quarta-feira, 25 de julho de 2007

Recordando o Eterno.... 23/03/2006 14:39

Título : Reminiscências
Autor: Yan Ayrton


Desde de menino pequenino
Numa antecipada e incontrolada opção
maior – inadiável - do meu ser,

Que fragilmente começava à crescer...

( nasci com 6 meses,mirrado
e à matéria improvável :26cm e 0,8kg )....

Já na aurora dos cinco anos
Buscava nos livros
Todos eles e qualquer um
Que às minhas mãos chegassem

Recolhia ali neles
Alimento e fermento
para os meus sonhos...

Sentia-me diferente
-Tudo observava e queria saber

Numa curiosidade em moto contínuo
Sorver,beber,
Mas tb querer entender o ato de viver

Muitos isso de mim estranhavam
E me olhavam de um jeito
Surpreso e às vezes esquisito
A estranheza piorava com as coisas
que espontanamente eu falava
-Adequadas para um adulto -
Desconcertantes - para uma criança Yan

Tão baixinha,magrela e às vezes filosófica e tagarela...

Aprendi bem cedo à me proteger
De resguardar em mim o meu mundo mágico
Que alguns queriam zombar( e nem em mim deixar fikar ) de um modo trágico

Sentia-me diferente
Tive que ter professora particular
Tal era o vulcão em mim de aprender
Hoje adulto percebo

Que sentia-me um nostálgico renitente
Na Terra de novo residente
À procurar desde criança
Vc minha alma-par solar
O restante lindo de mim....!

Sentia-me com uma necessidade efervescente
De tentar entendero funcionamento do mundo]
O seu totum – transcendência,sofrimento,sentimento, -

acerto e desconcerto,

Onde vc nele estaria
Em que refúgio mágico ( uma montanha ? ) vc se situaria....

E assim eu crescia
Vc mais e mais crescia
E existia dentro de mim

Em éter, certeza e luz
No templo sagrado do Coração
onde se forja a mais lindaCasa cósmica Tão SUA....!!

E o mundo e as suas pessoas
desfilavam diante dos meus olhos
eu buscava uma menina – vc ...
que me faria uma criança de novo anjo

Eu via e me intrigava com o espraiado mundo
e o seu vasto estado profundo
parte em concerto reunidoe a maior parte em desconcerto de si ,

da vida
- num presente tenso à aquele presente -
desconcerto derramado de ttas almas
a maioria buscante em atitudes
às vezes nada calmas e contrárias a si,insatisfeitas, rebeldesdo
pq estarem de novo aki.

Os livros, alguns tentaram ser,
para-quedas para os meus sonhos
Ensinaram-me a Lógica,a Razão
O Discurso,o Insight heurístico,
A distinção filosófica e a Proposição
Mas qual o que?
NUNKACONSEGUIRAM ARRANCAR,ADIAR VC
DO MEU EM SUA BUSCA CORAÇÂO !

E ai me vejo na minha infância inicial e média,
ratinho de biblioteka que eu era,
ao passar noites após noites
e sábados inteiros nelas,
Comentários se faziam –
+ um nerd o mundo tinha !

( O esporte,natação e bike,
Foi o meu infante jeito de reagir à eles e elas..)

Parecia naqueles anos brasílicos pós-chumbo
Um pouko exagerado
Para um pirralhinho se 7 anos se instruir tanto?
(
aprendi a ler quando fiz quatro )

Esse Yan de bike de rotor amarela
E corpinho esfolado,suado e sujo de terra

Era um hacker cutucador,embatedor
nos preconceitos aceitos -(...nerds são alérgicos ao esporte,à vida lá fora....)

Eu era um molequinho desbravador :
-Do forjamento de força no físico
De desvendamento em mistério e sentido
No infinito à tentar entender
De que jeito eu poderia melhor ser

Alma ainda incompleta

De tudo de ti

Mas repleta de sonhos e sentido de missão
Neste universo,um palco muito,muito vasto....

Ede rasto em rasto,
De rosto em rosto,
Eu em tudo me alentava
E me levantava à cada novo dia
Levantava-me E orava -
Então saia
E abria as portas do mundo a ti buscar

E assim eu ia e ia, Eu te sabia realE
m tudo complementarSolar&Essencial

E neste sempre buscar
Eu nunka deixei o Cansaço
Ele me triunfar me anular,,,,

Vc a minha companheira solar
Guerreira do Bem e da luz
Que sempre eu senti faltar
Na integralidade À alma peregrina minha
SEMPRE EM SONHOS
SOUBE DE ALGUM GENEROSO JEITO O MAIS COMPLETO, LOUCO E PERFEITO
QUE VC EM ALGUM CANTINHO PLANETÁRIOVC BEM LINDA,LÁ EXISTIA....!

( Afinal de vidas juntas e intensas
Trascorridas em sintoniaHarmonia,energia-par e sabedoria )
Disso eu mais q pressentia ;
Esse nosso reunido estado
Era realmente euvc completo
Nós dois em enkantado trinário estado
DISSO EU BEM – LÁ DA MAESTRIA DA ETERNIDADE
DISSO EM BEM SABIAE EM POESIA
E ARTE ENGAJADA IMPLANTADORA DO AMOR EM REAIS CORAÇÕES
O RESTO DO MUNDO SABERÁ TB.....

Espero que a vida me fez
E tenha dotado a minha alma
de energia&alegria
De uma alquimia para o novo,
Para o Bem Para o Além
Que eu possa te merecer

E assim sem fim ao seu lado viver

Vibro em restituída luz
Sua luz doada à mim
Em puro AMOR SUPERIOR COM ESSE ILIMITADO FULGOR
EU ILUMINO OS MEUS DIAS VIVIDOS NUMA ALEGRIA
ATÉ ENTÃO DESCONHECIDA...DE TÃO ESPANTOSA E COMPLETA...

Tenho uma lamparina de Diógenes
E com ela em nossas mãos
E nos nossos corações que em um
Voltarão reunidos serem
Nós dois iremos viajá-la
Para um sem número de lugares e almas

Com a nossa arte levá-la
Via net,via estradas e ares,
Nos próximos cinqüenta anos aki
E em toda Eternidade ali nos vastos céus... , yan ayrton 23/11/2005.



DOIS SONETOS DE FLORBELA ESPANCA


NOTURNO

Amor! Anda o luar, todo bondade,Beijando a Terra, a desfazer-se em luz...Amor! São os pés brancos de Jesus Que anda pisando as ruas da cidade!
E eu ponho-me a pensar... Quanta saudade Das ilusões e risos que em ti pus! Traças em mim os braços duma cruz, Neles pregaste a minha mocidade!
Minh'alma que eu te dei, cheia de mágoas,É nesta noite o nenúfar de um lago Estendendo as asas brancas sobre as águas!
Poisa as mãos nos meus olhos, com carinho, Fecha-os num beijo dolorido e vago...E deixa-me chorar devagarinho...
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

OS VERSOS QUE TE FIZ

Deixa dizer-te os lindos versos rarosQue a minha boca tem pra te dizer !São talhados em mármore de ParosCinzelados por mim pra te oferecer.
Tem dolencia de veludo caros,São como sedas pálidas a arder...Deixa dizer-te os lindos versos rarosQue foram feitos pra te endoidecer !
Mas, meu Amor, eu não te digo ainda...Que a boca da mulher é sempre lindaSe dentro guarda um verso que não diz !
Amo-te tanto ! E nunca te beijei...E nesse beijo, Amor, que eu te não deiGuardo os versos mais lindos que te fiz.

FLORBELA ESPANCA

nasceu no Alentejo, em Vila Viçosa, a 8 de Dezembro de 1894.

Filha ilegítima de uma "criada de servir" falecida muito nova,

alegadamente de "nevrose", foi registada como filha de pai incógnito, marca social ignominiosa que haveria de a marcar profundamente,
apesar de curiosamente ter sido educada pelo pai e pela madrasta, Mariana Espanca, em Vila Viçosa,
tal como seu irmão de sangue, Apeles Espanca, nascido em 1897 e registado da mesma maneira. Note-se ainda que o pai, que sempre a acompanhou, só 19 anos após a morte da poetisa a perfilhou, por altura da inauguração do seu busto em Évora, debaixo de cerrada insistência de um grupo de florbelianos.
Estudou em Évora, onde concluiu o curso dos liceus em 1917. Mais tarde vai estudar para Lisboa, frequentando a Faculdade de Direito. Colaborou no Notícias de Évora e, embora esporádicamente, na Seara Nova. Foi, com Irene Lisboa, percursora do movimento de emancipação da mulher.
Os seus três casamentos falhados, assim como as desilusões amorosas em geral e a morte do irmão, Apeles Espanca (a quem a ligavam fortes laços afectivos), num acidente com o avião que tripulava sobre o rio Tejo, em 1927, marcaram profundamente a sua vida e obra.
Em Dezembro de 1930, agravados os problemas de saúde, sobretudo de ordem psicológica, Florbela morreu em Matosinhos. O seu suicídio foi socialmente manipulado e, oficialmente, apresentada como causa da morte, um «edema pulmonar».
Com a sua personalidade de uma riqueza interior excepcional, escreveu os seus versos com uma perturbação ardente, revelando um erotismo feminino transcendido, pondo a nu a intimidade da mulher, dando novos rumos à consciência literária nascida de vivências femininas.
A sua Poesia é de uma imensa intensidade lírica e profundo erotismo. Cultivou exacerbadamente a paixão, com voz marcadamente feminina sem que alguns críticos não deixem de lhe encontrar, por isso mesmo, um "dom-joanismo no feminino".
O sofrimento, a solidão, o desencanto, aliados a imensa ternura e a um desejo defelicidade e plenitude que só poderão ser alcançados no absoluto, no infinito, constituem a temática veiculada pela veemência passional da sua linguagem. Transbordando a convulsão interior da poetisa pela natureza, a paisagem da charneca alentejana está presente em muitas das suas imagens e poemas.
Florbela Espanca não se liga claramente a qualquer movimento literário. Próxima doneo-romantismo de fim-de-século, pelo carácter confessional e sentimentalista da sua obra, segue a poética de António Nobre, facto reconhecido pela poetisa. Por outro lado, a técnica do soneto, que a celebrizou, pode considerar-se influência de Antero de Quental e de Camões.
Só depois da sua morte é que a poeta viria a ser conhecida do grande público, tendo contribuído para isso, inicialmente, a publicação de Charneca em Flor (1930) pelo professor italiano Guido Batelli.
Na Enciclopédia Larousse, esta poetisa é definida como «parnasiana, de intenso acento erótico feminino, sem precedentes na Literatura Portuguesa. A sua obra lírica, iniciada em 1919, com o Livro das Mágoas, antecipa em seu meio a emancipação literária da mulher».
No entanto, Florbela Espanca teve um “frio acolhimento” durante toda a sua conturbada vida. As críticas contemporâneas sobre a sua poesia podem facilmente colocar-se em extremos opostos, desde: versos imprimidos de “toda a ternura, todo o sentimento de uma alma de mulher”, “verdadeiro mimo”, ou, por outro lado, “escrava de harém”, “lábios literariamente manchados”, “um livro mau, um livro desmoralizador”.Vacilando entre a moral e o preconceito, a beleza própria da poesia de Florbela recebeu pouco mais do que incompreensão, em vida e manipulação em morte, durante cerca de 40 anos. Atente-se que até no plano político Florbela foi declarada inimiga do Estado Novo.
A ficção manipulada por Battelli na onda de sensacionalismo gerada no ano seguinte ao seu suicídio, só em 1979 conhecerá melhor esclarecimento, quando Augustina Bessa-Luís escreve Florbela Espanca, a vida e a obra recorrendo diractamente ao estudo do espólio. ("Florbela Espanca",. Lisboa: Arcádia, 1979; 3ª ed., Guimarães, 1998)
Parece incrível como a intimidade pode ser ficcionalizada e sustentada até que José Régio, Jorge de Sena e Vitorino Nemésio se dedicaram à imagem política e poética, quase como uma frente de libertação, para trazer a verdadeira Florbela e a poeta que deve ser lida pelo que deixou em texto, sem vínculos com sua vida particular.
Com ou sem escândalo, ou fascinação pelo escândalo; com ou sem histórias de atribulações novelescamente ligadas a uma sucessão de três casamentos infelizes, a perdas familiares dolorosas e à incompreensão constante na sua vida, o que fica é a voz poética da "alma gémea" de Fernando Pessoa, autêntica, feminina e pungente.

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