de tal forma que será irreversível a catástrofe há tempos anunciada pelos cientistas de todo o mundo.
Mesmo que existam influentes vozes contrárias, como a do ambientalista de “direita” Bjorn Lomborg, ou a do romancista Michael Crichton, autor de “O Estado do Medo”, livro que faz parte das leituras prediletas de George W. Bush, “Uma Verdade Inconveniente”, pelo caminho contrário ao da ficção e das especulações, é uma denúncia feroz da insensatez do “homem viciado em petróleo” – segundo as palavras de Bush – e do estilo de vida do homem consumista, fundamento do desenvolvimento dos países mais industrializados. Em “O Ambientalista Cético”, Lomborg sustenta a teoria de que as mudanças climáticas globais é uma invenção de um grupo de cientistas mal informados e de ecologistas catastrofistas. Em “O Estado do Medo”,
Crichton imagina uma trama na qual uma sociedade secreta de guerrilheiros ecologistas planeja um atentado ambiental que é abortado por outro ambientalista “racional e equilibrado” surgido do Silicon Valley, no qual se pode entrever o rosto de Gordon Moore, presidente da Intel e ambientalista-filantropo da Conservation International, proprietário de um bom pedaço do Pantanal Mato-grossense. Segundo o escritor Fred Barnes, no livro “Rebel in Chef”, Bush e Crichton, falaram o ano passado “durante uma hora na Casa Branca e no fim concluíram estarem completamente de acordo sobre a mínima responsabilidade humana no agravamento do efeito estufa”.
A data coincide com a negativa final do presidente em assinar o Protocolo de Kyoto justificando que “seria danoso para a economia dos EUA”.
Depois de ter perdido a eleição presidencial do ano 2000 - mesmo tendo vencido no voto popular-, e após ter sido defenestrado pelo seu próprio partido,
Al Gore retirou-se para sua fazenda no estado do Tennessee para repensar a vida.
Foi ali, olhando o rio que corre ao longo de sua fazenda, um rio similar àquele que desce mansamente no início de “Uma Verdade Inconveniente” que decidiu assumir definitivamente a sua condição de ambientalista; uma filosofia de vida que começou quando era um universitário contestador na Universidade de Vanderbilt, em Nashville, pátria da country music.Ao avaliar profundamente o rumo que daria à sua vida de “feijão verde” – como Bush costuma apelidá-lo – nesse segundo retiro espiritual à semelhança de um lama, decidiu se dedicar integralmente a esclarecer aos seus compatriotas, e ao resto do mundo, que o principal problema que a Humanidade enfrenta hoje é a mudança climática. A viradaDa mesma forma que Sidarta, Al Gore iniciou a longa viagem para o conhecimento, principalmente em auditórios universitários, como anos antes já o tinha feito no Congresso dos EUA, quando era Senador na década de 70, convencendo seus pares sobre o perigo do aumento do buraco da Camada Ozônio, que culminou, felizmente, na assinatura do Protocolo de Montreal. Naquela ocasião o inimigo principal era Bush-pai, que o apelidara de “Homem-Ozônio”. Por causa da veemência das suas palavras no Congresso, os republicanos costumavam dizer que Gore injetava lítio nas veias para ficar tão aceso.Naquela época, também foi ridicularizado por sua campanha em favor de universalizar a internet. Para os “geeks”, os fanáticos por informática do Silicon Valley, Gore é o verdadeiro “inventor” da internet e entre seus admiradores se encontram os articulistas da própria Wired. É bom lembrar que hoje Al Gore é consultor especial de Steve Jobs, fundador da Apple. Além disso, recentemente foi chamado por Larry Page e Eric Schmidt para fazer parte do conselho consultivo do Google e, por incrível que pareça, Jerry Yang, dono do Yahoo, decidiu fazer o mesmo. No campo das comunicações, Al Gore possui em São Francisco um canal de televisão interativo denominado “Current TV”, cuja programação está voltada para as questões ambientais, para a análise política e para as tecnologias de ponta, sejam elas na informática ou nas fontes de energia renováveis.Anos antes, trabalhando no seu primeiro livro, “Earth in the balance”, lançado em junho de 1992, viajou ao Mar de Aral quando já não era mais o quarto maior mar interior do mundo, e sim um deserto onde repousavam as carcaças de centenas de barcos que um dia saíram à pesca. Al Gore escreveu: “Enquanto um camelo caminhava pelo fundo morto de Mar de Aral, me pus a pensar na insólita situação daqueles barcos no deserto. Onde deveria haver ondas azuis esverdeadas batendo contra o casco, só havia areia quente estendendo-se até onde a vista alcançava”. Tal como Virgílio, Al Gore sentiu que tinha descendido ao Inferno. Teve então a convicção de que a sua missão seria a luta ambiental e, durante a sua participação na RIO 92, propôs a implementação de um “Plano Marshall Global” para prevenir os desastres que se avistavam no horizonte.Avalizado por sua experiência de ambientalista herdeiro de John Muir, o fundador do Sierra Club e ativo admirador das batalhas anti-nucleares do Greenpeace original, aquele fundado pelos idealistas Jim e Marie Bohlen, Irving e Dorothy Stowe, Paul Cote e Robert Hunter, Al Gore deixou de lado a sua frustração de ter sido “o ex-próximo presidente dos EUA” e partiu para a batalha contra as mudanças climáticas. Foi assim, com toda essa bagagem, que decidiu fazer palestras ao longo dos EUA conscientizando a população, principalmente universitária, sobre este grave problema planetário. Um fator decisivo foi a devastação de Nova Orleans pelo furacão Katrina, que além do impacto climático, revelou uma nação paralela vivendo com um estilo de vida até então desconhecido pelos estadunidenses. A miséria social revelou-se a maior tragédia provocada por uma política oficial que se nega a admitir a importância do Protocolo de Kyoto.Com apoio da melhor tecnologia da Apple, combinando humor, desenhos animados e tabelas com comprovados dados científicos, optou por uma apresentação multimídia mediante a qual ele explica à platéia as graves conseqüências que o aquecimento global está causando no nosso Planeta. Gore já fez sua apresentação mais de mil vezes em auditórios de escolas e salas de conferência de hotéis em cidades grandes e pequenas. Agora se apresentou em São Paulo com uma versão ligeiramente mais atualizada da que é apresentada no filme.Numa dessas palestras, o produtor Lawrence Bender (dos filmes “A Mexicana”, “Pulp Fiction”, “Anna e o Rei”, “Cães de Aluguel”, “Kill Bill”) teve a certeza de que as apresentações de Gore eram matéria-prima para um documentário e, por ser ao mesmo tempo uma palestra emocionante, ele pensou que deveria ser transmitida numa escala nacional. A recente experiência de sucessos extraordinários com documentários como os de Michel Moore animou ainda mais Bender. Davis Guggenheim foi convidado para assumir a direção do roteiro de Scott Z. Burns, com produção executiva de Jeff Skoll, especialista em filmes políticos como “Syriana” e “Boa Noite, Boa Sorte”. Lançado em fevereiro último no famoso Festival de Sundance criado por Robert Redford, o filme mereceu grandes elogios de parte da crítica estadunidense, mas a consagração foi em maio último no Festival de Cannes, onde ele virou uma verdadeira estrela hollywoodiana. Selecionado “Hors Compétition”. Nessa ocasião, Al Gore fez a seguinte declaração: “Na língua chinesa, a palavra ‘crise’ é representada par dois ideogramas: um deles significa ‘perigo’ e o outro ‘oportunidade’. Em inglês ou em francês [como também em português], a palavra ‘crise’ se entende somente sob o sentido do medo e não o da oportunidade que oferece uma crise. O que nos deve motivar é a oportunidade que nos oferece esta crise para desenvolver novas tecnologias”.Verdades são difíceis de ouvirO filme narra, em duas histórias paralelas, a vida de Al Gore e uma de suas palestras perante um público principalmente jovem. Al Gore fala de sua vida simultaneamente para Guggenheim e o público, revelando as surpreendentes e emocionantes etapas da sua vida pessoal. O diretor dá ênfase a três eventos-chave na vida do ex-vice-presidente que ajudaram a moldar seu envolvimento com o meio ambiente: o acidente de carro que quase tirou a vida de seu filho caçula; a morte de sua irmã com câncer de pulmão, levando em consideração que sua família tinha uma plantação de tabaco; e a derrota na campanha presidencial de 2000 contra George W. Bush. “A possibilidade de perder um filho foi uma experiência muito dolorosa que me ensinou muitas lições. Por exemplo, nunca havia compreendido até então que um dos segredos da condição humana é que o sofrimento une as pessoas. Aprendi que quando outras pessoas que experimentaram a dor que eu estava sentindo vinham até mim, acabávamos nos conectando, alma com alma, de uma forma transformadora e curadora. No final, percebi de uma maneira totalmente nova a possibilidade de perdermos a nossa preciosa Terra (ou, pelo menos, a sua condição de hábitat para os humanos) de um modo que nunca havia percebido antes, nem emocionalmente, nem espiritualmente”, disse Al Gore. Quanto ao título original do filme, “An Incovenient Truth”, ele explica: “Algumas verdades são difíceis de ouvir porque, se você realmente as ouvir, e entender que elas são realmente verdade, então você tem que mudar. E mudar pode ser muito inconveniente”.Concebido de forma inteligentíssima como uma metalinguagem, Al Gore subliminalmente associa as mudanças climáticas ao nazi-fascismo. Não de forma explícita, evidentemente, mas através das citações históricas com as quais ele tenta motivar as pessoas a tomarem uma atitude. Tanto nas suas palestras quanto nos seus discursos políticos, ele menciona reiteradamente Winston Churchill. O premier inglês advertia a seus concidadãos e ao mundo inteiro sobre os perigos do surgimento do nazismo que culminaria na Segunda Guerra Mundial. Ele sempre menciona essa história assim: “Quando a tempestade começava a se formar na Europa continental, Churchill emitiu diversos avisos sobre o que estava em jogo; ele afirmou que o governo que então estava no poder na Inglaterra não tinha a certeza de que a ameaça era real, que persistia num estranho paradoxo apenas decidido a ficar indeciso, resolvido a ser irresoluto, firme ao ser levado pela corrente, sólido na fluidez, todo-poderoso para ser impotente”. Finaliza a citação com estas palavras: “A era do adiamento, das meias-tintas, do expediente apaziguador e dilatório está prestes a terminar; em seu lugar, estamos entrando num período de conseqüências”. Nada mais claro para se referir ao governo Bush e à sua teimosia em negar as evidências científicas da gravidade da situação provocada pelas mudanças climáticas. Um dos líderes políticos que aderiu à sua filosofia é Arnold Schwarzenegger, governador do estado da Califórnia, e mais uma estrela de Hollywood que se soma a Jane Fonda, George Clooney, Julia Roberts, Robert Redford, Peter Brosman, Sigourney Weaver, Sean Connery, Angelina Jolie, Leonardo DiCaprio, etc. na luta ambientalista. Ao constatar essa radical mudança de rumo na influente indústria cinematográfica, Gore disse recentemente: “Acredito que estejamos nos aproximando de um ponto de virada no qual o país começará a enfrentar seriamente o problema climático e a maioria dos políticos de ambos os partidos competirá entre si para apresentar soluções significativas. Ainda não estamos perto disso, mas um ponto de virada é por definição um momento de mudanças rápidas; penso que o potencial para esta mudança está crescendo, vemos artistas, vemos intelectuais, vemos pastores evangélicos manifestarem a sua opinião; a General Electric e os republicanos administradores de empresas dizerem que temos que tratar destas questões, assim como as organizações de base. Tudo isso está acontecendo ao mesmo tempo porque, por caminhos diferentes, as pessoas estão vendo uma nova realidade. A relação entre a nossa civilização e a Terra transformou-se radicalmente”.“Uma Verdade Inconveniente” é o primeiro depoimento franco e aberto de um dos protagonistas da política mundial das duas últimas décadas a reconhecer a possibilidade da autodestruição do Planeta. Mesmo que o caminho tivesse sido aberto por Mikhail Gorbatchov, que também está dedicando a sua vida ao meio ambiente, principalmente às questões relativas à geopolítica dos recursos hídricos na Cruz Verde Internacional, foi o ativismo de Al Gore que abriu o caminho para que a luta ambiental se instalasse dentro do próprio Congresso dos EUA. Atualmente, nos mais altos estamentos políticos, já se questiona abertamente o modo de vida das sociedades industrializadas. Com um jeito ainda tímido, em seus discursos no G-8, Tony Blair reconhece que o principal problema da humanidade hoje já não é mais o terrorismo islâmico, nem Bin Laden e sua Al Qaeda, mas o efeito estufa. De forma clara e bastante didática no filme, Al Gore transmite aos indecisos a certeza de que caminhamos para um final apocalíptico. Sem dramatizar com palavras, o que ele mostra são as imagens. O Monte Kilimanjaro 20 anos antes com todo o esplendor do seu cone nevado e hoje, sem neve, sem vida. As geleiras da Antártica que se desmoronam em pedaços gigantescos para se desmancharem nas águas oceânicas levando ao inevitável aumento do nível do mar. É mais do que certo que nas próximas duas décadas milhões de pessoas virarão refugiados ambientais; que as águas farão desaparecer não somente Nova Iorque como grande parte dos Países Baixos e que as defesas construídas contra essa ameaça pelo governo holandês de nada servirão apesar de serem hoje as barreiras mais avançadas tecnologicamente; que Bangladesh, grande parte da Ásia, e todos os estados insulares do Pacífico Sul desaparecerão sob a água, definitivamente.No filme e nas suas palestras, Al Gore destrói com dados concretos os três grandes mitos existentes sobre o aquecimento global: • Sobre as dúvidas quanto à realidade do efeito estufa, ele confirma que milhares de estudos científicos provam que o aquecimento é real e que constitui uma séria ameaça para a vida no Planeta. • Sobre se as políticas ambientais afetam a economia dos países, ele demonstra com modelos econômicos de autorizadas personalidades do mundo que as políticas públicas baseadas num planejamento ambiental estimulam as economias dos países.• Que o aquecimento global não é somente um ciclo natural da Terra, mas o resultado das atividades humanas no campo industrial. As informações que fornece são exaustivas e definitivas. Um dado concreto é que quase todas as atividades industriais dependem do desflorestamento e da desidratação da Terra. Além do corte das árvores para produzir madeira industrializada e carvão vegetal, a construção de hidroelétricas para gerar energia elétrica com as suas indispensáveis barragens é responsável pela inundação de enormes áreas emissoras de gases de efeito estufa, reduzindo a camada atmosférica e aumentando o nível térmico mundial. Algumas das conseqüências do desflorestamento são a desertificação, as secas, as inundações e o incremento do número de furacões, tufões e outros tipos de tempestades de grande dimensão. O aquecimento atmosférico que derrete as calotas polares leva à dessalinização das águas oceânicas e a mudanças radicais nos ecossistemas e na capacidade imunológica de todos os seres vivos.Face a esse catastrófico cenário, Al Gore insiste em que “a solução para a crise climática global exige uma ação rápida, sábia e grande de nossa parte”. Na mensagem aos empresários, ele lembra que “se destruirmos o Planeta não haverá economia que sobreviva”. R. Capriles*[editor@oeco.com.br]E ataca frontalmente a causa principal: a cultura dos países industrializados concentrada no consumo, na ganância e na expansão dos negócios em níveis insustentáveis.
Todos esses conceitos os ambientalistas do mundo inteiro conhecem de longa data.
O inédito é que um político do mais alto nível executivo e legislativo da maior potência do mundo afirme, com todas as letras,
que é necessário mudar de vida para que o Planeta possa sobreviver. E assim, como se estivéssemos vendo quadros de Frederick Remington ou de John James Audubon, ele volta ao clima pastoril existente no início do filme, à beira do seu rio, depois de ter percorrido o Planeta e revelado ao mundo quão perto estamos do desastre e do fim da aventura humana.
Neste artigo, fazemos um apanhado geral de alguns desenvolvimentos técnicos que têm sido feitos nos últimos anos sobre a verdade pragmática, que também chamamos de quase-verdade. Tais desenvolvimentos se devem, especialmente, a N. C. A. da Costa, R. Chuaqui, I. Mikenberg e S. French.
Verdade pragmática. Jair Minoro Abe
Há, pelo menos, quatro teorias da verdade que se evidenciam de relevância para o filósofo que se ocupa da Teoria da Ciência:
1ª) a Teoria da Correspondência, particularmente na forma que lhe conferiu A. Tarski; ]
2ª) a Teoria da Coerência;
3ª) a Teoria Pragmática;
4ª) a Teoria da Eliminação da Verdade (ou definibilidade da verdade).
Sobre tais teorias o leitor pode consultar S. Haack (1980a e b), A. Tarski (1956 e 1944) e A. Grayling (1986).
Segundo a Teoria da Verdade como Correspondência, este conceito relaciona proposições, juízos ou sentenças a situações reais; e uma proposição, um juízo ou uma sentença é verdadeiro se, e somente se, reflete a realidade. Em outras palavras, uma proposição é verdadeira se ela corresponde à realidade, se o que ela afirma de fato é.
Aristóteles, no Livro I'da Metafísica, define a verdade da seguinte maneira: "Dizer daquilo que é, que é, e daquilo que não é, que não é, é verdadeiro; dizer daquilo que não é, que é, e daquilo que é, que não é, é falso". Na Idade Média, os Escolásticos afirmavam que a verdade é a adequação entre pensamento e realidade.
As definições anteriores são válidas e não podem servir de base para um tratamento lógico-matemático do conceito de verdade como correspondência. O grande mérito de Tarski foi o de ter desenvolvido uma formulação matematicamente tratável da Teoria da Correspondência. Com isso, ele revolucionou a Lógica e lançou as bases da Teoria Clássica de Modelos, uma das partes mais importantes da Lógica atual, não apenas relevante em si mesma, pelos seu notáveis resultados teóricos, como, também, pelas suas aplicações na Matemática, nas Ciências Empíricas e na Tecnologia.
A idéia central de Tarski foi a de considerar o conceito de verdade como consistindo numa relação entre sentenças de uma linguagem e a estrutura na qual esta linguagem está interpretada. Não há sentido falar de verdade ou de falsidade de uma sentença a não ser que se saiba exatamente a que linguagem essa sentença pertence e de que modo a linguagem está interpretada.
A definição de Tarski pressupõe que a linguagem de base possui uma estrutura bem definida, pois ela deve ser tratada do ponto de vista matemático. Por conseguinte, a definição de Tarski se aplica principalmente às linguagens artificiais, simbólicas, da Lógica e da Matemática.
Não podemos apresentar, aqui, mesmo de modo informal, a Teoria de Tarski, dado que é demasiadamente técnica. No entanto, como ela é a base da Lógica tradicional, pode ser encontrada em bons livros de Lógica, como os de Shoenfield (1967) e de Mendelson (1979). Conforme a linguagem estudada, a definição correspondente de verdade possui características peculiares.
No entanto, lembramos que o conceito de verdade, tal como Tarski o entende, deve satisfazer o que se chama esquema T, que, em um caso particular, é o seguinte:
T: "A neve é branca" é verdadeira se, e somente se, a neve é branca.
Em outras palavras, o esquema T, que a definição de verdade de Tarski satisfaz, garante que a relação é uma conexão entre linguagem e realidade (na Teoria Abstrata de Modelos é uma relação entre linguagens artificiais e certas estruturas matemáticas que se chamam modelos).
A Teoria da Coerência não considera a verdade como uma relação entre linguagem ou pensamento e realidade. Ao contrário, concebe a verdade como sendo uma propriedade eminentemente lingüística, de caráter sintático; vários autores, de uma maneira ou outra, defendem a Teoria da Coerência, tais como G. Hegel, B. Bosanquet, F. Bradley e H. Joachim bem como alguns dos membros do Círculo de Viena, tais como O. Neurath e H. Hahn.
Segundo os adeptos da Teoria da Coerência, não se pode comparar uma sentença à realidade, para sabermos se a sentença é verdadeira ou falsa. Com efeito, a realidade nos afeta e através de nossa experiência podemos testar uma sentença; porém, como nossa experiência, também, se reduz a sentenças de determinado tipo, segue-se que, afinal, só se pode comparar sentenças com certas sentenças. O cientista, enquanto tal, recebe um conjunto de sentenças que são aceitas como verdadeiras, que devem ser coerentes (não encerram contradições) e aspirar à maximalidade: isto é, o pesquisador sempre procura conjuntos coerentes maximais de sentenças. Sempre que uma parte de nosso sistema de. crenças não funciona bem, devemos procurar modificá-lo, comparando-se sentenças entre si, de modo a se obter um novo sistema que seja coerente e, se possível, maximal.
Assim, Neurath diz que somos como um marinheiro que, no meio do oceano, tem que reconstruir o próprio barco.
A Teoria da Coerência é extremamente interessante e hoje a Lógica e a Matemática possuem meios para tratá-la de uma forma conveniente. Porém, como nosso objetivo é o estudo da verdade pragmática, não ampliamos mais nossa exposição da verdade como coerência.
A Teoria da Eliminação da Verdade é a teoria cunhada por F. P. Ramsey, segundo a qual o conceito de verdade não apresenta aspectos teóricos de grande relevância, pois pode ser eliminado. Por exemplo, afirmar que "A neve é branca" é verdadeira, equivale, simplesmente a afirmar: A neve é branca.
A teoria de Ramsey foi muito desenvolvida nos últimos tempos, existindo filósofos e lingüistas que a têm aplicado nas mais variadas circunstâncias.
Finalmente, a Teoria Pragmática da Verdade é a que tratamos com algum pormenor neste trabalho, por se ter convertido numa das mais importantes concepções de verdade, com significativas aplicações à Lógica, à Matemática e à Filosofia da Ciência.
As concepções de Peirce, James e Dewey
A concepção pragmática da verdade se deve basicamente a C. S. Peirce, um dos grandes lógicos e filósofos do século passado e do começo deste, o criador do pragmatismo.
Peirce escreveu: "considere que efeitos práticos concebemos que o objeto de nossa concepção tem. Então, nossa concepção desses efeitos constitui o conteúdo total de nossa concepção desse objeto" (C. S. Peirce 1965, p. 31).
A afirmação de Peirce pode ser claramente interpretada como significando que a verdade pragmática de uma proposição depende de seus efeitos práticos, supondo-se, naturalmente, que esses efeitos sejam aceitos como verdadeiros, ou falsos, no sentido comum da palavra verdade.
Como se observa em Mikenberg, da Costa e Chuaqui (1986), esses efeitos podem ser formulados como certas proposições básicas e, portanto, uma asserção (hipótese ou teoria) pode ser tida como pragmaticamente verdadeira se suas conseqüências básicas são verdadeiras, no sentido da Teoria da Correspondência. Para eles, esta interpretação do dictum de Peirce constitui a essência da Teoria da Verdade de Peirce.
Assim, a verdade pragmática é fundada em suas conseqüências básicas ou efeitos práticos, e não se mostra completamente independente no sentido de correspondência com a realidade. Como afirmam da Costa e Chuaqui: "Ao contrário, um enunciado em geral, um enunciado teórico é pragmaticamente verdadeiro somente quando os enunciados básicos que ele implica são verdadeiros no sentido da Teoria da Correspondência da Verdade. Mas, ainda, uma asserção básica é verdadeira, do ponto de vista pragmático, se, e somente se, ela é verdadeira de acordo com a Teoria da Correspondência. Assim, a verdade pragmática não é inteiramente arbitrária" (Da Costa e Chuaqui, no prelo).
Acrescentam da Costa e Chuaqui: "Em geral, pode-se manter que em Ciência sempre obtemos verdade pragmática, embora a verdade pragmática assim obtida se aproxime da verdade" (no sentido da Teoria da Correspondência). Tal idéia pode ser tornada rigorosa por meio da nossa definição de verdade pragmática... E esta parece ser, também, a posição de Peirce. Por exemplo, ele afirma: "Diferentes pessoas podem começar com os mais antagônicos pontos de vista, mas o progresso da investigação acaba por levá-los, forçosamente, para fora de si mesmos, à única e mesma conclusão. Essa atividade do pensamento por meio da qual somos levados, não aonde desejamos, mas a uma finalidade pré-fixada, é semelhante à questão do destino. Nenhuma modificação do ponto de vista inicial, nenhuma mudança natural de postura, pode fazer com que um homem escape da crença predestinada. Esta grande esperança é englobada na concepção da verdade e da realidade" (Peirce 1965).
Os autores em questão desenvolvem as idéias anteriores da mesma forma que Tarski formalizou a Teoria Clássica da Correspondência. Antes, porém, de mostrarmos como se efetua isto, diremos alguma coisa sobre as concepções de James e de Dewey (consultar S. Haack 1974 e 1980).
James reformula a definição de Peirce, levando em conta, especialmente, questões não-científicas. Em particular, procura estabelecer uma Teoria da Verdade Pragmática que justifique as crenças religiosas. Falando-se sem rigor, a crença em Deus, por exemplo, seria pragmaticamente verdadeira se suas conseqüências, na vida de todos os dias, fossem interessantes, agradáveis e convenientes para a pessoa que crê.
Muitas vezes se sustenta que a teoria de James é muito menos rigorosa que a de Peirce e que carece de valor científico. Nossa opinião é diferente: embora a teoria de W. James divirja da de Peirce, e muitas de suas teses não tenham sido aceitas por Peirce, seria deveras interessante formalizarmos os aspectos mais salientes da posição de James no tocante à verdade.
Dewey sustentou uma Teoria da Verdade baseada na noção de assertabilidade garantida (warranted assertibility). Do ponto de vista atual, utilizando-se não apenas recursos lógicos e matemáticos usuais, como, também, métodos da Teoria dos Sistemas e do Cálculo de Probabilidade, talvez a teoria de Dewey pudesse ser matematizada.
Formalização da Teoria Pragmática da Verdade
Mikenberg, da Costa e Chuaqui nos apresentam, como já dissemos acima, uma matematização de uma concepção pragmática de verdade que eles denominaram de quase-verdade (cf. Mikenberg, da Costa e Chuaqui 1986). Embora não encarem sua definição como uma exegese da posição peirciana, o fato é que a definição dada por eles capta, sem dúvida alguma, aspectos relevantes e significativos da doutrina da verdade do pensador norte-americano.
Nossa finalidade agora é a de descrever, de modo sucinto e sem o simbolismo e as técnicas necessárias para sua formulação precisa, a definição de da Costa e Chuaqui. Porém, antes disso, seria interessante fazer um resumo geral do trabalho desses autores, que foi muito bem sumariado por J. Corcoran.
"Filosofias Pragmáticas enfatizam a prioridade da experiência e da ação sobre o ser e o pensamento. Oponentes do pragmatismo são algumas vezes chamados de 'intelectualistas'. Característica das Filosofias Pragmáticas é o fato delas manterem pontos de vista claros sobre três questões: (1) significado, (2) verdade e (3) conhecimento. Devido a extensas variações entre tais filosofias, é simplista considerar qualquer combinação destes pontos de vista como típica (veja A. O. Lovejoy, J. Philos. 5 (1908), nº 1, 5-12; ibid. 5 (1908), nº 2, 29-39). Todavia, a seguinte combinação pode ser tida como um exemplo. (1) O significado de uma proposição é identificado com seu significado experimental e prático, i.e., com a totalidade das experiências possíveis que ela prediz. (2) A verdade de uma proposição consiste na realização no decurso do tempo (passado, presente e futuro) de seu sentido. (3) A crença na verdade de uma proposição é garantida pelo grau com que ela tem sido testada na prática e se mostrado satisfatória (pela pessoa ou comunidade que possui a crença)."
A Teoria Pragmática da Natureza da Verdade (ponto de vista (2)) está intimamente relacionada com a Teoria Pragmática do Critério de Verdade (ponto de vista (3)), ainda que sempre é importante distinguir entre a Teoria da (a natureza da) Verdade e uma Teoria do Critério de Verdade. Esta distinção é familiar a matemáticos através dos trabalhos de Tarski, que enfatizou a correspondência como a natureza da verdade matemática e da provabilidade como o critério da verdade matemática. A demonstração de Tarski do teorema de Gödel explora esta distinção, notando que indefinibilidade aritmética da verdade aritmética (teorema da provabilidade aritmética), para implicar que verdade aritmética não é coextensiva com a provabilidade aritmética (A. Tarski, Logic, semantics, metamathematics, tradução inglesa, veja pp. 197-8, 246-54, Clarendon Press, Oxford, 1956; MR 17, 1171; segunda edição, Hackett, Indianapolis, Ind., 1983; MR 85e: 01065; Sci. Amer. 220, 1969, 63-77, especialmente pp. 69-77).
O artigo (Mikenberg, I., N. C. A. da Costa & R. Chuaqui, Pragmatic truth and approximation to truth, "The Journal of Symbolic Logic" 51,1986, pp. 201-221) propõe modificar a noção tarskiana, model-theoretic, de "uma sentença s é verdadeira em uma interpretação i"de modo que a noção resultante, matematicamente precisa, é fiel a uma das noções pragmáticas da verdade. De acordo com o artigo, o contexto completo para o uso apropriado das frases "pragmáticamente verdadeiro" e "pragmáticamente falso" vai além do contexto acima do uso apropriado, clássico, de "verdadeiro" e "falso" sob dois aspectos: (a) a interpretação i é parcial (não necessariamente total) e (b) existe relativização a um conjunto P de sentenças "estabelecidas". Em conseqüência, a noção a ser definida é expressa por "uma sentença s é pragmaticamente verdadeira em uma interpretação parcial i relativa a um conjunto P de sentenças". A condição necessária e suficiente proposta como definitiva é " s e as sentenças em P são simultaneamente satisfeitas por uma extensão total de i" . Grosso modo, de acordo com o artigo (p. 204), se uma sentença é pragmáticamente verdadeira, "ela salva as aparências".
Os autores constroem um sistema formal de dedução à la Gentzen para acompanhar as semânticas acima. Eles obtêm um teorema de completude e alguns outros resultados matemáticos, incluindo uma demonstração de um teorema sobre extensões de grupos semi-ordenados, que originalmente foi enunciado, sem demonstração, por Tarski em 1948. Há, também, aplicações ao problema em Filosofia da Ciência de explicar a idéia de uma teoria anterior ser uma "aproximação" de uma posterior, mais adequada.
O artigo não reivindica qualquer tentativa de erudição suficiente para mostrar que sua definição é fiel a uma idéia endossada por um filósofo pragmático. Seu objetivo definido é mostrar que idéias matematicamente rigorosas, refletindo o pensamento pragmático, possuem conseqüências matematicamente interessantes e construir uma extensão pragmática da Teoria Clássica de Modelos (J. Corcoran, MR 88c: 03006)".
Mikenberg, da Costa e Chuaqui, seguindo Tarski, sublinham que a definição de verdade pragmática ou de quase-verdade, como eles a conceberam, só pode ser feita com relação a uma determinada linguagem, interpretada em uma estrutura conveniente. Uma das grandes novidades dessa concepção reside no fato de que as estruturas nas quais a linguagem é interpretada não são estruturas totais, como no caso da teoria de Tarski, mas sim estruturas parciais.
Na Teoria Clássica de Verdade de Tarski, as linguagens são interpretadas em estruturas que, grosso modo, se compõem de um conjunto A, denominado universo da estrutura e de certo conjunto R de relações, envolvendo objetos de A. Essas relações são sempre definidas para todos os objetos de A: por exemplo, se tivermos uma relação binaria, em R, então, dados dois objetos x e y quaisquer de A, eles estão ou não ligados por essa relação. Na teoria de da Costa e Chuaqui isso não ocorre, pelas razões que passamos a expor: os objetos x e y de A podem estar ligados por uma relação de R, podem não estar ligados pela relação ou, finalmente, podem não estar definidos se eles não possuem a relação entre si.
A partir de estruturas parciais, como acabamos de descrever, e de conjuntos de sentenças básicas que expressam proposições de nossa experiência, verdadeiras ou falsas, de acordo com a Teoria da Correspondência, e de sentenças mais complexas, expressando proposições aceitas previamente, define-se o conceito de verdade pragmática de uma sentença por um processo parecido com o tarskiano e que se apoia no mesmo. O resultado, então, é o seguinte: uma sentença s é quase-verdadeira ou pragmaticamente verdadeira numa determinada região do conhecimento (ou numa estrutura) se tudo se passa nessa região (ou estrutura), como se s fosse verdadeira de acordo com a Teoria da Correspondência. Equivalentemente, uma sentença é quase-verdadeira num domínio se, e somente se, salvar as aparências desse domínio, ou seja, funciona.
A definição de quase-verdade generaliza a definição de Tarski e seus autores constroem uma teoria generalizada de modelos que encontrou várias aplicações em Lógica e em Matemática (cf. da Costa e Chuaqui (no prelo) e Mikenberg, da Costa e Chuaqui 1986).
O leitor facilmente percebe que a definição de quase-verdade satisfaz os principais requisitos a que uma definição de verdade pragmática parece condicionada. Especialmente notável é o fato de que a verdade pragmática é um processo de se salvar as aparências, quando não se conhece a verdade segundo a Teoria da Correspondência. Todavia, outras interpretações da Teoria da Quase-Verdade são possíveis, embora não tenhamos tempo para abordá-las aqui.
Algumas aplicações da quase-verdade
A quase-verdade, sobretudo em decorrência dos trabalhos de Mikenberg, da Costa e Chuaqui e French, encontrou variadas aplicações na Teoria da Ciência.
Chuaqui, da Costa e Mikenberg mostraram como a quase-verdade pode ser usada para se definir o conceito de aproximação à verdade de teorias científicas, verdade sendo usada aqui no sentido da Teoria da Correspondência. As noções formuladas têm um significado matemático intrínseco e podem ser aplicados, por exemplo, em Álgebra (Mikenberg, da Costa e Chuaqui 1986), etc.
Outras aplicações, devidas a S. French e N. C. A. da Costa, são as seguintes: a edificação de uma nova Lógica Indutiva (consultar da Costa em Erkenntnis e da Costa e French (no prelo)) à estruturação de uma nova Teoria Subjetiva de Probabilidade do realismo e do empiricismo (cf. French (no prelo)), etc.
Constata-se, portanto, que o conceito de quase-verdade não se mostra apenas importante por formalizar e precisar uma Teoria da Verdade como a pragmática, mas encontra numerosas aplicações nos mais variados domínios. Isto é sinal, segundo pensamos, de que a Teoria da Quase-Verdade se converterá numa das mais importantes teorias da Lógica atual (o surpreendente é que a quase-verdade acha-se correlacionada com a Lógica Paraconsistente (ver, por exemplo, da Costa 1989 e da Costa e Chuaqui (no prelo)).
Bibliografia
Esta bibliografia contém não apenas os artigos citados no texto, como também todos os artigos publicados ou em vias de publicação sobre o tema que conseguimos arrolar.
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Jair Minoro Abe é bacharel e mestre em Matemática Pura pelo Instituto de Matemática e Estatística da USP e doutorando em Lógica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.
Foi professor-visitante da Universidade de Shizuoka, no Japão, e atualmente é professor do IGCE-Unesp.
É, também, membro e coordenador do Grupo de Lógica e Teoria da Ciência do IEA/USP.
© 2007 Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo Av. Professor Luciano Gualberto, Trav. J - 37405508-900 São Paulo SP Brasil
Verdade e Consequência
A verdade é que o que fazes é consequência do que pensas. E o que pensas é consequência do que acreditas, do que te ensinam, do que aprendeste e do que ensinaste a ti próprio.A lição ainda não acabou. E aquilo que te ensinas hoje é consequência do que sonhas, do que queres, do que desejas.A verdade é que aprendes, que te ensinas a ti, cresces e melhoras todos os dias. E isso faz-te ficar mais próximo dos teus sonhos.A verdade é que a consequência dos teus sonhos é seres feliz, com cada um deles.Essa é a verdade, aceita a consequência. ( by Mário Rui Santos )