sexta-feira, 27 de julho de 2007


Extraído o meu anterior ( e limitado emrecursos informáticos flog )



Um ser muito especial... 10/04/2006 12:09

Um tributo ao anjo maior da Luz do Pai :



Chico Xavier –

Bondade /Amor

Quem é bom, doa-se para quem vive...
Quem ama, vive para se doar;
Quem é bom, suporta a ofensa...
Quem ama, esquece-a;

Quem é bom, compadece-se do próximo...
Quem ama, ajuda-o;
Quem é bom, começa e acaba...
Quem ama, começa para nunca mais acabar;

Quem é bom, sorri...

Quem ama, faz sorrir;

Quem é bom, ajuda quando está perto...
Quem ama, sempre está perto para ajudar;


Quem é bom, não condena...

Quem ama, recebe o condenado;

Quem é bom, não faz mal a ninguém...


Quem ama, faz o bem a quem lhe faz mal;

Quem é bom, desce até os outros...
Quem ama, faz os outros subirem;


Quem é bom, sobe conosco ao calvário...

Quem ama, supliciou por nós na cruz.
Ectoplasma saindo da boca do médium Antônio Alves Feitosa e formando a aparição de Irmã Josefa, em Uberaba, 1965, na presença de Chico Xavier. Otília Diogo também aprticipou, e se encontrava sentada dentro da cabine.

Vc foi tudo isso mineiro cósmico e solar



A tanto e sempre nos iluminar inspirar



e mostrar-nos como Deus age nas infinitas facetas e sutilezas da vida :



Francisco Cândido Xavier
Feliz é o planeta por onde estiveste
O meu ser da sua luz se reveste

Sempre muito obrigado Chico !
Sua vida é uma Universidade de Luz Yan Ayrton

eternamente grato à ti..Chico...esse poço sem fundo virado para o céu
iluminado de sua sabedoria,bondade e sábia renúncia às glórias do mundo.


..Siga seu sentimento mais puro
e conhecerá o verdadeirosignificado do Amor, *** Jesus , O Cristo.***

Do excepcional , brilhante e corretíssimo livro
AS VIDAS DE CHICO XAVIER de Marcel Souto Mayor
que deveria ser leitura obrigatória e permanente para todo ser realmente inteligente : pgs 151-152

“ Chico ainda tinha muita história para contar.Como a da lagarta,que sempre dizia : - Esqueçam esta ilusão de que nós podemos voar.Isto é tudo mentira.Um dia, ela virou borboleta e saiu por aí batendo asas.
E os pássaros, coitados ? Eram sa criaturas mais infelizes do mundo quando Deus criou a Terra . Moravam no chão e bastava uma chuva para suas asas ficarem ensopadas e eles , pesados , serem devorados por outros animais.
A situação era insustentável. Eles se organizaram, formaram uma comissão, estufaram as penas e decidiram pedir socorro ao Todo-Poderoso.
Deus Ouviu e Disse :- Vcs foram as únicas criaturas as quais dei o céu. Por que não usam o dispositivo esculpido em seus corpos ?- Que dispositivo ? – perguntou um dos defensores da categoria.- As asas.
De imediato Deus ensinou os interlocutores a abrir o par de asas, tão inconveniente nas chuvas, e eles sairam voando felizes da vida. “




Agora Yan : Os homens tem asas mas a maioria não se dá conta disso.I
mpregnam-se na materialidade ,na frivolidade ,
na competição invejosa por objetivos tolos e insensatos.
Deixam-se devorar progressivamente pela mediocridade, o egoísmo e a escuridão...

Alías tecem eles mesmo essa escuridão.

E a psicoesfera planetária mais se reveste dela.

Quando realmente se lembrarem-se do seu Criador e O buscarem em sinceridade e verdade
aí poderão lembrar das asas que sempre tiveram
e poderão finalmente buscar o seu real destino de forma livre e elevada
numa viagem q se chama Vida.

Resolvi escrever algo dentro do misticismo e da teologia a mais pura....
à Grande Fraternidade Cósmica dos Mestres Ascencionados
a eles reverencio-me ao infinito....

obrigado Cristo por reinstaurar o Universo do Pai no Homem .

Título : A ÁUREA BUSCA DA ETERNA SABEDORIA

Autor >> YAN AYRTON

Para o meu tão amado ser do meu ser Rafael
a quem Deus me confiou ...

A regra áurea iluminada
Em todo o Cosmo ressoa
Baliza,sinaliza e expressa que

“ FAÇAIS AOS OUTROS
INDISTINTA E PERSISTENTEMENTE
TUDO AQUILO QUE
ESPERAS QUE FAÇAM POR TI “

Nesse ensinamento
A eterna ÉTICA do BEM e da LUZ
Concentrada ela fulgura
e emoldura a mais pura Verdade

Que traz claridade à qualquer viver
E A + FELIZ ETERNIDADE.

E faz o SER bem vencer
O orgulho e o erro

A escuridão e a solidão
E a enganosa ansiosa razão
A tudo deter
O humano aprendiz
Como um esfarelado giz
A nada escrever na Luz.

Luz bendita,em tudo infinita
Primordial e plural
Absoluta e total
Do conviver infinito
Nos planos espirituais
Tão colossais
Em dimensões fenomenais
Indistintas e intrínsecas
DO CORAÇÃO DO PAI!

E com esta bússola em meu ser
Esse preceito áureo
A ser meu cajado
Sustento,força e luz

Lá vou eu andarilho
Inspiração buscar
E então



Fecho meus olhos
Límpidos e plenos a assim me doarAo universoTão diverso

Debruçar-me e prescutar
O além infinito
Tão mais bonito
Essa descomunal pluri dimensão esfinge que eu fito ,
embavecido meio contrito

Bela,Poderosa.Gloriosa
Me atinge
meu eunão restrito.
A buscar

Ao âmago
me remeter
E nenhum medo
Ou atrito
A me deter
Nesta instãnçia
De absoluta procurãnciaINFINITA....

Ali eu caminho !!

O meu ser
Tranqüilo, sereno
Permite-se

Refugiar-se
Em sonhos e luz
Em mistério nada pequeno
-contemplar, adentrar

E bem alino reino onírico
deixar-se fikar e estarl
iberto do Tempo,
solto no vento
do consciente flutuar

Assim em eterna busca de mim

disparei a planar

célere a voar
a tentar acessar
com uma curiosidade menina
na minha procura ingente,
sempre presente
inerente a mim,
imanente, e tão permanente!


À minha sabedoria ainda tão pequenina

numa devotada perquirição

(e centrada,obstinada construçãode cada faceta dela)

Segue ali

No ilimitado ,

No bardo iluminado

Transitado
Pelos Mestres de Luz


A minha alma

sem pressa

em pura festa ,
naqueles interstícios de penetrante Conhecimento ,
compelida a buscar,
impelida a tentar descortinar
naquela inefável leveza criança
do meu ser
buscando crescer
Levitando -me
nas múltiplas moradas do Pai


Buscando com todas as forcas do meu ser

encontrar

Naquelas paragensde pura luz

onde se ressoa inexedivel

Amor includente

E a mais gloriosa

E poderosa
Grandiosa e sublime PAZ !


E lá assombrosos estão

Os Registros Akásicos -
onde toda a verdadeira
historia pessoal e coletiva da Humanidade
se encontra registrada
nos mais minuciosose desvendadores detalhes !


Orei para que alguma réstia daquela fulgurante Sabedoria
me fosse acrescentada
segundo o meu merecimento caso o tivesse....

E ao acordar
Daquela meditação
Fikou me o sentimento
A cálida impregnação


Daquele espantoso lugar

(Chamado por Paulo de Tarso O segundo Céu )

A me acalentar, iluminar
A me todo mostrar


De forma sublime

de que a unika revolução Possível

Para nós homens GERMINAR

Eh a de buscar
No mais essencial,absoluto
e decisivo esforço de cada ser


a Transmutação do egoísmo

do exclusivismo
do enganoso Poder à poder de astúcia,
e sangue ,da mentira,do engodo,
manipulação humilhação,perfídia,
terror,horror e dor,que insano
EM TUDO QUER-SE HUMANO
Em sofisticada,desnorteada
atribulada cegueira
por ai planetariamente diariamente campeia


a tentar adiar em puro obscuro Odiar

e até tentar anulara Divina Essência e


o infinito e sublime Destino de Evolução Angélica em nós!!!!

HÁ que se buscar
Sempre e sempre
Desde o nosso nascer
De uma origem divina e linda


O nosso DIVINO DESTINO

De um mais ser VIR REALMENTE A SER

E todo merecer
O AMOR GLORIOSO DO PAI


Que nos criou À sua imagem,Semelhança

E filial identidade


PARA EXPRESSAR A SUPREMA FELICIDADE

DE UM SÓ COM ELE SER!!!!

Este eh o Graal
Da iluminação final do Ser !


A regra Áurea áurea
“ FAÇAIS AOS OUTROS
INDISTINTA E PERSISTENTEMENTE
TUDO AQUILO QUE ESPERAS QUE FAÇAM POR TI “ conduz


Na mais tranfiguradora alkimia e luz

Ela fulgurante produz

A PLENITUDE INTEGRAL DO SER.

A Vida sem morte
A VIDA DENTRO DE DEUS . Yan Ayrton


PS: Talvez essa seja a minha contribuição poética, filosófico-teológica sintética mais intensa que eu já escrevi.

Muito obrigado a vc meu infatigável e ultra-bondoso anjo de guarda.

Obrigado pela clareza,pela possibilidade de ressoar,reverberar esta atemporal Realidade.

Obrigado de novo Forças de Luz do Universo , estou a estar de coração bem grato de novo à ti por me ter sugerido tão espantoso,simbólico e libertador tema, dilatando a essência da consciência de nós dois e de qualquer um que pela Regra Áurea preservar sempre à trilhar. e vive-la... .CL,madrugada inicial de setembro. YAN AYRTON

O Brasil religioso

Dossiê da revista Estudos Avançados analisa o comportamento religioso do brasileiro, cada vez menos católico, luterano e umbandista, e cada vez mais evangélico

Nesta quinta-feira (16), às 17h30, na sede do Instituto de Estudos Avançados da USP, a contadora de histórias Dôra Guimarães vai contar o conto “A terceira margem do rio”, de Guimarães Rosa, e declamar o poema “A máquina do mundo”, de Carlos Drummond de Andrade.

Assim, em prosa e verso, será aberta a cerimônia de lançamento do número 52 da revista Estudos Avançados, que desta vez traz o Dossiê Religiões no Brasil, um tema que interessa a toda a população e costuma gerar apaixonados debates e polêmicas.

Segundo Marco Antônio Coelho, editor executivo, não são as questões teológicas que interessam no momento, mas as religiões do ponto de vista da realidade social: seu impacto na sociedade, quais as que mais crescem ou mais perdem seguidores, quais apresentam elementos novos, como é o caso da Renovação Carismática Católica, ou permitem reflexões sobre a relação entre religião e ciência, tema do professor Eduardo R. Cruz, da PUC-SP, que é ao mesmo tempo filósofo e cientista da área de física nuclear.

Não serão, em regra, teólogos os autores dos estudos apresentados, mas professores de reconhecida competência, oriundos de várias áreas do conhecimento, notadamente cientistas sociais, tanto da USP como de outras universidades brasileiras, que em alguns casos acabaram atuando quase como editores associados. À PUC do Rio de Janeiro, em particular, o IEA deve a permissão de uso do Atlas da filiação religiosa e indicadores sociais no Brasil, do qual foram tirados mapas, impressos em encarte. Os editores não abriram mão de partir de dados do IBGE, que fundamentam quase todos os estudos constantes do dossiê. Houve também um esforço para recuperar tesouros do passado, a exemplo do estudo de Vivaldo da Costa Lima sobre o candomblé da Bahia na década de 1930, publicado em livro há 20 anos. Foi necessário negociar com o autor, já aos 90 anos, cortes e adaptações.O dossiê exigiu quatro meses de trabalho, mas Marco Antônio Coelho ainda não ficou plenamente satisfeito com o resultado. Reconhece algumas falhas, notadamente a falta de um levantamento da presença no Brasil do islamismo e também do judaísmo. Pelo censo, os muçulmanos são pouco numerosos no País, cerca de 20 mil. Eles não devem ser confundidos com os árabes em geral, que também podem ser católicos (principalmente os sírio-libaneses), maronitas ou ortodoxos gregos. As lacunas observadas nesta edição poderão ser sanadas posteriormente, segundo o editor executivo.

País em mutaçãoMas, afinal, qual é a maior novidade no Brasil religioso? O recenseamento demográfico de 2000 não apenas confirma a tendência observada ao longo da década anterior (1980-1991), mas revela a sua aceleração: os católicos perdem 9,4 pontos porcentuais e representam agora 73,9%, ou seja, três quartos da população do País. Ao contrário, os evangélicos crescem 6,6 pontos, sendo os pentecostais o principal fator dessa transformação. Do mesmo modo, os sem-religião cresceram 2,7 pontos, representando agora 7,4% da população.Segundo o primeiro texto do dossiê, até 1980 o Brasil era maciçamente católico. Apenas em Rondônia os evangélicos representavam 17,2% da população, sendo 7,7% de evangélicos de missão e 9,5% de pentecostais. Fenômeno parecido se observa em outras regiões da Amazônia — Acre, Amazonas, Pará, Amapá e Mato Grosso. A diversidade religiosa dizia respeito a algumas regiões e estava ligada principalmente à colonização (alemã): Espírito Santo e Sul do País.Outro fenômeno identificado no mapa— continua o texto assinado por César Romero Jacob e outros — é a participação significativa de várias cidades grandes no movimento de diversificação religiosa: Recife, Salvador, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Curitiba, a periferia de São Paulo e, sobretudo, o Rio de Janeiro. A diversificação nas metrópoles se dá por um duplo movimento: avanço rápido do pentecostalismo e aumento no número de pessoas que se declaram sem religião. Os dados do IBGE indicam que somente alguns bastiões da Igreja Católica ainda resistem ao processo de diversificação religiosa, o que se observa principalmente no sertão nordestino e na maior parte de Minas Gerais, mas também no interior do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.Para o professor Antônio Flávio Pierucci (Sociologia-USP), “do específico ponto de vista de uma demografia religiosa, o início do século 21 vem bater como um momento de despedida. Hora de adeus — mais uma! — em que nos afastamos um pouco mais, agora mais aceleradamente e muito mais inapelavelmente, de um certo Brasil tradicional, vale dizer, do que ainda resta de Brasil tradicional no campo das religiões em nosso território... Não à toa, a antiga reza católica do Glória ao Pai concluía em palavras desejantes: ‘Assim como era no princípio, agora e sempre por todos os séculos dos séculos, amém’. Não é mais assim. Isso está acabando. Bye, bye!”.Mas a crise de tamanho não atinge só a Igreja Católica; mais duas religiões tradicionais vão perdendo adeptos: o luteranismo, a primeira das formações do antigo protestantismo a se enraizar em solo brasileiro, com as levas de imigrantes alemães no início do Império; e a umbanda, segundo Pierucci, “celebrada em prosa e verso, em música e letra, como ‘a’ religião brasileira por excelência, primeira e única, misturada mas genuína”. Apesar da incensada brasilidade, a umbanda começou a entrar em refluxo já na década de 1980 e desde então não parou de encolher aos poucos. Enquanto isso, o candomblé cresce significativamente.Segundo anota Pierucci, no maior país da “América católica” o número de evangélicos saltou de 13. 189.282 fiéis em 1991 para 26.210.545 em 2000. Tamanho duplicado

Deus é fielEmbora o dossiê da revista do IEA seja sobre a religião no Brasil, traz também reflexões sobre fatos observados em outros países, com ou sem a intervenção de brasileiros, que ajudam a entender a situação nacional. Assim, Emerson Giumbelli (UFRJ) analisa o significado do comportamento do torcedor da seleção brasileira de vôlei, na Olimpíada de Atenas, que depois da vitória desfraldou uma bandeira brasileira que continha a inscrição “Deus é fiel”. A frase, comum nas competições domésticas, é um dos indícios da religiosidade pública, algo que se associa à expansão dos evangélicos nas últimas duas décadas no Brasil e ao seu impacto social e político. No mesmo dia, um dos destaques do noticiário era o seqüestro de ocidentais por um grupo militante no Iraque. O caso envolvia jornalistas franceses. Os seqüestradores ameaçavam matá-los caso as autoridades francesas não revogassem a lei que proíbe o uso do véu muçulmano em escolas públicas. A certa altura, o autor do artigo observa que “as evidências de que a religião se tornou incontornável na atualidade não estão apenas nos noticiários, mas também em debates que colocam em questão as relações entre Estado, religião e sociedade”. Ele acompanha o trabalho da Comissão sobre a Laicidade — criada em 2003 pelo governo francês e formada por 20 membros (incluindo o intelectual Alain Touraine) — e analisa o seu relatório, que teve repercussões e consequências importantes. Em resumo (que não é do autor do artigo), o Estado francês aproveitou em parte as sugestões da comissão. No entanto, se pretendia reforçar a independência dos poderes civil e religioso, acabou funcionando como fator direto de intervenção no campo religioso. Entre as medidas anunciadas nesse sentido estão a criação de uma escola nacional de estudos islâmicos, a habilitação de capelães muçulmanos em instituições coletivas em regime de internato, a adequação de estabelecimentos públicos para atender a exigências religiosas em matéria de alimentação e rituais funerários, e a inclusão de mais dois feriados no calendário nacional francês, correspondentes a datas sagradas no judaísmo e no islamismo.

Acredito, uai Um texto assinado por Alexandre Cardoso (UFMG) conta a história de uma pesquisa realizada nos anos 2001 e 2002 em Belo Horizonte e que funcionaria como projeto piloto para outras pesquisas semelhantes em Pequim, Varsóvia, Cidade do Cabo e Detroit, neste ano. Alguns grupos dirigidos por professores da UFMG planejaram a pesquisa, cada um no seu tema. Na questão religiosa, os pesquisadores queriam obter dados não apenas sobre o “pertencimento religioso” das pessoas, mas também sobre seus envolvimentos institucionais com as igrejas e mágicos “profissionais”, bem como sobre o universo das crenças mágico-religiosas e até mesmo de poderes mágicos que admitissem ter.

Foi dada aos entrevistados uma relação de palavras, ou coisas sobre as quais deveriam se manifestar, tais como Deus, Bíblia, demônio, Nossa Senhora, santos, poder das orações, espírito, feitiço, horóscopo e seres extraterrestres. Algumas conclusões iniciais da pesquisa, adiantadas pelo autor do estudo: “Diríamos, pelos nossos dados, que a diversidade é relativa e amplamente dominada pelas tradições cristãs. Com efeito, concedendo-se que a crença em espíritos pode ser integrada ao cosmo cristão, esse perfez 80,1% das crenças admitidas na amostra”. Entre os mineiros, 52% assistem, assistiram ou estão dispostos a assistir a uma missa (porcentagem que Cardoso considera pequena demais para a mais católica das capitais brasileiras); 39% frequentam, freqüentaram ou estão dispostos a freqüentar um culto evangélico (número maior do que se poderia imaginar); 18,8% se declaram dispostos a participar de reuniões espíritas (número alto, que pode indicar uma peculiaridade do mineiro ou do belo-horizontino); 15,3% disseram que já recorreram a serviços de astrólogos, cartomantes, mães e pais-de-santo, ou algum tipo de vidente (caso a investigar e avaliar o poder da magia entre os brasileiros). Os dados indicam ainda que aproximadamente um terço das pessoas da amostra acredita possuir o dom da premonição; um sétimo, o da mediunidade e praticamente todas, o da fé. Tudo isso, segundo o autor do texto, denota fortíssimo componente mágico em nossa religiosidade, com implicações importantes. Luiz Alberto Gómez de Souza (sociólogo atuante no Rio de Janeiro, antigo militante da Ação Católica) escreve sobre “As várias faces da Igreja Católica”, ressaltando as datas históricas, os movimentos transformadores e as personagens de maior destaque em cada período: 1922 e seguintes (Centro Dom Vital, Ação Católica, Tradição, Família e Propriedade ); 1932 (Ação Integralista Brasileira); 1930 a 1945 (Dom Hélder Câmara e os movimentos católicos da juventude); 1952 (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil); 1960 (Movimento Educação de Base); 1956 (Sudene, com a participação da Igreja); 1964 (golpe militar, Igreja dividida). Segundo Souza, a Igreja Católica vive hoje uma contradição interna e ele conclui : “Talvez, hoje, estejamos mais próximos da Igreja do começo dos anos de 50, final do pontificado de Pio 12, do que dos tempos do Papa João 23 e do Vaticano 2o”.

Carismáticos Se a Igreja Católica vai perdendo fiéis, é certo que uma parte dela cresce e atua com vigor nunca visto. É a Renovação Carismática Católica (RCC), que piedosamente se opõe às Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e ao estilo da igreja que surgiu na fase áurea das teologias inspiradas na Libertação. Segundo Edênio Valle (PUC-SP), a RCC é a principal representante de um segmento que tenta levar a Igreja Católica a assumir um caráter mais intimista e pietista que social, negligenciando o seu papel na sociedade. O autor argumenta que os carismáticos são decorrência da norte-americanização da cultura brasileira. “Constato que o way of life dos americanos atingiu praticamente todos os aspectos e estilos de nosso modo de viver, comer, trabalhar e usar o tempo livre... O comportamento religioso brasileiro não poderia escapar à pressão global que nos chega do poderoso irmão do Norte.” Valle acrescenta que esse lídimo produto norte-americano “tem progenitores ianques pelos seus dois lados, pelo do pai (o pentecostalismo) e pela mãe (o catolicismo americano em busca de novas vias de expressão)”. Outra influência teria sido dos Cursilhos da Cristandade, movimento espanhol que introduziu na igreja técnicas fortes que mexem com o emocional do grupo. Se aparentemente as práticas dos carismáticos se confundem com as dos pentecostais, a RCC soube introduzir elementos de diferenciação, notadamente os que os seus adeptos chamam “as três brancuras”, isto é, Nossa Senhora, a Eucaristia e o papa. Com isso, diz o autor do estudo, a identidade católica da RCC foi garantida e é reforçada agora por três armas de extraordinário poder de fogo: a centralidade da Bíblia e de Jesus Cristo, a manifestação livre de carismas na comunidade em festa e as curas e exorcismos, vistos como comprovação do poder de Deus. A RCC está organizada em todo o País e possui uma máquina que funciona dentro de razoáveis padrões de modernidade. Nesse contexto, foi importante o surgimento de figuras carismáticas de grande prestígio na mídia. Os mais conhecidos, lembra Valle, são os padres cantores, os fundadores de organizações e os pregadores de TV ou rádio. “O católico médio, hoje em dia, dificilmente saberá o nome do presidente da CNBB, mas todos sabem quem é o padre Marcelo.” Ainda sobre esse padre, o autor do artigo diz que o acordo entre o sacerdote e a Globo permitiu que realizasse uma grande proeza, a de reunir em um mesmo lugar 2 milhões de pessoas para um culto religioso, sem esquecer que leva a sua mensagem a outros milhões de telespectadores pela televisão. E acrescenta: “Esse efeito extraordinário não pode ser explicado apenas pelo talento evangelizador do padre Marcelo”. Edênio Valle considera que as congregações religiosas, o mais importante esteio da Igreja Católica no passado, encontram dificuldades em se adaptar às exigências de um “mercado religioso” dominado pelos carismáticos. “Suas obras tradicionais (colégios, hospitais, instituições sociais, paróquias) se tornam verdadeiros elefantes brancos que apresentam sua resposta aos desafios presentes da evangelização.” Sobre a expansão pentecostal no Brasil escreve Ricardo Mariano (FFLCH-USP).

Principal igreja nessa modalidade, a Universal do Reino de Deus, fundada por Edir Bezerra Macedo, teve expansão recorde: entre 1980 e 1999, o número de templos cresceu 2.600%. Desde o início, o pastor adotou a evangelização eletrônica como carro-chefe de sua estratégia proselitista e não demorou muito para comprar, em 1990, a Rede Record. Com tendência liberalizante, a igreja só não tolera a prática do fumo, do álcool, das drogas e do sexo extraconjugal. Houve tempos em que se desencadeou uma série de críticas e acusações ao missionário, em razão de seus métodos heterodoxos de arrecadação, agressão física contra adeptos dos cultos afro-brasileiros e investimentos empresariais milionários.

O bispo chegou mesmo a ser detido pela polícia quando tentava embarcar para o exterior levando muitos dólares cuja origem não conseguia explicar convincentemente. MIGUEL GLUGOSKI

em : Jornal da USP . 13 a 19 de dezembro de 2004 de : www.usp.br/.../arquivo/2004/jusp711/pag1011.htm


MATERIALIZAÇÃO DE ESPÍRITOS dom, 16 de julho, 2006

A materialização de espíritos é um dos aspectos mais interessantes estudados no espiritismo, mas não é "propriedade" desta doutrina em particular. A vinculação se deu porque, nos primórdios do espiritismo, ainda na França, o fenômeno foi muito estudado e ganhou publicidade e respaldo de cientistas, que viam no espiritismo um novo ramo da ciência. Antes disso, os fatos a esse respeito eram vistos com reservas e segredos (e depois disso também, aliás, e o melhor exemplo é o Museu das Almas do Purgatório, ( clike para acessa-lo) pertencente à Igreja Católica e que quase nenhum católico conhece).
Em ocasiões especiais (e não me perguntem quais, pois ainda não sei) um espírito faz-se visível a nós, encarnados, sem a necessidade de um médium. Algumas vezes só para uma pessoa, como o que eu vi (e pode ser o caso dessa pessoa ter uma mediunidade aguçada), outras vezes para todos, indistintamente. O processo envolve uma "baixa" na vibração do corpo espiritual, grosso modo como um disco de cores do Newton, que ao diminuir sua rotação podemos divisar as cores que até então não víamos. Para o caso dos espíritos, ainda não há uma explicação científica aceitável, mas pelo que se sabe isso envolve a reunião dos fluidos vitais (algo parecido com a nossa "energia animal") de um médium ou de um grupo de pessoas para tornar o espírito um pouco mais... "vivo".
Em outros casos, o espírito utiliza-se de uma "cobertura" de ectoplasma, um líquido viscoso produzido pelo corpo e que sai de dentro do médium por TODOS os orifícios (urgh) e por algum motivo é moldável com o pensamento. Achou que isso só existia no filme Os Caça-Fantasmas? ERROU! A matéria que compõe o (saudoso) Geléia foi batizada por Charles Richet de Ectoplasma (do greo ektós, fora, exterior, e Plasma). É uma substância viscosa, esbranquiçada, quase transparente, com reflexos leitosos, evanescente sob a luz, e que tem propriedades químicas semelhantes às do corpo físico do médium, donde provém. Quimicamente, ela possui muita semelhança com a massa protoplásmica, é extremamente sensível a eletricidade e magnetismo, podendo ser moldável pelo pensamento e vontade do médium que o exterioriza, ou dos Espíritos desencarnados, podendo assim eles atuarem sobre a matéria.
O aspecto diáfano e pouco detalhado dessas aparições se caracteriza pela própria natureza da materialização ectoplasmática: é como se você embrulhasse uma comida com um filme plástico, só vai ser vista as formas grosseiras, nunca os detalhes. Outro método dos espíritos deixarem suas marcas é mergulhando a "mão espiritual" deles em cera quente. O resultado é que aparece DO NADA o molde de uma mão, ou uma rosa (eu já vi uma rosa dessas num centro espírita) ou qualquer coisa que o espírito plasmar com o pensamento.
Vários médicos e cientistas analisaram, à época de Kardec, o fenômeno da materialização. Vários métodos para evitar fraudes, muitos humilhantes para o médium (como amarrá-lo e deixá-lo nu) foram feitos, e mesmo assim as materializações ocorriam. Já em 1870, o conceituado físico e químico inglês William Crookes, descobridor do elemento "Talio" (TI) e membro da Sociedade Real Inglesa, estudou o fenômeno. Tudo começou quando o cientista decidiu acabar de vez com aquela idéia absurda de que "espíritos" poderiam se materializar. "Vou provar tratar-se de uma ilusão vulgar", anunciou. Mais de três anos após o início de suas pesquisas, Florence Cook - uma médium de 17 anos considerada um fenômeno na sua época, mas que havia sofrido denúncia de fraude - ofereceu-se a Crookes e sua esposa para ser pesquisada, aceitando quaisquer condições. O relatório escrito pelo cientista era quase uma heresia. A adolescente, quando em transe, liberava tanto ectoplasma que dava vida a uma outra forma feminina: Kate King, capaz de andar e falar por mais de duas horas seguidas. Florence era baixa e morena. Kate era alta, loura e aparentava ter 35 anos. O relato era minucioso e apresentava até as pulsações, completamente diferentes, da viva e da morta. Para arrematar, Crookes, anexou à sua narrativa 48 fotografias.
Segundo Gabriel Delanne, "William Crookes foi, na Europa, o primeiro cientista que teve o valor de comprovar, escrupulosamente, as afirmações dos espíritas. Muito cético, a princípio, suas investigações o conduziram progressivamente à convicção de que esses fenômenos são verdadeiros e não titubeou um único momento em proclamar, em alto e bom som, a certeza em que resultou o seu trabalho. A partir de então outros pesquisadores o seguiram, como Alfred Russel Wallace, Oliver Joseph Lodge, Frederic William Myers, Richard Hodgson seguem pela senda aberta. Na Alemanha, cientistas eminentes como Friedrich Zöllner, Weber, Ulrici, o dr. Frièze e Carl Du Prel rendem-se à verdade que passam a defender. Na Rússia, Aksakof e Butlerof (da Universidade de São Petersburgo). Na Itália, o professor Falconer, Chialia, Broffério, Finzi, Schiaparelli e o próprio César Lombroso são levados a confessar a exatidão dos fenômenos que antes punham em dúvida. Na França, Gibier, Richet, De Rochas e Camille Flamarion comprovam a mediunidade de Eusápia Paladino."
Flamarion, conceituadíssimo astrônomo francês - para muitos cientistas considerado o "Carl Sagan do século XIX" - conterrâneo e amigo pessoal de Allan Kardec, afirmou:


"Porque, senhores, o Espiritismo não é uma religião, mas uma ciência, da qual apenas conhecemos o ABC. O tempo dos dogmas terminou. A Natureza abarca o Universo. O próprio Deus, que outrora foi feito à imagem do homem, não pode ser considerado pela Metafísica moderna senão como um espírito na Natureza. O sobrenatural não existe. As manifestações obtidas através dos médiuns, como as do magnetismo e do sonambulismo, são de ordem natural e devem ser severamente submetidas ao controle da experiência. Não há mais milagres. Assistimos à aurora de uma Ciência desconhecida." (...)


"Aquele cuja visão é limitada pelo orgulho ou pelo preconceito e não compreendem esses desejos ansiosos de nossos pensamentos, ávidos de conhecimentos, que atirem sobre tal gênero de estudos o sarcasmo ou o anátema! Nós erguemos mais alto as nossas contemplações!"


Estranho que as mentes mais brilhantes de sua geração tenham sido enganadas em diversos países com jogos de espelho e truques baratos... Afinal, esse é o pensamento da comunidade científica atual que, ao contrário de seus brilhantes antecessores, não se interessam por esses assuntos "transcendentais".
Seja como for, o fenômeno não parou com a falta de interesse. Apenas foi relegado ao ostracismo, até que Chico Xavier e outros poderosos médiuns pudessem ser o veículo para dar ao Brasil demonstrações dramáticas de que a vida continua.


Um deles era Francisco Peixoto Lins, o Peixotinho. Convidado a ir a Uberaba, ele se apresentou a Chico Xavier e uma seleta platéia, que incluía o delegado de polícia paulista R. A. Ranieri. Marcel Souto Maior nos relata o ocorrido, no livro As Vidas de Chico Xavier:


"Às oito da noite em ponto, uma lâmpada vermelha iluminou a platéia. Mais de quinze pessoas, entre elas Chico Xavier, iniciaram o rito, de acordo com o regulamento espírita: leitura de trechos evangélicos, seguida de comentários, "para atrair espíritos de ordem superior", acompanhada por música clássica, "para facilitar a aglutinação fluídica" e conduzir os participantes a uma vibração positiva. Ave Maria, de Gounod, tomou conta do ambiente. Da cabine onde estava Peixotinho saíram clarões coloridos. O corredor foi atingido por reflexos verdes, roxos e azuis. De repente, apareceu na sala um visitante fluorescente. Diante de olhos atônitos, alguns deles desconfiados, começou o desfile de assombrações.


Um dos perplexos na platéia era o delegado de polícia paulista R. A. Ranieri. Naquela noite, ele foi surpreendido pela visita de uma réplica iluminada de sua filha, Heleninha, morta três anos antes, com dois anos de idade. A garota "saiu" do corpo de Peixotinho e "ressuscitou", quase em neon, com a mesma fisionomia e estatura dos tempos de viva e com a voz semelhante à original. Cumprimentou o pai e colocou nas mãos dele uma flor brilhante.Era ela, sem dúvida nenhuma - garantiu Ranieri.E exigiu credibilidade.Ficou tão convencido da autenticidade dos fenômenos que escreveu um livro sobre o assunto, intitulado "Materializações Luminosas".
O espetáculo durou pouco e foi até bem comportado perto dos shows promovidos por Peixotinho no Rio. As experiências realizadas por ele e acompanhadas por Ranieri na capital eram ainda mais espetaculares. Algumas vezes, duas latas, com capacidade para vinte litros cada, ficavam lado a lado na cabine onde o médium dava à luz seres invisíveis. Numa delas, parafina dissolvida fervia sobre um fogareiro aceso, à temperatura de até cem graus centígrados. A outra ficava cheia de água fria. As criaturas iluminadas enfiavam as mãos e os pés nas latas de parafina fervente e, depois, as mergulhavam na água. Resultado: esculturas perfeitas. As surpresas se sucediam. Frases ditas pelos espectadores viravam, em segundos, letreiros luminosos suspensos no ar."
Em outra ocasião, em Pedro Leopoldo, a cabine onde fica o médium doador de ectoplasma, antes indevassável, foi aberta ao fotógrafo Henrique Ferraz Filho. O ectoplasma, expelido pela boca e ouvidos do médium Peixotinho, assumia forma humana e adquiria voz. Quando Henrique disparava o flash, não via nada ou ninguém diante dele. Mas, ao revelar o filme, a aparição estava lá. Na noite de 2 de maio, a Rolleyflex registrou o corpo estranho de um senhor carrancudo envolto em uma espécie de manto vaporoso. No verso da fotografia, Chico Xavier escreveu:'Na cabine habitual das sessões de materialização, tivemos a felicidade de receber a visita do irmão Camerino, desencarnado na cidade de Macaé...Francisco Cândido Xavier'.


Ninguém conseguiu provar a existência de truques nas sessões de materialização em Pedro Leopoldo nem de montagem nas fotos. Chico "assinou embaixo" de várias delas.
Em 1952-53, Chico Xavier se animou a realizar ele também sessões de materializações. Chico se deitava na cama em um quarto próximo à sala, as rezas começavam, a música enchia a sala e o desfile de aparições surpreendia os espectadores. As criaturas iluminadas eram mais etéreas, menos sólidas, do que as geradas por Peixotinho em seus espetáculos. Numa das noites, um dos espectadores e amigos de Chico, Arnaldo Rocha, recebeu a visita de Maria José de São Domingos Ramalho Rocha, sua mãe. Quando viva, ela tratava os filhos como "vidrinhos de cheiro" e tinha a mania de pousar as mãos na cabeça deles. Em sua versão fluorescente, ela repetiu os hábitos estranhos. O filho quis saber se ela conservava também a mania de cheirar rapé. A aparição riu, negou e mostrou a tabaqueira vazia.


Em outra noitada, uma senhora fulgurante, coberta por véus, saiu do cubículo onde estava Chico e iluminou a sala de visitas com uma jóia fosforescente. André Xavier identificou a recém-chegada: era Cidália, mãe dele, segunda mulher de João Cândido. Antes de sair, a madrasta de Chico deixou um rastro de perfume no ar. De repente, uma nova fragrância invadiu a sala e uma figura elegante entrou em cena.


Era Meimei, ex-mulher de Arnaldo. Ela cumprimentou a todos e pediu que a "pessoa necessitada" se aproximasse. Um jovem tuberculoso se levantou da cadeira. A aparição envolveu seu peito com cordões fosforescentes. A radioatividade, livre dos efeitos negativos do rádio, poderia curar.

Em seguida, um sujeito com pose austera, enfiado numa toga romana de tonalidade azul, surgiu na sala com uma tocha acesa numa das mãos. Em tom grave, afirmou: Amigos, o que acabastes de ver e de ouvir representa maiores responsabilidades sobre os vossos ombros.

Era Emmanuel.

Logo, ele sumiu e abriu alas para nova onda de perfumes. A recém-chegada era bem mais atraente e simpática. Loira, jovial, respondia pelo nome de Sheilla e falava com forte sotaque alemão. Um dos espectadores, diante da enfermeira morta na Segunda Guerra, tratou de fazer uma consulta médica: - Eu me sinto mal. - Você come muita manteiga. Ela pediu que o paciente levantasse a camisa. Iria fazer uma radiografia do seu estômago. Sheilla se aproximou e, com os dedos semi-abertos, apalpou a região do estômago em sentido horizontal. Os espectadores ficaram perplexos. De repente, a barriga do paciente ficou transparente e todos puderam ver suas vísceras em funcionamento. Sheilla se limitou a informar: - Agora levarei a radiografia ao Plano Espiritual para que a estudem e lhe dêem um remédio.

O FIM DAS MATERIALIZAÇÕES VIA CHICO XAVIER

Em 1953, Chico estava na cabine quando a sala foi iluminada por uma espécie de relâmpago.

Segundo o livro Mandato de Amor: "Já era bem tarde, Chico ainda estava na cabine, quando se materializou uma entidade, cujo porte e luminosidade demonstraram-nos grande superioridade. A porta por onde adentrou o recinto evidenciou-lhe a estatura elevada. Profundo silêncio se fez, embora sussurros se fizessem ouvir:— Emmanuel?!?

Ali estava o abnegado servidor de Cristo, o ex-senador romano!

Arnaldo Rocha assim descreve a profunda emoção causada pela materialização daquela singular e inesquecível presença: A materialização de Emmanuel foi magnífica! Emmanuel é um belíssimo tipo de homem. Atlético, alto, provavelmente 1 metro e 90 centímetros de altura. Sua voz clara, forte, baritonada, suave mas enérgica, impressionou-nos muito. O andar e os gestos elegantes, simples, porém aristocráticos. No grande e largo tórax um luzeiro multicolorido. Na mão direita, erguida, trazia uma tocha luminescente e sua presença sempre irradiava paz, harmonia, beleza e felicidade."
E ele falou a todos:- Amigos, a materialização é fenômeno que pode deslumbrar alguns companheiros e até beneficiá-los com a cura física. Mas o livro é chuva que fertiliza lavouras imensas, alcançando milhões de almas. Rogo aos amigos a suspensão destas reuniões a partir desse momento.
Pelo visto, a espiritualidade só permitiu essas materializações para atrair o interessa para a doutrina espírita. De fato, não faz muito sentido espíritos ficarem se exibindo para satisfazer a curiosidade humana, a menos que isso sirva para que os humanos se interessem em estudar, progredir, mudar suas atitudes menos nobres, e foi por isso que depois disso Chico se dedicou apenas a psicografar. E psicografou muito.

Eu Yan permito te acrescentar : QUASE 500 LIVROS ....abençoados e ultra -minuciosos [ vejam or ex a série da saga de André Luiz que se inicia com "Nosso Lar" em 1939 e prossegue com mais 15 obras sequenciais concliundo com "E a vida continua" em 1958.

De um nível de sabedoria científica e espiritual absolutamente espantoso ...Comecei os ler aos 13 anos.foram absolutamente luminares e essenciais para mim Yan .experimentem le-los , e vossa vida terá a luz da verdade cósmica .

O CASO OTÍLIA

A proibição não o impediu de assistir a casos de materialização. Foi o que ele fez em 1963, ao acompanhar as aparições advindas da médium Otília Diogo. Uma das que mais apareciam era uma freira, a "Irmã Josefa". Repórteres da revista O Cruzeiro foram chamados a acompanhar os trabalhos em duas oportunidades, no final de 63 e começo de 64, mas a sanha por sensacionalismo da revista fez com que os repórteres agissem de má fé, criando um verdadeiro escândalo de proporções nacionais e que levanta dúvidas nos espíritas até hoje.
Dúvidas que o livro
Materializações de Uberaba, de Jorge Rizzini, pretende esclarecer. Segundo ele, o livro "retrata, com riqueza de detalhes, a campanha da revista O Cruzeiro que transformou propositalmente em farsa as famosas materializações da freira de Uberaba. Chico Xavier e 19 médicos viram-se envolvidos em um escândalo que abalou o movimento espírita mundial. Este livro histórico de Jorge Rizzini restaura a verdade. Reproduz os debates na TV e o laudo da Polícia Técnica de São Paulo que refuta o da Polícia do Rio de Janeiro."
Acompanhemos todo o caso, passo a passo, para podermos tirar nossas próprias conclusões:
O QUE EU VI EM UBERABA ATRAVÉS DE OTÍLIA DIOGO
Extraído do livro Materializações em Uberaba, de Jorge Rizzini. Ed. Livro Fácil - Nova Luz Editora. Fotos de Nedyr Mendes da Rocha (quem puder obter a edição de 1964, da Edicel, terá melhores fotos do que a atual)
Ectoplasma saindo da boca (blerg!) do médium Antônio Alves Feitosa e formando a aparição de Irmã Josefa, em Uberaba, 1965, na presença de Chico Xavier. Otília Diogo também aprticipou, e se encontrava sentada dentro da cabine.Dias após fazer publicar em um semanário de São Paulo uma reportagem sobre Dna. Otília Diogo e as materializações através de sua mediunidade (éramos, então, chefe de reportagem da Edição Extra) foi o autor deste livro convidado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira a assistir, em Uberaba, sessões com a referida médium de efeitos físicos. Era o primeiro contato que teríamos com Dna. Otília Diogo, e ansiávamos por ele. Minha incumbência específica era registrar em um
documentário cinematográfico o encontro da médium com os médicos, com Chico e Waldo, etc. e, assim ampliar a Filmoteca Allan Kardec, criada por nós.
No dia marcado, em companhia do psiquiatra Alberto Calvo, dirigi-me a Uberaba, levando comigo a aparelhagem de filmar. A sessão a que assisti foi realizada no pequeno consultório médico de Waldo Vieira. E em condições capazes de evitar possibilidade de fraude. Rigorismo absoluto, inclusive entre os próprios médicos. Basta recordar que a ninguém foi permitido entrar na sala dos trabalhos trazendo lenço e nem relógio no pulso. Ainda mais: fomos obrigados a entrar na sessão sem paletó... e sem gravata! Quanto a médium Otília Diogo, devia trocar de roupa: ao invés do vestido colorido, que usavam, devia ela vestir uma camisola negra, exclusivamente. A cautela se justificava: é que o espírito de Irmã Josefa se materializa como freira, vestida totalmente de branco. A jornalista associada, Wanda Marlene, foi incumbida pelos médicos de acompanhar dna. Otília Diogo ao compartimento contíguo ao consultório e fiscalizar, também, a troca de roupa. Era a primeira vez que a jornalista se defrontava com a médium.
No consultório do médico Waldo Vieira estavam instaladas nove
máquinas fotográficas: os espíritos que porventura se materializassem seriam fotografados em nove ângulos diferentes para exame e confronto. No teto, o flash eletrônico. Viam-se, também, barômetros, balanças, etc. Frente às cadeiras, dispostas em fila para os assistentes, uma jaula de aço confeccionada em Uberaba; idêntica às que se vê nos jardins zoológicos e da qual (sem exagero) nem mesmo uma pantera ou um leão poderiam escapar. Jaula esta destinada aos médiuns.
Após verificação da temperatura do ambiente e pesagem de todos os presentes, foram introduzidos na referida jaula Otília Diogo, coberta por uma camisola de cor negra, e o Sr. Feitosa. Em seguida foram amarrados pelos próprios médicos. Nos pés, foram colocadas fortes correias com cadeados; nos pulsos, ao invés de correias, algemas policiais prendendo também o braço da cadeira. Algemas do tipo espanhol: quanto mais o preso procura libertar-se, mais apertam os pulsos.
Penalizou-me ver Dna. Otília Diogo naquela situação humilhante: vestida com roupa preta, dentro de uma jaula e algemada, como uma criminosa. Mas, a mesma pedira aos médicos rigor excessivo na fiscalização de sua pessoa, e esse pe-dido ela o fez com espontaneidade admirável, pois médium autêntica que é, sujeita-se a tudo, sem nada temer. Tudo pronto, os médicos sentaram-se em seus lugares. Waldo Vieira leu um trecho do Evangelho, abrindo em nome de Deus a reunião e, em seguida, foi apagada a lâmpada do consultório. A sala ficou em escuridão total.
A pedidos, Francisco Cândido Xavier, ao nosso lado, fez uma lindíssima prece, citando várias vezes o nome de Jesus. Terminada esta, a expectativa pareceu crescer. Algo aconteceria ou não? O mundo espiritual se faria presente ali?
Acredito que todos estivessem duvidando. Quanto a mim acostumado a ver embusteiros fantasiados de "fenômeno", confesso que, não sei porque, não acreditava nos dons mediúnicos de Dna. Otília... E muitíssimo menos nos do Sr. Feitosa. Aquelas algemas policiais... A jaula zoológica... Os dezenove médicos, todos atentos com os olhos arregalados...
Mas, para grande espanto nosso, de súbito ouvimos no lado esquerdo da jaula, onde se encontrava Dna. Otília Diogo, ruídos estranhos... Ruídos guturais. Deram a impressão de alguém estava a extrair algo da boca da médium. Dna. Otília gemia. Era o transe que se iniciava. Segundos depois, começou a liberação do ectoplasma; não apenas pela boca, mas também pelos ouvidos e nariz. Agora , o ruído que chegava até nós modificou-se: palavras initeligíveis passaram a ser proferidas. Palavras gritadas. Evidentemente, o espírito manifestante estava a experimentar a garganta recém-formada com o ectoplasma fornecido pela médium.
Materialização de Irmã Josefa. Clique
aqui para ver mais fotosQue estava por suceder? E, imediatamente, mãos invisíveis puseram em movimento a vitrola localizada fora da Jaula e, ato contínuo, sob a luz de uma pequenina lâmpada vermelha, diante dos dezenove médicos surgiu a materialização total do espírito de Irmã Josefa: magnífica, toda vestida de branco, com roupa de freira. Trazia uma luz na fronte e no tórax.
- Viva Jesus! - disse ela, alegre, e sua voz com timbre brilhante e, no entanto, suavíssimo (oposto ao da médium) ecoou pelo consultório.- Viva Jesus! - responderam todos, deslumbrados com o fenômeno.E Irmã Josefa tornou a repetir, com seu sotaque alemão:- Viva Jesus!E esparziu sobre todos gotas de perfume. O ambiente parecia etéreo, não obstante vinte e poucas pessoas respirando e transpirando dentro de uma pequena sala hermeticamente fechada a cadeados.- Sabem porque estou aqui entre vocês, meus filhos? Para dar provas de que a morte não existe. Provas verdadeiras de que todos vocês são imortais.
E Irmã Josefa, mostrando-se muito feliz, deu em verdade provas magníficas. Permitiu dezenas de fotografias; entre elas, várias curiosas, como por exemplo, uma que mostra seu corpo ectoplásmico sendo interpenetrado pelas grades da jaula. Outro fenômeno curioso, foi o transporte de três fitas coloridas para o consultório. Essas fitas de pano foram colocadas na palma da mão de Chico Xavier e, entre Chico Xavier e Irmã Josefa havia uma distância de, pelo menos, três metros; o espírito, no entanto, para colocar as fitas na mão de Chico Xavier, não caminhou um passo! Seu braço ectoplásmico é que se alongou. Nessa noite memorável, também se materializou através de Dna. Otília o espírito de Alberto Veloso, ex-médico da marinha. Materialização integral. Antes, fez-se anunciar no recinto esparzindo gotas de éter. Foi inúmeras vezes fotografado. Também o espírito de uma criança, sem se deixar ver, conversou com os presentes. Em seguida, materializou uma gaita e tocou-a, permitindo que nós outros (inclusive eu) a examinássemos. A gaita teria uns quinze centímetros de comprimento e cinco de altura.
Por tudo o que nos foi dado ver, podemos afirmar: dna. Otília Diogo nos faz lembrar as médiuns do passado Eusápia Paladino, que também era analfabeta, Mme. D'Esperance nos seus grandes momentos de mediunidade. Principalmente, D'Esperance; inclusive, pela sua comovedora simplicidade, fora do normal. Infelizmente, Antônio Alves Feitosa, dentro da jaula algemado, nada pode oferecer aos médicos no complexo campo da mediunidade.
Esse trabalho em Uberaba, dias depois foi repetido na residência do autor deste livro. Mas, em condições privilegiadas: não foi necessário o uso intermitente da lâmpada vermelha, que as materializações de Alberto Veloso e Irmã Josefa, em nossa sala de visitas, se verificaram sob a luz branca, indireta e contínua. Iluminação excessiva; e, no entanto, Alberto Veloso, nessa noite, apresentou-se diante de nós sem véus. Com uma nitidez espantosa.
Aqui termina o que podemos chamar de primeira fase do nosso histórico. Foi ela redigida a fim de que o leitor se inteire de fatos paralelos ao escândalo de O Cruzeiro e tome conhecimento de detalhes que vão esclarecer (ainda mais) certas questões que adiante serão levantadas.
OS REPÓRTERES DA REVISTA O CRUZEIRO EM UBERABA
Agora, é chegado o momento de tocarmos em um ponto fundamental: o intrometimento da revista O Cruzeiro nas experimentações de ectoplasmia, em Uberaba.
A primeira reportagem (a favor das experiências) com catorze páginas ilustradas, traz a assinatura de José Franco e foi feita com o sentido de conquistar a simpatia dos dezenove médicos que examinaram a médium Otília Diogo. Essa primeira reportagem, porém, nasceu como?
Por incrível que pareça, de um programa de televisão... O repórter assistiu ao programa organizado por Wanda Marlene na TV Itacorumy, ouviu o depoimento de alguns médicos, viu diversas fotografias pelo vídeo e foi aos estúdios buscar o material para a reportagem, que recebeu o nome de "Fenômenos de Materialização".
Aqui começa a irresponsabilidade da revista O Cruzeiro: publicar uma vasta reportagem sobre materialização de espíritos, ilustrada com quinze fotografias, algumas ocupando página inteira, sem que seu autor, José Franco, tivesse, pelo menos, conhecimento do local das sessões!
Absurdo, evidentemente, em se tratando de uma revista que pretende ser mais ou menos honesta. Mas, má fé já estava patente nessa primeira reportagem; porque José Franco, ao fim da mesma, deu destaque à seguinte "nota do repórter" e para a qual chamo a atenção do leitor:
"Não houve neste texto (escreve o repórter) do princípio ao fim, nenhuma frase que denunciasse a opinião do repórter. Esta será expedida em outra ocasião, se me for dada a oportunidade de presenciar, com os próprios olhos, as pesquisas que a numerosa equipe médica procede na cidade de Uberaba"
Os médicos (psicologicamente pressionados por essa reportagem) se viram obrigados a convidar José Franco para uma sessão experimental com Dna. Otília Diogo. José Franco respondeu que se faria acompanhar de uma testemunha, um outro repórter de nome José Nicolau. E a data da experimentação foi marcada, que já não era possível aos médicos voltar atrás... Se desfizessem o compromisso, fatalmente seriam massacrados pela revista como "embusteiros", etc.
No dia da sessão, porém, tiveram os médicos uma surpresa: ao invés de apenas José Franco e uma testemunha José Nicolau, surgiu em Uberaba, vindo do Rio de Janeiro, um bando de repórteres e fotógrafos, "para assistir aos trabalhos".
É evidente, portanto, que a trama de O Cruzeiro já estava preparada.
Era impossível recuar; e os médicos, sem saber o que iria acontecer (mas, apoiados espiritualmente com a presença de Chico Xavier) entraram no consultório de Waldo Vieira acompanhados de Jorge Audi, Henri Ballot, José Franco, Mário Moraes, Paulo Miranda, José Nicolau e Nilo Oliveira. Ao todo, sete repórteres e fotógrafos de uma revista sensacionalista. Participaram, também, dos trabalhos Cleusa Soares e a valorosa Wanda Marlene, ambas da TV Itacolomy, de Belo Horizonte. (A sessão foi realizada na noite de 3 de janeiro de 1964).
O que foi essa sessão, vamos narrar agora; sem minúcias, mas com base em depoimentos.
Estavam presentes no consultório do Dr. Waldo Vieira (local da experimentação) treze médicos, alguns professores de faculdades. Eram eles: Dr. Eurípedes Tahan Vieira, Dr. Cleomar Borges de Oliveira, Dr. Adroaldo Modesto Gil, Dr. Alberto Calvo, Dr. Adelor Alves Gouveia, Dr. Waldo Vieira, Dr. Oswaldo de Castro, Dr. Elias Barbosa, Dr. Armando Valente de Couto, Dr. José Américo Junqueira de Mattos, Dr. Ismael Ferreira da Rezende, Dr. Milton Skaff e Dr. Sebastião de Mello, que dirigiu a sessão propriamente dita.
Treze médicos, mas a fiscalização foi entregue aos repórteres. Foi-lhes dada, para isso, ampla liberdade de ação. Começaram eles examinando, através de batidas, as paredes do consultório; depois, o teto, o piso, a porta. O ventilador e o exaustor também passaram por um revisão: por dentro e por fora. Nada de suspeito encontraram. Os próprios médicos foram revistados pelos Jornalistas; inclusive, os sapatos e, mais detidamente, os saltos de borracha...Talvez com uma pressão pulasse o salto do sapato de um médico mancomunado com Dna. Otília Diogo e surgisse o vestuário enorme da freira...
Quanto a Francisco Cândido Xavier, que participava da reunião apenas na qualidade de assistente, teve as roupas um pouco mais policialmente examinadas. Era tal a desconfiança que inspirava, que os bolsos de sua calça foram destruídos: alguém levantara a hipótese de que a vestimenta da freira poderia estar escondida na calça do médium mineiro...
Para completar a fiscalização, o próprio Dr. Adelor Alves Gouveia aconselhou que se colocasse no ombro de cada participante um pedaço de esparadrapo fosforescente a fim de evitar-se movimentos suspeitos no consultório. Isso também foi feito.
Médicos e consultório revistados com perícia pela equipe de repórteres, restava, agora, um exame completo em Dna. Otília Diogo. Já sabe o leitor que ela é uma senhora humilde, sem nenhuma instrução (não sabe sequer ler e escrever) e que a exemplo dos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, se sujeita a qualquer tipo de experimentação; inclusive, a exigida pela equipe de O Cruzeiro...
Antes de entrar na sala dos trabalhos, foi ela submetida a um exame (por razões óbvias) feito pelo Dr. Ismael Ferreira de Resende. Em seguida, para evitar qualquer suspeita de fraude, convidada a vestir uma camisola negra, visto que a roupa da freira materializada é totalmente branca, dos pés a cabeça. Tanto o exame no corpo de Dna. Otília Diogo como a troca de roupa foram feitos na presença dos repórteres Mário Moraes e Jorge Audi. Absurdo, evidentemente, mas era preciso que a verdade espiritual se manifestasse límpida e cristalina naquela noite.
Comprovado que nada de suspeito havia no corpo e nas vestes da famosa médium, foi ela conduzida ao consultório onde todos a aguardavam. A cadeira destinada a médium era do tipo "espreguiçadeira". Estava solidamente fixada ao solo, pois fora chumbada com cimento! Tranqüila, dona Otília Diogo acomodou-se e os repórteres, imediatamente, procederam a sua prisão.
Nilo Oliveira, ex-reporter policial, comandou esse trabalho. Com grossas correias a médium teve as pernas presas aos pés da cadeira. Nas correias, cadeados; e, cobrindo a fechadura dos mesmos, teve ainda o arguto Nilo Oliveira o cuidado de colocar tiras de esparadrapo, todas elas com a sua rubrica. Mas, os repórteres não comem gato por lebre: o corpo de Dna. Otília não poderia ter movimentos livres...E fizeram uso de novas correias, as quais levaram a força o corpo da médium ao encosto da cadeira; prendendo essas correias, foram colocados novos cadeados envolvidos em esparadrapos, também rubricados por Nilo Oliveira. Pés e tronco presos, restavam apenas as mãos de Dna. Otília Diogo: para impedir-lhes qualquer ação, estava reservada uma algema policial, que foi colocada nos pulsos pelo ex-reporter policial.
Tudo em perfeita ordem, os repórteres, já combinados entre si, distribuíram-se, estrategicamente, pelo consultório. Paulo Miranda foi incumbido de policiar a porta da entrada. Quanto a Nilo Oliveira, recusou-se a ficar no consultório, explicando:- Se alguma coisa aparecer aqui dentro, é porque veio do lado de fora. Eu e o nosso motorista ficaremos vigiando o prédio.
Fechada a porta, foram as lâmpadas do consultório apagadas.
Dr. Sebastião de Mello, após fazer uma breve explanação sobre os fenômenos que certamente iriam se verificar, pediu a Francisco Cândido Xavier que abrisse a sessão com uma prece.
A experimentação foi cronometrada pelo Dr. Adroaldo Modesto Gil e teve início, exatamente, às 21:05 hs. Cinco minutos depois, porém, já a notável médium entrou em transe: primeiro, gemidos, em seguida liberação do ectoplasma pela boca, ouvidos e nariz. As 21,20 hs. (dez minutos depois) surgiu o primeiro fenômeno: aspersão de perfume em forma de chuva leve sobre os repórteres (aviso de que Irmã Josefa iria materializar-se). Sete minutos após a "chuva", com espanto observaram todos o segundo fenômeno: uma luminosidade movimentando-se nas proximidades da médium, a qual se mantinha em sono profundo. A luminosidade continuou em movimento e um minuto depois foi constatado o terceiro fenômeno: uma voz feminina ecoou no consultório. Voz com timbre metálico, porém suave, meigo.
Os repórteres, é óbvio, começavam a assustar-se.
Sete minutos após a "voz direta", para espanto e admiração de todos, foi visto o quarto fenômeno, magnífico e notável: a aparição de uma forma feminina, vestida com um volumoso e complicado traje branco de freira, trazendo luz na fronte e no tórax. E no peito um crucifixo com cerca de dez centímetros de altura. Era Irmã Josefa.
O ambiente vibratório não era dos melhores, mas, ainda assim, Irmã Josefa se manteve materializada durante meia hora. Além das provas que precederam sua aparição tangível, deu ela ainda outras: conversou com os repórteres e fotógrafos durante trinta minutos, permitiu que lhe tocassem o corpo, deixou-se fotografar ao lado de Mário Moraes, Jorge Audi e José Franco.
A conversa inteira entre Irmã Josefa e os repórteres foi registrada no gravador do Dr. Eurípedes Tahan Vieira. A fita magnética foi emprestada ao autor desta obra, que a ouviu, atentamente. Durante a conversa, houve momentos curiosos. Como este, por exemplo : estavam sendo batidas fotografias, quando um dos fotógrafos disse a Irmã Josefa:- Eu gostaria de tirar uma foto sua em pose especial. A senhora não quer abrir os braços?
Irmã Josefa captou imediatamente o pensamento do fotógrafo e respondeu, com seu sotaque alemão: - Oh, que bonita... Está pensando que meu braço é braço de Otília...
E, abaixando a voz, acrescentou: - Eu vou abrir os braços... Faço isso de coração. Pronto...
E, antes do flash explodir, Irmã Josefa exclamou, alegre: - Viva Jesus!
Essa foto prova que Irmã Josefa é independente da médium; em termos, é óbvio.
Materialização total de Alberto Veloso no consultório do Dr. Waldo Vieira
A cara de assustado do repórter é simplesmente impagável...Minutos depois de Irmã Josefa desaparecer, verificou-se no pequeno consultório o quinto fenômeno: de súbito, caiu sobre todos os presentes uma chuva leve de éter (prenúncio de que o espírito de Alberto Veloso iria também materializar-se). Um minuto depois, o fato deslumbrante foi visto. Como de costume, apresentou-se com barbas e vestido, por assim dizer, à moda oriental. Durante nada menos que quarenta minutos o ex-médico da marinha se manteve no ambiente. Foi inúmeras vezes fotografado. De pé e com os braços abertos. Em certo momento, para provar a Nilo Oliveira, que se encontrava do lado de fora, que algo de notável estava se processando dentro do consultório, jogou éter no exaustor. Ao respirar o éter, o repórter certamente pensou: "Dna. Otília conseguiu esconder um vidro de éter e nós não percebemos!" Ao terminar a sessão, Nilo Oliveira entrou no consultório e, bastante surpreso, encontrou a médium na posição exata em que a deixara: sentada, algemada e... presa com correias e cadeados. Libertou-a, depois de constatar, cuidadoso, que todas as tiras de esparadrapo que cobriam as fechaduras continham a sua assinatura. Mas um outro repórter não se conteve e quis examinar, mais uma vez, a roupa preta que os médicos haviam dado a Dna. Otília. Forçou-a, rasgou-a: a médium, na revista O Cruzeiro, aparece de soutien! Um dos fotógrafos bateu inesperadamente uma foto...
Ainda sob a emoção, diversos repórteres deixaram suas impressões sobre os fenômenos no gravador do Dr. Eurípedes Tahan Vieira. Vamos transcreve-las, integralmente, e na ordem cronológica, a fim de que o leitor possa compará-las com os depoimentos que, dias depois, publicaram na revista O Cruzeiro.
"Eu, Nilo Oliveira, posso declarar que algemei a Dna. Otília, médium que atuou nesta sessão, rubriquei e colei o esparadrapo na fechadura dos cadeados e tomei conta do exterior da casa onde se realizava esta sessão. Não observei absolutamente nada de anormal por fora. E terminada a sessão, penetrei na sala E ENCONTREI TUDO COMO HAVIA DEIXADO: a Dna. Otília algemada, tendo eu desfeito a algema, aberto os cadeados e encontrado as rubricas que havia feito anteriormente."
"Eu (diz agora Mário Moraes) repórter de O Cruzeiro, declaro que assisti uma experimentação realmente estranha: NUNCA HAVIA VISTO NADA IGUAL, e é lógico que não sendo estudioso da matéria, NÃO TENHO EXPLICAÇÃO PARA O QUE VI. Passo a partir desse momento a me interessar pelo problema: procurarei no futuro próximo talvez dar uma explicação para o fato."
"É difícil (confessa Henri Ballot) dar uma explicação... É a primeira vez que eu assisti a uma sessão assim... Eu fiquei SURPREENDIDO pelo fenômeno, que a primeira vista não se vê uma explicação plausível.... Deve haver uma, não há dúvida. Eu tenho algumas idéias a respeito disso. Mas não tenho autoridade para falar."
"Sinceramente (diz o repórter José Franco) após essa reunião não sei o que dizer; fiquei bastante IMPRESSIONADO COM O FENÔMENO, mas ainda tenho uma explicação a respeito."
"Eu assisti a uma dessas sessões realizadas em Uberaba (diz Audi) e é REALMENTE ESPETACULAR; nós procuramos de toda forma encontrar alguma falha, algum defeito, alguma coisa que pudesse denunciar anormalidade. E, naturalmente, vai depender de algum raciocínio e, se possível, uma outra oportunidade em que a gente possa ter mais chance de observar melhor o fenômeno. No momento, o que eu posso dizer é que, para mim, FOI UMA COISA INÉDITA! EU JAMAIS HAVIA ASSISTIDO COISA IGUAL, embora na vida de um repórter essas emoções são quase que diárias. Essas emoções novas e violentas são já um lugar comum na vida de um repórter. Posso afirmar que é realmente QUALQUER COISA ASSIM EMOCIONANTE. Agora, eu gostaria de ter mais contato e mais oportunidade PARA PODER FAZER UM RACIOCÍNIO MAIS ABSOLUTO."
Essas, as declarações dos repórteres logo após a sessão com a notável médium Dna. Otília Diogo.
Depois, porém....
O ESCÂNDALO DE "O CRUZEIRO" E A MISSÃO DE IRMÃ JOSEFA
A sessão de Uberaba parecia haver terminado bem; o depoimento vibrante dos repórteres, aliás, deixa evidente que os jornalistas ficaram profundamente emocionados com o que viram e ouviram na famosa experimentação com a médium Otília Diogo. Em verdade, Irmã Josefa deu aos repórteres algumas das mais importantes provas da imortalidade do espírito. No entanto, dias depois, a revista O Cruzeiro divulgou em todo o Brasil uma reportagem (primeira de uma extensa série) assinada por seis dos sete repórteres e intitulada... "A Farsa da Materialização": uma reportagem enorme, com catorze páginas, arrasando a médium, os médicos e as reportagens subsequentes, os repórteres se tornaram ainda mais agressivos (para efeito de sensacionalismo) e taxaram os médicos de mistificadores, levianos, escroques, petulantes, gangsters (...) etc.
Essa formidanda campanha de O Cruzeiro contra o Espiritismo teve a duração de quase três meses consecutivos! Ocupou onze números seguidos da revista! Nos onze números, foram gastas cerca de setenta paginas compactas... Ilustraram a campanha um total de oitenta e sete fotografias!
Foi, em verdade, o maior golpe sofrido pelo Espiritismo, por enquanto, em toda a América do Sul!
No grande escândalo, o nome venerável de Francisco Cândido Xavier Também foi envolvido.
Vejamos as principais acusações da revista O Cruzeiro que pretenderam transformar em farsa as materializações de Uberaba:
1) O espírito masculino de Alberto Veloso se materializa com seios 2) Em baixo do turbante de Alberto Veloso se esconde uma vasta cabeleira 3) O ectoplasma que sai da boca, ouvidos e nariz de Otília Diogo é um chumaço de pano branco 4) A roupa das formas materializadas é uma só 5) A roupa das formas materializadas apresentam marcas nítidas de confecção mecânica: sinais de dobragem e costuras 6) O fio da "roupa" de Irmã Josefa, encontrado após a sessão, não era fio ectoplásmico 7) Apenas a barba diferencia Otília Diogo de Alberto Veloso 8) Otília Diogo não é filha de Irmã Josefa, e sim de Dna. Maria Luisa Barbosa 9) Otília Diogo tinha os pés praticamente soltos, após a sessão. 10) Dr. Waldo Vieira não permitiu aos repórteres o uso de infravermelho 11) As algemas e cadeados eram de propriedade dos médicos 12) Os repórteres não examinaram, antes da sessão, o corpo e as vestes da médium Otília Diogo. 13) Nilo Oliveira não pode, a sua maneira,
manietar a médium 14) Os Drs. Alberto Calvo e Oswaldo de Castro também manietaram Dna. Otília Diogo 15) Os repórteres não tiveram liberdade para escolher suas cadeiras na sala de experimentação 16) A vitrola, durante a sessão, não tocou (?)17) O espírito de Alberto Veloso não fala18) Irmã Josefa disse, em determinado momento, que tinha apenas um dado materializado, mas na verdade tinha ela os cinco19) As roupas das materializações apresentam vincos e dobraduras 20) As materializações, sob a luz, projetam sombras nas paredes 21) As fotografias das materializações são truques grosseiros 22) Há coleta de dinheiro nas sessões científicas 23) Nos pés de Otília Diogo, pós a sessão de Uberaba, existiam resquícios do círculo de giz feito pelos médicos 24) Não foi permitida a prova do talco 25) Chico Xavier estava "falsamente inebriado" ao lado da Irmã Josefa, em uma fotografia 26) Waldo Vieira prometeu aos repórteres inúmeras sessões com a médium Otília Diogo 27) A virgindade de Irmã Josefa é indiscutível 28) Otília Diogo abandonou vilmente o marido e filhos 29) Documentos "oficiais" provam que a materialização de Uberaba é farsa
Antes de refutarmos as acusações, digamos que essas reportagens de O Cruzeiro abalaram profundamente os espíritas de todo o país e, por mais estranho que pareça, a convicção de alguns líderes... Não obstante, Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, dois médiuns notáveis e impolutos, colunas mestras da mediunidade no Brasil (instrumentos de Emmanuel e André Luís) estarem presentes à experimentação. Esse fato, por si só, deveria ser, pelo menos para os "líderes", uma garantia da autenticidade dos fenômenos. E, apesar dos espíritas, em geral, saberem, perfeitamente, que a revista O Cruzeiro sempre foi inimiga declarada e feroz da Doutrina de Allan Kardec. Ou será, santo Deus, que não nos serviu de lição a reportagem que David Nasser (hoje, um dos diretores de O Cruzeiro) fez há alguns anos ridicularizando Francisco Cândido Xavier e o Espiritismo ?!
Aproveitamos o momento para responder à pergunta, que, certamente, o leitor já formulou: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira já foram avisados pelos Guias espirituais que a sessão com os repórteres iria transformar-se em escândalo nacional?
A resposta, em se tratando de dois médiuns missionários e com grande responsabilidade na evolução do Espiritismo no Brasil, só poderia, evidentemente, ser esta: o mundo espiritual os avisou. Mas, não podiam recuar; porque os escândalos, em nosso planeta, são necessários...
Lembremo-nos de que o próprio Cristo serviu de escândalo.... para o bem do cristianismo!
Quanto a Irmã Josefa, podemos dar nosso testemunho de que também ela sabia do que estava por suceder; e, com antecedência de meses!
Recordo-me de que em Uberaba, quando ainda não nos passava pela mente o nome da revista O Cruzeiro, Irmã Josefa, materializada, dirigiu-se nestes termos a Wanda Marlene, da TV Itacolomy de Belo Horizonte e notável defensora do Espiritismo:- Você, minha filha, vai ser soldado de Irmã Josefa. Você gosta de ser soldado de Irmã Josefa?
Naquele momento, ninguém entendeu nem deu importância as palavras proféticas de Irmã Josefa... Se as sessões de materialização, em Uberaba, estavam se processando na mais absoluta calma e tranqüilidade...
Também, em minha residência, em São Paulo, Irmã Josefa, plenamente materializada, disse, dirigindo-se a mim:- Você vai ser mais que um soldado de Irmã Josefa.... Você gosta, Rizzini?
Respondi automaticamente que sim; não me ocorreu interrogar a entidade... Mas, um ou dois meses depois, abria a revista O Cruzeiro guerra contra Irmã Josefa e as experiências de Uberaba: e a verdade é que nós, e Wanda Marlene, na qualidade de soldados, entramos na luta - e na linha de frente!
Já agora, na mente do leitor, se delineia a difícil missão confiada ao admirável espírito de Irmã Josefa: sacudir (e trazer) a consciência de todo o povo brasileiro para os problemas fundamentais da imortalidade. Irmã Josefa, como vimos, estava perfeitamente consciente dessa missão. Missão árdua, repetimos, pois materializando-se, como freira, agitou o clero da terra e o clero do espaço... Para bem cumprir a missão (apoiada por Emmanuel e André Luís) tinha ela de, pacientemente, criar uma série de circunstâncias: aproximar a médium Otília Diogo de Chico Xavier e Waldo Vieira, cujos nomes já eram famosos no campo da mediunidade; reunir em Uberaba uma equipe médica que se responsabilizasse cientificamente pela sua materialização e de Alberto Veloso, espírito que podemos considerar como seu assistente. Mas, esse trabalho, apenas, não bastaria: era necessária a presença de divulgação! Agora, um outro detalhe importante que mostra a inteligência e a argúcia dos espíritos: a revista O Cruzeiro chegou em Uberaba representada não apenas por um jornalista, mas por uma equipe formada por... sete repórteres! Não se tem notícia de um tema para reportagem que exigisse a colaboração de tantos jornalistas...
Prontos os preparativos, presentes às materializações os sete repórteres da mais importante revista brasileira, os fenômenos se desenrolaram e... dias depois, a consciência popular foi violentamente despertada para os problemas espirituais; inclusive, a consciência dos espíritas adormecidos e vacilantes... e sem posição firmada!
Com a revista O Cruzeiro Irmã Josefa atingiu o objetivo. E o resultado, indiscutível, é que durante a publicação da extensa série de reportagens sensacionalistas todo o povo se interessou pelo Espiritismo; e como se vendeu no Brasil livro espírita - principalmente, os que relatam fenômenos da mediunidade! Quem o diz é o próprio Departamento Editorial da Federação Espírita Brasileira. Diversas edições se esgotaram em poucas semanas... Nesse sentido, o "caso Otília Diogo" nada fica a dever ao "caso Arigó".
Mas, paralelamente ao escândalo, era preciso promover a defesa da autenticidade das materializações de Uberaba, de acordo com o plano de Irmã Josefa. E, para alegria nossa, em um local de São Paulo, recebemos das mãos de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira o material de que necessitávamos: a fita magnética que contém as declarações dos repórteres, fotocópias, filmes, fotografias, etc. E, inclusive, a roupa especial que a médium Otília Diogo usava durante a experimentação, e que foi violentada.
Agora, restava-nos, apenas, cumprir a obrigação.
E foi o que fizemos, com a ajuda dos mentores espirituais.
Fim dos trechos do livro. Para ler mais, existe um relato mais completo do livro Materializações de Uberaba
aqui
Luciano do Anjos e Jorge Rizzini, em programas televisivos, desmascaram a fraude dos repórteres e expuseram tudo o que eles fizeram de errado. A desmoralização foi total, tanto que, num ato de desespero, até invocaram um repto de honra, que simplesmente foi desconsiderado pelos médicos, médium e Chico.
Seis anos depois, Otília Diogo foi presa com uma maleta recheada de roupas utilizadas nas "materializações". O hábito de irmã Josefa também estava lá. A transformista confessou até mesmo ter pago uma cirurgia plástica facial com exibições "espíritas" na casa do cirurgião. Atrás das grades, desta vez numa delegacia, ela explicou ter
perdido a mediunidade em 1965, um ano após as sessões em Uberaba. Não se conformou e decidiu apelar para truques. Chico Xavier, em entrevista à revista O Cruzeiro, voltou a definir todo médium como "uma criatura humana, com defeitos, qualidades e anseios humanos". Para ele, havia os espíritas capazes de superar as vaidades e viver para o outro e havia, também, aqueles que não suportavam os baques "reservados por Deus como provação". O fato não inviabiliza a sessão de materialização que os repórteres e médicos testemunharam.
Referência: Materialização do bispo de SP;Materialização (Ectoplasmia);Casos de materialização;Análise do ectoplasma;Sobre o ectoplasma;Casos analisados por cientistas no Séc XIX

continua de forma belíssima

em :http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2006/07/materializacao.html

Bravo Acid ! O seu trabalho em busca da disseminação e democratização do VERDADEIRO conhecimento é maravilhoso e único ! Yan muito grato à ti .Sempre !

RECORDANDO o dia em festa [ a manhã que o Brasil tornou-se pentacampeão de futebol no Japão ] que a alma de Chico deixou o seu amado Brasil e retornou aos céus

Uberaba, 02 de Junho de 2002

“Amigos para sempre” marca o adeus ao médium Chico Xavier

O líder espírita mundial Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier), será sepultado hoje, às 17h, no Cemitério São João Batista, e homenageado com honras militares.

Segundo estatísticas da Polícia Militar, durante o dia de ontem, até por volta das 19h30, cerca de 45 mil pessoas passaram pela urna onde está sendo velado o corpo de Chico Xavier, uma média de 2.500 pessoas por hora. Cinco pessoas chegaram a passar mal e foram socorridas pelo Corpo de Bombeiros e levadas até o pronto-socorro do Hospital Escola, sendo medicadas e liberadas.
A reportagem do Jornal da Manhã esteve na tarde de ontem na galeria, no Cemitério São João Batista, onde será sepultado o médium. De acordo com informações obtidas junto ao comandante do 4º BPM, tenente-coronel Kappel, haverá um controle rigoroso, mas todas as pessoas que quiserem acompanhar o cortejo poderão fazê-lo, sem problema. Kappel disse ainda que, durante todo o percurso dentro das dependências do cemitério, haverá um cordão de isolamento com policiais, para garantir a proteção de pessoas idosas e principalmente crianças.
Já o comandante do Corpo de Bombeiros, major Mateus Queiroz, afirmou que, durante todo o dia de hoje, uma viatura resgate, uma ambulância e outra do 4º BPM e uma ambulância da Secretaria de Saúde de Uberaba estarão de prontidão na porta da Casa da Prece, para socorrer pessoas que por ventura vierem a passar mal.
O cortejo sairá da Casa da Prece às 17h, levando o caixão de Chico Xavier em cima do caminhão do Corpo de Bombeiros. Descerá pela Rua Segismundo Pereira, entrará pela Avenida Edilson Lamartine Mendes, seguirá pela Avenida Nenê Sabino e vai parar no portão principal do Cemitério São João Batista.
Segundo apurou nossa reportagem, o caixão com o corpo do médium descerá e será colocado em uma espécie de carrinho, onde a banda do 4º BPM tocará a música “Amigos para Sempre” e, logo em seguida, militares da Polícia Militar darão três salvas de tiros. Finalizando, a mesma banda tocará em homenagem a Chico Xavier a música “Nossa Senhora”.
Feitas as merecidas homenagens, o cortejo descerá pela quadra C, virará à esquerda na quadra H e seguirá sentido até a quadra O, onde Chico será sepultado na galeria de nº 623. A estimativa por parte da Polícia Militar é de que, durante todo o velório de Chico Xavier, cerca de 120 mil pessoas passem pelo local. (Reportagem: Jornal da Manhã)continua em ; http://www.nossosaopaulo.com.br/Espiritismo/Chico_Xavier.htm

Autor de mais de quinhentos livros psicografados. Chico Xavier começou a receber mensagens em 1927.

No ano seguinte descobriu qual seria sua missão.

Dona Carmen Perácico(mãe) teve uma visão em janeiro: Uma chuva de livros caia sobre a cabeça do jovem”Eu não tinha qualquer pensamento a respeito do assunto e, não tenho tendo ouvido bem a palavra livros, prostetei, alegando que não merecia, de modo algum , que os espíritos protetores me trouxessem lírios”, disse Chico a Dona Carmen.
Esclarecido o equívoco, continuou sua tarefa. Em 1931, houve o seu primeiro encontro com o espírito Emmanuel, que já o orientava. Chico rezava às margens de um açude quando viu uma cruz muito bonita e seu protetor. Com o passar dos anos, este espírito estabeleceu uma parceria com Chico. Em 1932, era lançado o primeiro livro recebido por Chico:Parnaso de além túmulo”, com poemas de 18 poetas mortos, em 400 páginas em estilo muito parecido com os dois grandes poetas como Olavo Bilac e Castro Alves. Outro espírito, André Luiz, que havia sido um médico brasileiro, transmitiu a Chico uma série de obras. Num dos livros, descreve Nosso Lar, uma cidade do mundo dos espíritos.
A partir daí foram dezenas de outros escritos: mensagens, romances, releituras dos Evangelhos e estudos filosóficos e científicos que lhe seriam ditados por diversos espíritos-escritores. Chico Xavier mudou-se para Uberaba em 1959, quando a fama de líder espiritual já se espalhava pelo País e exterior.
Na cidade do Triângulo Mineiro, o médium fundou uma comunidade espírita cristãs e, paralelamente às constantes visitas que fazia a pessoas pobres, iniciou sua obra social. Chico Xavier faleceu aos 92 anos em Uberaba, Minas Gerais dia 30 de Junho de 2002. Matéria extraída do jornal o Estado de São Paulo, em ocasião do falecimento do médium.

Chico Xavier psicografando um de seus últimos livros em Uberaba em setembro de 2000. Observe as pontas de seus dedos, como são pontiagudas, como canais de energia.

PALAVRAS MINHAS Francisco Cândido Xavier

“Nasci em Pedro Leopoldo, Minas, em 1910. E até aqui, julgo que os meus atos perante a sociedade da minha terra são expressões do pensamento de uma alma sincera e leal, que acima de tudo ama a verdade; e creio mesmo que todos os que me conhecem podem dar testemunho da minha vida repleta de árdua dificuldades, e mesmo de sofrimentos.Filho de um lar muito pobre, órfão de mãe aos cinco anos, tenho experimentado toda a classe de aborrecimentos na vida e não venho ao campo da publicidade para fazer um nome, porque a dor há muito já me convenceu da inutilidade das bagatelas que são ainda tão estimadas neste mundo. Matriculando-me, quando contava oito anos, num grupo escolar, pude chegar até ao fim do curso primário, estudando apenas uma pequena parte do dia e trabalhando numa fábrica de tecidos, das quinze horas às duas da manhã; cheguei quase a adoecer com um regime tão rigoroso; porém, essa situação modificou-se em 1923, quando então consegui um emprego no comércio, com um salário diminuto, onde o serviço dura das sete às vinte horas, mas onde o trabalho é menos rude... Nunca pude aprender senão alguns rudimentos de aritmética, história e vernáculo, como o são as lições das escolas primárias. O meu ambiente, pois, foi sempre alheio à literatura; ambiente de pobreza, de desconforto, de penosos deveres, sobrecarregado de trabalhos para angariar o pão cotidiano, onde se não pode pensar em letras. ... minha família era católica e eu não podia escapar aos sentimentos dos meus. Até 1927, todos nós não admitíamos outras verdades além das proclamadas pelo Catolicismo; mas, eis que uma das minhas irmãs, em maio do ano referido, foi acometida de terrível obsessão; a medicina foi impotente para conceder-lhe uma pequenina melhora sequer........ Foi quando decidimos solicitar o auxílio de um distinto amigo, espírita convicto, o Sr. José Hermínio Perácio, que caridosamente se prontificou a ajudar-nos com a sua boa vontade e o seu esforço....... Aí, sob os seus caridosos cuidados e da sua Exma. esposa D. Cármem Pena Perácio, médium dotada de raras faculdades, minha irmã hauria, para nosso benefício, os ensinamentos sublimes da formosa doutrina dos mensageiros divinos; foi nesse ambiente onde imperavam os sentimentos cristãos de dois corações profundamente generosos, ...... que a minha mãe, que regressara ao Além em 1915, deixando-nos mergulhados em imorredoura saudade, começou a ditar-nos os seus conselhos salutares, por intermédio da esposa do nosso amigo, entrando em pormenores da nossa vida íntima, que essa senhora desconhecia. Até a grafia era absolutamente igual à que a nossa genitora usava, quando na Terra. Sobre esses fatos e essas provas irrefutáveis solidificamos a nossa fé, que se tornou inabalável. Em breve minha irmã regressava a nosso lar cheia de saúde e feliz, integrada no conhecimento da luz que deveria daí por diante nortear os nossos passos na vida. Resolvemos, então, com ingentes sacrifícios, reunir um núcleo de crentes para estudo e difusão da doutrina, e foi nessas reuniões que me desenvolvi como médium escrevente, semimecânico, sentindo-me muito feliz por se me apresentar essa oportunidade de progredir, datando daí o ingresso do meu humilde nome nos jornais espíritas, para onde comecei a escrever sob a inspiração dos bondosos mentores espirituais que nos assistiam. ... Continuei recebendo as idéias dos mesmos amigos de sempre, nas reuniões, psicografando-as, e que eram continuamente fragmentos de prosa sobre os Evangelhos. Somente duas vezes recebi comunicações em versos simples. Em agosto, porém, do corrente ano, apesar de muito a contragosto de minha parte, porque jamais nutri a pretensão de entrar em contacto com essas entidades elevadas, por conhecer as minhas imperfeições, comecei a receber a série de poesias que aqui vão publicadas, assinadas por nomes respeitáveis. Serão das personalidades que as assinam? – é o que não posso afiançar. O que posso afirmar, categoricamente, é que, em consciência, não posso dizer que são minhas, porque não despendi nenhum esforço intelectual ao grafa-las no papel. A sensação que sempre senti, ao escrevê-las, era a de que vigorosa mão impulsionava a minha. Doutras vezes, parecia-me ter em frente um volume imaterial, onde eu as lia e copiava; e doutras, que alguém mas ditava aos ouvidos, experimentando sempre no braço ao psicografa-las, a sensação de fluidos elétricos que o envolvessem, acontecendo o mesmo com o cérebro, que se me afigurava invadido por incalculável número de vibrações indefiníveis. Certas vezes, esse estado atingia o auge, e o interessante é que parecia-me haver ficado sem o corpo, não sentindo, por momentos, as menores impressões físicas. É o que experimento, fisicamente, quanto ao fenômeno que se produz freqüentemente comigo. Julgo do meu dever declarar que nunca evoquei quem quer que fosse; essas produções chegaram-me sempre espontaneamente, sem que eu ou meus companheiros de trabalhos as provocássemos e jamais se pronunciou, em particular, o nome de qualquer dos comunicantes, em nossas preces. Passavam-se às vezes mais de dez dias, sem que se produzisse escrito algum, e dia houve em que se receberam mais de três produções literárias de uma só vez. Grande parte delas foram escritas fora das reuniões e tenho tido ocasiões de observar que, quanto menor o número de assistentes melhor o resultado obtido. Terei feito compreender, a quem me lê, a verdade como de fato ela é? Creio que não. Em alguns despertarei sentimentos de piedade e, noutros, rizinhos ridiculizadores. Há de haver, porém, alguém que encontre consolação nestas páginas humildes. Um desses que haja, entre mil dos primeiros, e dou-me por compensado do meu trabalho.

Pedro Leopoldo, dezembro de 1931. Francisco Cândido Xavier

FRANCISCO CANDIDO XAVIER . Os céus se multiplicando em um ser.

Uma vida contada a muitas mãos
Autor de mais de 400 títulos espíritas, Chico Xavier pouco escreveu sobre si mesmo.

Dois prefácios, escritos nos anos 30, foram os únicos documentos encontrados17.

Há, porém, inúmeras biografias produzidas ao longo de sua carreira que compilam casos, episódios e eventos contados, em primeira mão, pelo próprio Chico Xavier. Assim, por meio de terceiros a sua narrativa foi transformada numa espécie de "história oficial"18.
Uma das características desse relato é que ele se constrói em torno de uma única chave: a do sofrimento. Essa categoria narrativa estabelece laços de continuidade entre as etapas fundamentais de sua carreira e trajetória pessoal, cuja estrutura reproduz o modelo hagiográfico: 1) a fase profana, período que engloba a sua infância e adolescência, é marcada por conflitos surgidos no âmbito familiar e das relações primárias. Nessa etapa o modo de interpretação da experiência mediúnica é característico: tal como na história de vida de outros médiuns, esta é uma experiênciarejeitada; 2) a conversão ao Espiritismo marca o início de uma nova etapa, de liminaridade, em que o afastamento domundo é sinalizado pela tensão entre projetos pessoais e a imposição de um rígido programa de disciplinamento moral e de manejo dos "dons"; 3) a consolidação de sua liderança no campo espírita, associada à produção literária intensa, marca simbolicamente o itinerário de retorno
19. Nessa etapa, assumindo a vida como cumprimento de uma missão, a renúncia a projetos de caráter pessoal se consolida fazendo-se acompanhar da produção de um estilo de vida exemplar.
Nesse percurso o confronto inicial com o imaginário católico e, posteriormente, a reinterpretação e apropriação de idéias e práticas deste constituem uma marca fundamental. Esse processo não envolve, porém, apenas a incorporação de práticas do Catolicismo popular, mas também do Catolicismo institucional, eclesiástico, o que se torna sobretudo relevante na terceira etapa de sua trajetória como se verá adiante. (Sandra Jacqueline Stoll)

Nascido a 2 de abril de 1910, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, Chico Xavier teve uma educação eminentemente católica como era corrente entre os moradores do lugar. Mas já na infância, segundo seus relatos, começaram a ocorrer as primeiras manifestações de "contato com os espíritos".
O evento propulsor foi a morte de sua mãe, fato ocorrido em 1915, quando ele tinha apenas cinco anos. João Cândido, seu pai, era vendedor de bilhetes de loteria e viajava muito. Vendo- se, portanto, sem condições de criar os filhos sozinho resolveu distribuí-los entre parentes e vizinhos. Chico Xavier foi entregue à Rita de Cássia, sua madrinha, mais tarde sarcasticamente por ele definida como "grande educadora". De acordo com seus relatos ela o surrava com vara de marmelo todos os dias. Muitas vezes sem motivo. Os castigos, porém, aumentaram depois que ele contou-lhe "ter visto e conversado com a mãe no fundo do quintal". A partir daí, além da surras, a madrinha passou a dar-lhe garfadas na barriga acusando-o, em função de suas "conversas com os mortos", de "ter parte com o diabo". Esse suplício durou dois anos.
Depois disso Chico voltou a morar com o pai, que se casara novamente. A reestruturação da vida familiar não interrompeu, porém, a ocorrência das "visões". Segundo se conta, freqüentemente ele "levantava no meio da noite, batia papo com fantasmas e muitas vezes estragava o café da manhã do pai com notícias de parentes mortos e descrições de viagens por cenários fantásticos" (Souto Maior, 1995: 16). Essas experiências ele também relatava, em confissão, ao padre Scarzelli, pároco da cidade.
Sua madrasta, Cidália, com quem ele conversava nos fins de tarde ao pé do tanque, por inúmeras vezes ouviu-o dizer que "via próximas ao varal figuras cobertas com mantos coloridos" (: 17). Ela, segundo se conta, dava-lhe crédito, ao contrário de dona Rosária, sua professora primária. Ao participar de um concurso de redação instituído pelo governo do Estado de Minas Gerais em comemoração ao primeiro centenário da Independência, Chico levantou-se em meio à prova para comunicar à professora que pressentia a presença de um homem que lhe ditava um texto. Sem dar-lhe muita atenção, ela pediu que ele voltasse ao seu lugar e terminasse a prova. A notícia, porém, espalhou-se na sala e na aula seguinte os colegas fizeram-lhe um desafio. Como prova queriam que o "tal homem" viesse "outra vez, ali mesmo [...] à frente de todos para escrever sobre um tema escolhido por eles". O tema proposto, escolhido ao acaso por um dos meninos foi o grão de areia. Chico relata: "lembro-me que o espírito [...] ao meu lado começou ditando: 'Meus filhos, que ninguém escarneça da criação. O grão de areia é quase nada, mas parece uma estrela'" (Barbosa, 1992 [1967]: 17).
Fatos como esses se repetiam quase diariamente, em sonhos, na escola, nos momentos de ócio. João Cândido, pai de Chico Xavier, inúmeras vezes ameaçou internar o filho num sanatório. A tese de que se tratava de caso de loucura era, porém, refutada pelo padre Scarzelli, que procurava aplacar a situação com o receituário católico tradicional: novenas, penitências, rezar mil ave-marias...
Essas duas posições com relação ao fenômeno mediúnico (assinaladas, de um lado, pelo padre e a madrinha nos termos da religião, de outro, pelo pai, que aderia ao argumento médico) ilustram os termos do debate da questão na época. Conforme Giumbelli (1997), que se dedica ao estudo desse tema, as primeiras décadas do século XX constituem o período em que o pensamento médico no Brasil amplia significativamente o espaço editorial conferido ao tema, o que se observa pelo aumento do número de artigos, teses e livros sobre o assunto (: 198). Construindo-se à época como discurso hegemônico, a perspectiva médica teve o endosso do discurso jurídico, resultando dessa aliança um prolongado embate com a versão tradicional, religiosa do fenômeno (Giumbelli, 1994).
Mas numa pequena cidade do interior de Minas Gerais, como era Pedro Leopoldo no início do século XX, o padre era ainda considerado uma "autoridade". Ou seja, a ascendência do padre sobre as famílias dos meios populares corria incontestada. O relato biográfico de Chico Xavier é exemplar nesse sentido. Vários são os episódios relembrados que sugerem o poder da opinião padre. Chico Xavier lembra, por exemplo, que por ordem do pároco participou, aos nove anos, de uma procissão carregando uma pedra de 15 quilos na cabeça. A penitência devia ser complementada pela obrigação de repetir mil vezes a ave-maria. Não se tratava, porém, de prática isolada. Impuseram-lhe que freqüentasse regularmente a igreja, participando inclusive das novenas. Os resultados, contudo, não foram os esperados. Segundo seu relato, enquanto rezava e contava acompanhando a procissão, "um espírito desocupado fazia caretas e bocas para atrapalhar seus cálculos" (Souto Maior, 1994: 11). Além disso, quando estava na igreja, cumprindo as novenas, "assombrações flutuavam sobre os bancos e beijavam os santos" (idem). Padre Scarzelli decidiu então "ser mais duro". Aconselhou João Cândido, pai de Chico, a ocupar o tempo livre do menino, arranjando-lhe um emprego. À época a fábrica de tecidos da cidade estava empregando crianças para trabalhar no período noturno. Chico Xavier foi admitido: "Fui trabalhar como tecelão. Entrava às três da tarde, saía à uma da madrugada. Dormia até às seis, ia para a escola, saía às onze. Almoçava, dormia uma hora [...] e entrava de novo na fábrica" (Machado, 1992[1984]: 25-6). A rotina diária era estafante para uma criança de dez anos. Restava-lhe apenas o fim de semana para descanso e lazer. Algumas atividades, contudo, foram-lhe proibidas: o padre Scarzelli recomendou, como medida complementar, que se evitasse a "má influência" dos livros, revistas e jornais. Assentindo, João Cândido "fez uma fogueira das páginas proibidas" (: 18). Dizendo-se inconformado, Chico relata que recorreu, como sempre fazia, ao espírito da mãe. Esta lhe deu um conselho: "Aprenda a calar-se. Quando lembrar, por exemplo, alguma lição ou experiência recebida em sonho, fique em silêncio. Mais tarde talvez você possa falar" (idem). Chico passou então a restringir seus comentários ao confessionário. Mas o padre Scarzelli insistia: "Ninguém volta a conversar depois da morte" (idem). E acrescentava: "O demônio procura perturbar-lhe o caminho" (idem). Chico, porém, não se deixava convencer: "Mas padre, foi minha mãe quem veio" (idem). O padre retrucava: "Foi o demônio" (idem).
Os exemplos poderiam continuar sendo multiplicados, mas os acima apresentados parecem ser suficientes para evidenciar o peso e significado da interpretação institucional, católica, do fenômeno mediúnico nos meios populares à época. A convergência de leigos e eclesiásticos na interpretação do fenômeno mediúnico chama atenção, considerando-se que o pároco e a madrinha de Chico Xavier o entendem da mesma forma, isto é, como "coisa do diabo". Essa convergência se manifesta também quanto às atitudes assumidas em relação ao fenômeno da mediunidade: ambos entendiam ser preciso reprimi-lo, inibir sua manifestação, num caso por meio de castigos corporais, noutro pela oração e penitência.
Confrontando-se na sua experiência cotidiana com esse caráter prescritivo do Catolicismo oficial em relação ao fenômeno da mediunidade, Chico Xavier desenvolveu nessa etapa inicial de sua trajetória uma relação ambígua com as crenças católicas: sua "carolice de infância" se desenvolveu permeada de experiências que fogem ou são reprimidas pelo Catolicismo oficial, resultando em conflitos pessoais, tanto com representantes da Igreja, como com membros do universo de suas relações de sociabilidade primária.
A conversão
Transição de natureza marcadamente simbólica, a conversão de Chico Xavier ao Espiritismo ocorreu a partir da experiência de cura de uma sua irmã, realizada por um casal espírita, depois de sucessivos tratamentos médicos malsucedidos visando o controle de seus "acessos de loucura". Então com 17 anos, Chico Xavier participou das orações e passes, sendo em seguida introduzido à obra de Allan Kardec. A narrativa desse fato ao pároco e a decisão de seguir a nova doutrina marcaram o seu desligamento oficial do Catolicismo. Antes, porém, Chico Xavier buscou a bênção do padre:
Eu respondi [...] que apesar de respeitá-lo muito, ia estudar o Espiritismo e dedicar-me à mediunidade. Ele permaneceu calado [...]. Pedi a ele que me estendesse a mão [...]. Depois de beijá-la, pedi que me abençoasse. Ele, então, me disse: "Seja feliz, meu filho. Eu rogarei à nossa Mãe Santíssima para que te abençoe e proteja [...]". Levantei-me e saí, sabendo que havia tomado a decisão de praticar a mediunidade; quando cheguei à porta, voltei-me para vê-lo ainda uma vez, notei que ele [...] me acompanhava com o olhar e sorria. (Barbosa 1992 [1967]: 29)
A mudança de tutoria constitui, nesse caso, uma das marcas fundamentais do trânsito religioso. Como demonstram os dados acima, até então a tutela espiritual de Chico Xavier vinha sendo exercida pela mãe, "em espírito", e pelo padre. Essa dualidade foi eliminada com a conversão religiosa, estabelecendo-se a partir daí a sujeição exclusiva à tutela dos espíritos. Ritualmente a mudança foi marcada pela substituição do vínculo de consangüinidade (mãe/filho) pelo vínculo de parentesco simbólico, selado na relação de apadrinhamento estabelecida entre médium e guia espiritual. Este último, no entanto, não se identificou de imediato. Segundo relato de Chico Xavier, Emmanuel se manteve incógnito por quatro anos (de 1927 a 1931), período considerado de treinamento de sua mediunidade, em especial da prática da psicografia.
Fase liminar, característica dos processos iniciáticos, essa etapa foi marcada pela produção anônima, envolvendo dupla iniciação: além do desenvolvimento da escrita mediúnica, as mensagens psicografadas promoveram a familiarização de Chico Xavier com um "discurso de virtudes", que incisivamente remetia à questão da obediência, da paciência e da humildade. Esses temas, que até então haviam sido objeto de orientação materna como solução para os conflitos familiares, passaram a partir de então a promover a formatação de sua personalidade pública.
Um "contrato de trabalho", visando a produção de livros mediúnicos selou, a partir de 1931, a relação entre médium e guia espiritual. Chico Xavier conta que se encontrava num final de tarde em orações à beira de um açude, localizado à saída da cidade, quando avistou um espírito "envergando uma túnica semelhante à dos sacerdotes" que a ele se apresentou: "Está mesmo disposto a trabalhar na mediunidade?", perguntou. "O senhor acha que estou em condições de aceitar o compromisso?", retrucou o médium. O espírito respondeu: "Perfeitamente, desde que respeite três pontos básicos". Chico perguntou: "Qual o primeiro ponto?" Resposta: "Disciplina". "E o segundo?" "Disciplina". "O terceiro?" "Disciplina" (Gama 1995 [1955]: 64).
Aceito os termos do contrato, desenvolveu-se entre ambos uma relação de maior abrangência: duradoura, cotidiana, sobretudo, disciplinadora. As tensões que emergiam de início em função da divergência entre pretensões, projetos e/ou decisões pessoais do médium e a vontade dos espíritos evidenciam como se deu o processo de seu treinamento disciplinar, abrangendo as mais variadas dimensões de sua vida cotidiana. Segundo seu próprio relato, o seu tempo passou a ser dividido entre o trabalho remunerado e as atividades noturnas e de fim de semana no centro. Restavam-lhe poucos momentos de lazer. Conversas numa roda de amigos eram raras.
Chico Xavier afirma que a postura de Emmanuel era implacável em todas as situações. Inclusive diante das dificuldades econômicas por ele enfrentadas. Ele conta que em 1939 um grupo de cientistas russos lhe fez uma oferta: convidaram-no a passar seis meses em Moscou, com o fim de realizar testes sobre sua mediunidade. A oferta parecia tentadora: "o dinheiro era suficiente para construir cinqüenta casas populares. Uma fortuna para quem estava às voltas com a primeira de oito prestações de um novo chapéu" (Souto Maior, 1995: 56). Mas Emmanuel foi logo pondo fim às suas pretensões: "Se quiser, pode ir ­ disse ele ­ eu fico". Igualmente rigorosa foi sua conduta em relação aos problemas de saúde do médium.
Chico Xavier conta que, uma noite, estava psicografando quando "sentiu o olho esquerdo invadido por fragmentos de areia" (: 29). Esfregou-o "mas a coceira continuou. Tentou fixar a lâmpada com a pupila incomodada, mas em vez da luz acesa viu um foco difuso. Mal conseguia enxergar os versos récem-escritos". Assustado recorreu, como sempre fazia, à oração. Apareceu-lhe o "dr. Bezerra de Menezes20", que pouco depois informou: "Sua vista amoleceu por razões que não podemos saber agora. Prepare-se para ir a tratamento em Belo Horizonte, para que sua família não diga que você ficou sem se tratar por nossa causa" (: 29). Dois dias depois, soube do diagnóstico oficial: "Isso é um tipo de catarata [...] inoperável" (idem). Chico Xavier tinha então apenas 21 anos. Ele decidiu consultar Emmanuel a respeito. "Tenha serenidade, [...] você está sob cuidado dos benfeitores espirituais e sob a assistência de médicos atenciosos e amigos" (Barbosa, 1992 [1967]: 85), disse-lhe o espírito. "Quer dizer que preciso tratar-me?" (idem), perguntou Chico desapontado, acrescentando em seguida: "O senhor quer dizer que embora eu seja médium [...] não posso esperar a intervenção do Plano Espiritual em meu benefício para curar-me?" (idem). Emmanuel retrucou:
Por que você receberia privilégios por ser médium? [...] a condição de médium não exonera você da necessidade de lutar e sofrer, em seu próprio benefício, como acontece às outras criaturas que estão no Plano Físico. (Idem)
Chico Xavier não se resignou de imediato. Perguntou como poderia desenvolver a tarefa de escrita dos livros espíritas, que apenas se iniciava, se a deficiência visual de que era portador dificultava-lhe o trabalho. Disse-lhe o guia: "Confie no Senhor, pois sua doença é arrimo que ele enviou em seu auxílio" (: 86). Chico alegrou-se imediatamente: "Então Jesus vai curar-me?" (idem). Ele mesmo prossegue o relato:
Emmanuel me fitou [...] e mandou que eu abrisse O evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo VI [...]. Então comecei a ler em voz alta [...]. Quando atingi a palavra "aliviarei", nosso Amigo Espiritual sustou-me a leitura e disse: "Compreendeu bem? Jesus não promete curar-nos, isto é, retirar-nos [...] das obrigações que nos cabe cumprir perante as leis de Deus mas promete aliviar-nos e auxiliar-nos. (Idem)
Sem outra alternativa, Chico Xavier afinal deixou-se convencer: "Resignei-me", disse ele (idem).
Anos mais tarde, quando perguntado sobre a doença nos olhos, dizia: "Todo médium tem seus testes" (: 47). Ou então afirmava: "Eu não poderia escapar. Ainda hoje devo sofrer para aprender" (idem). Houve também ocasiões em que fez suas as palavras de Emmanuel, como, por exemplo, nessa entrevista: "Decerto o Mundo Espiritual permite que eu passe por [...] provações para mostrar-me que receber livros [...] não me cria privilégio algum" (: 32).
Revendo mais tarde sua trajetória, ele assim a resumiu: "Emmanuel tenta adaptar-me para a colaboração com ele, desde 1931 até agora, assim como um viajante [que] procura domar um animal freado e irrequieto, a fim de realizar uma longa excursão" (: 66; destaque meu).
O modo como Chico Xavier retrata o processo de sua conversão e assujeitamento à vontade dos espíritos permite observar que a produção da liminaridade, característica dessa fase, expressa-se tanto por gestos de ruptura, como de continuidade em relação à filiação religiosa de origem. O modo de construção da relação entre médium e guia espiritual é exemplar especialmente com relação a esse último aspecto: de um lado, essa relação ritual se inscreve nos termos do parentesco simbólico, traduzindo-se o apadrinhamento numa relação de proteção de tipo filial, o que remete ao modelo santorial próprio do Catolicismo popular; de outro, o aporte institucional, eclesiástico católico, também aparece como fundamento da autoridade do espírito-guia. Além do preceito institucional da obediência, que inscreve essa relação, a própria imagem do guia, divulgada pelos espíritas, remete ao modelo institucional católico. Basta observar as fotos reproduzidas em livros espíritas a partir da narrativa de Chico Xavier: nestas Emmanuel aparece sempre com vestes sacerdortais, semelhantes às de um padre jesuíta21. Os trajes que ele ostenta (uma espécie de batina preta) assim como a rígida disciplina de trabalho e de vida que impôs ao médium são típicas desse aporte institucional.
Donde se pode afirmar que nessa primeira etapa do percurso iniciático de Chico Xavier a experiência da conversão é construída a partir de um duplo sincretismo com a tradição católica. Na etapa seguinte, porém, prevalece a interlocução com o modelo institucional, como se verá a seguir.
Vida de santo
Num seu trabalho recente, Le Goff (2001) define São Francisco de Assis como figura de transição entre o medieval e o moderno, sugerindo ter sido uma de suas contribuições a renovação da santidade católica a partir de seu estilo de vida e de apostolado. Em suas palavras: "Tomando e dando como modelo o próprio Cristo e não mais seus apóstolos, ele comprometeu o cristianismo com uma imitação do Deus-Homem" (: 13-4). Além disso, combateu o modelo eremítico de santidade, vigente desde o século IV: "Vencendo ele próprio a tentação da solidão [foi viver em] meio da sociedade [...], nas cidades e não nos desertos, nas florestas ou no campo" (: 13-4). Essas inovações introduzidas implicaram a constituição do espaço público e da vida cotidiana em "esfera de salvação". Com relação a esse último aspecto ­ a santificação da vida cotidiana ­, observa-se, porém, tendência à preservação de práticas institucionais estabelecidas. Segundo Le Goff, os escritos de São Francisco exortam a necessidade de "respeitar os três votos: de obediência, de pobreza e castidade" (: 93).
O "itinerário de santidade" (Certeau, 1982) de Chico Xavier segue esse mesmo modelo, o que significa que a narrativa de sua vida e carreira religiosa encenam uma noção de santidade que, a exemplo de São Francisco de Assis, "se manifestam menos por milagres [...] e pela exibição de virtudes, do que pela linha geral de uma vida totalmente exemplar", conforme sugere Le Goff (: 43).
Para Chico Xavier, como outros santos, a constituição dessa vida santificada não transcorreu, porém, sem hesitações, incertezas, dificuldades. Sua narrativa, de início, é, portanto, freqüentemente marcada pelo lamento. Mas com o tempo ele próprio começa a produzir provas de humildade, um dos preceitos básicos da vida de santo. Trata-se de um ideal de comportamento, que deve se manifestar publicamente de várias formas, inclusive como modo de auto-representação, como indicam alguns dos exemplos acima mencionados.
A renúncia complementa esse modelo de construção da vida de santo. Nesse caso, porém, ela não se manifesta por meio do retiro da sociedade e, sim, pela criação de um estilo de vida sui generis, cuja marca de separação consiste na oposição a certos valores culturais e práticas correntes em seu meio social. Os relatos biográficos de Chico Xavier evidenciam que essa construção de uma vida santificada não teve o mérito da inovação. Em larga medida ele a produziu inspirando-se no modelo monástico de virtuosidade católica, para o qual constitui preceito fundamental a renúncia ao sexo, ao casamento e a bens materiais:
Para que os livros nascessem de minhas pobres faculdades, de modo mais intenso [...] foi preciso, diz-nos Emmanuel, que eu aceitasse a existência em que me encontro, na qual o matrimônio [...] não seria possível. Isto não quer dizer que a mediunidade crie antagonismos entre médium e casamento terrestre, mas sim que determinadas tarefas mediúnicas requisitam condições especiais para que se façam cumpridas. (Folha Espírita, nov. 1976, apud Nobre, 1996: 145)
A renúncia ao matrimônio como condição de realização plena da potencialidade mediúnica sugere a concepção cristã do sacerdócio. No depoimento de Chico Xavier, como no de outros médiuns (cf. Dantas, 1988; Rodrigues, 1987; Prandi, 1996), observa-se que a imposição da castidade legitima a releitura da própria biografia como a história de uma eleição. Os relatos consultados evidenciam, porém, que a tendência de Chico Xavier ao celibato se configurou, a princípio, independente da questão mediúnica.
Na fase adulta, o tema passou do circuito familiar à especulação pública. Os boatos, muitas vezes contraditórios, corriam com freqüência na imprensa. "Boatos de [um] possível casamento", afirma Schubert, "aconteceram mais de uma vez" (1986: 297). A maioria das especulações, no entanto, girava em torno da suposta homossexualidade do médium. A fala fina e mansa, complementada por maneiras delicadas, alimentou com freqüência insinuações a respeito. Chico Xavier, porém, jamais aceitou o rótulo de homossexual. Celibatário convicto, ele inúmeras vezes explicitou essa sua condição. Ele se defendia de insinuações a respeito de sua conduta sexual recorrendo a frases feitas: "De que vale um perfume preso a um frasco?" (Souto Maior, 1995: 74). Ou então: "Por que ficar preso a uma mulher?" (idem). Fazendo uso dos mesmos argumentos de que se serve o clero católico, por vezes dizia: "minha família é a humanidade" (idem).
Capitalizadas simbolicamente, as práticas do celibato e da castidade foram no decorrer do tempo ressignificadas, transformando-se de componente da personalidade do médium em forma de expressão modelar da mediunidade espírita. Não sendo esta, porém, uma norma doutrinária, o que esse percurso sinaliza é a apropriação por Chico Xavier de práticas institucionais de construção da santidade católica.
O mesmo se observa no que se refere à relação com bens materiais. A experiência de pobreza veio-lhe de berço. Mas o desapego aos bens materiais, como forma de sinalizar distanciamento das "coisas do mundo", foi uma experiência construída, referenciada no voto de pobreza católico. Dos relatos de Chico Xavier se depreende que este pouco desfrutou, em mais de 90 anos de existência, das benesses do chamado "mundo moderno". A princípio, em conseqüência das restrições financeiras que caracterizaram as condições de vida de sua família. Mais tarde, por opção pessoal: seus livros psicografados, traduzidos em várias línguas, renderam milhões em direitos autorais. Ele, contudo, nunca se apropriou de qualquer parcela desses rendimentos. Oficialmente, por meio de registro em cartório, doou os proventos dos livros mediúnicos às editoras de seus livros, bem como a inúmeras obras sociais. Viveu sempre exclusivamente de seu minguado salário de funcionário público de baixo escalão. Como prova de gratidão, muita gente chegou a lhe oferecer dinheiro. Chico recusava sistematicamente: "Ajude o primeiro necessitado que encontrar", dizia ele. O mesmo fazia com os presentes com que era agraciado. Sistematicamente recusou também doações que lhe foram feitas, envolvendo terras e dinheiro. Tudo foi repassado a instituições de caridade.
Complementa esse exercício de renúncia, a prática da caridade, cujas formas introduzidas por Chico Xavier se tornaram, mais tarde, modelares para a prática espírita. Também com relação a essas se observa inspiração em práticas institucionais católicas. É o caso da peregrinação, denominação dada por Chico Xavier às visitas semanais que realizava, aos sábados à tarde, a famílias que viviam embaixo de uma ponte em Pedro Leopoldo. Acompanhado de um grupo de amigos, ele lhes levava doações feitas durante a semana em roupas e alimentos. O cenário urbano servia-lhe, assim, de palco para a pregação do Evangelho. Em Uberaba, onde ele se estabeleceu alguns anos mais tarde, essa atividade se estendeu também aos bairros de periferia. Realizadas ao ar livre, suas pregações se tornaram famosas. Essa atividade "extramuros" era complementada com as visitas a doentes em hospitais e a presidiários. Ao contrário dos evangélicos, porém, Chico Xavier não fazia pregações: "Não poderia aproveitar que eles estão atrás de grades para fazer sermão" (Souto Maior,1995: 218). Finalmente, à época do Natal, saía em caravana de carros pelos bairros de periferia distribuindo presentes.
No bojo dessas práticas insinua-se a idéia de que a santidade como modo de vida se realiza por meio da prática de doação. Este é um elemento-chave da ética cristã da santidade: enquanto os demais fazem e acumulam para si (ou para os seus), o santo é aquele que acumula gestos e práticas de doação aos outros. Esse ideal se realiza a partir de padrões culturais, podendo concretizar-se, portanto, de formas variadas. O que distingue a santidade espírita no Brasil, concretizada pela vida de Chico Xavier, é o éthos institucional católico de que esta se impregnou22.
O Espiritismo no Brasil: versões concorrentes
"Santidade", afirma Rubem C. Fernandes, "é um tema maior da religiosidade brasileira" (1994: 197). Sua importância é de tal ordem que no Catolicismo "ouve-se costumeiramente falar em 'Santa Trindade', 'São Bom Jesus', 'Festa do Divino'" (idem). Segundo o autor, "pelas artes do sincretismo", essa noção estendeu-se também a outros universos religiosos.
As divindades africanas de origem ioruba, os orixás, também são chamados costumeiramente de santos. Com efeito, os fiéis afro-brasileiros são referidos como "povo do santo" e diz-se de alguém iniciado que ele ou ela "é do santo". Os pentecostais assimilam a palavra evangélica "sede santos como eu sou santo" e distinguem-se entre as denominações protestantes pela ênfase na presença ativa do Espírito Santo. (Idem)
O Espiritismo também não foge à regra, se considerarmos que Chico Xavier, seu personagem-símbolo, tornou-se conhecido, dentro e fora do âmbito espírita, como um "homem santo".
Resistências a esse modelo de expressão do Espiritismo brasileiro, no entanto, começaram a se delinear especialmente a partir dos anos 80. Configurando tendências ainda em construção, essas novas correntes se apresentam como outras leituras da tradição. O ponto comum entre elas, parece-me, reside na busca de afastamento da leitura católica de que se impregnou o Espiritismo com Chico Xavier. Na maioria dos casos a estratégia adotada consiste na constituição de outros interlocutores, dentro e fora do campo religioso, resultando, em conseqüência, a possibilidade de se trilhar caminhos diversos, como ocorreu, por exemplo, com Waldo Vieira e Luiz Antonio Gasparetto. O primeiro, depois de abandonar a prática espírita, envolveu-se na organização de um movimento de cunho paracientífico (a chamada Projeciologia, posteriormente renomeada Conscienciologia), ao passo que Luiz Antonio Gasparetto procurou promover a inovação da doutrina por meio da síntese desta com idéias e práticas de auto-ajuda e do universo da chamada Nova Era.
D'Andrea (2000) sugere que o aumento do número de adeptos do Espiritismo ocorrido nos últimos anos está intimamente associado a essa fragmentação do movimento, ocorrida nas últimas décadas. Segundo esse autor, o processo de fragmentação do Espiritismo resultou da incapacidade deste em atender a demandas divergentes de segmentos da população que se diferenciam "especialmente no que tange a estilos de vida, articulados com níveis de renda" (: 136). O ponto crucial, acrescenta ele, consiste nas "pressões [...] e necessidades [...] de indivíduos de classe média alta [que] se chocam com o excessivo tradicionalismo e intelectualismo dogmático das instituições kardecistas oficiais" (: 139).
Protagonistas desse movimento, os dois personagens citados têm capitalizado essas demandas, juntamente a outros grupos e lideranças. As alternativas por eles construídas expressam, de forma exemplar, duas tendências dominantes, que podem ser observadas também em outros contextos nacionais: a busca de aproximação com a ciência, de um lado; o estabelecimento de interlocução com grupos, seitas e práticas que remetem ao ideário da chamada Nova Era, de outro. No presente caso a trajetória de Waldo Vieira ilustra a primeira alternativa, enquanto o percurso de Luiz Gasparetto ilustra a segunda. No que segue apresento uma síntese do percurso desses dois personagens, de forma a delinear com mais precisão a construção dessas duas alternativas, surgidas do confronto com o viés católico assumido pelo Espiritismo no Brasil. Religião, ciência ou auto-ajuda? trajetos do Espiritismo no Brasil -

Notas

1 Este ensaio condensa algumas das principais idéias que apresento em minha tese de doutorado em Antropologia Social, defendida na Universidade de São Paulo, intitulada Entre dois mundos: o espiritismo da França e no Brasil (1999, mimeo.). Agradeço a José Guilherme Magnani, orientador, pelo estímulo constante e a Capes pelo financiamento das condições materiais para a realização desta pesquisa.

2 Esses dados foram obtidos em matérias de imprensa divulgadas à época pelas agências on-line: Isto É Online; GloboNews; Folha Online; JB Online.

3 Publicado em 1932 pela Federação Espírita Brasileira, Parnaso de além-túmulo teve como primeiro comentarista o escritor e jornalista Humberto de Campos, que escreveu dois artigos no Diário Carioca. O jornal O Globo entrou no debate mais tarde. Em 1935 enviou um jornalista, Clementino de Alencar, a Pedro Leopoldo (MG), onde vivia Chico Xavier, para investigar in loco a autenticidade de suas práticas mediúnicas. Publicadas semanalmente, as matérias desse jornalista ocuparam as páginas do jornal O Globo por mais de um mês.

4 Os termos desse processo judicial bem como artigos de juristas e literatos que na época participaram dos debates foram compilados por Miguel Timponi (1978 [1959]). Para mais detalhes sobre esse episódio veja-se Stoll (1999).

5 Além de ser noticiado na imprensa espírita, o fato foi comentado com escárnio pelo National Enquire e pelo Physis News dos Estados Unidos. Apesar disso, outras mensagens psicografadas por Chico Xavier foram utilizadas como instrumento de defesa em dois outros processos, nos anos 80 (cf. Souto Maior, 1995: 207).

6 Matérias sensacionalistas ainda por vezes ocorrem, mas nestas os personagens centrais são hoje seus familiares, haja vista as recentes denúncias registradas na imprensa quanto aos maus tratos que o médium estaria sofrendo por parte destes, alguns dos quais também se acusa de estarem envolvidos no desvio de donativos destinados a instituições filantrópicas. A título de exemplo consulte-se a matéria "Casa da guerra. Filho adotivo e nora de Chico Xavier brigam por dinheiro" (Veja, 14 de fevereiro de 2001).

7 A íntegra do programa se encontra publicada sob o título Pinga-fogo com Chico Xavier (São Paulo, Edicel, 1987).

8 Os trabalhos mais recentes produzidos sobre o tema incluem estudos de caráter histórico como o de Damazio (1994), predominando, porém, os estudos antropológicos, entre eles, Cavalcanti (1983), Giumbelli (1994) e D'Andrea (1996 e 1997).

9 Veja-se Birman (1992 e 1994); Sanchis (1994a e 1994b); Mariz & Machado (1994); Negrão (1997); dentre outros.

10 A Livraria Garnier, considerada à época a principal casa editorial do Rio de Janeiro, lançou o primeiro título, O livro dos espíritos, em português, em 1875. Isto é, 15 anos depois da segunda edição do mesmo na Europa. Segundo consta, o sucesso de público alcançado pela obra estimulou o lançamento pela Livraria Garnier, nesse mesmo ano, de dois outros títulos publicados por Allan Kardec: O livro dos médiuns (1861) e O céu e o inferno (1865). Cf. Machado (1983: 117).

11 Cândido Procópio Camargo publicou o primeiro título sobre o tema – Kardecismo e Umbanda –, em 1960. Mais tarde publicou um novo estudo, intitulado Católicos, Espíritas e Protestantes (1963).

12 Roger Bastide escreveu primeiro um artigo, Spiritism au Brésil, publicado em Archives des Sciensces Sociales des Religions (24, juil.-dec. 1967). As idéias básicas deste artigo foram posteriormente reapresentadas num capítulo de As religiões africanas no Brasil (1985 [1960]).

13 Para análise detalhada da produção desses autores a respeito do Espiritismo, assim como de outros que os sucederam no estudo desse tema, veja-se Stoll (1999: capítulo 2).

14 Giumbelli (1994) chama atenção no seu trabalho para a complexidade dessas relações fora do campo religioso, destacando em particular a interlocução entre o Espiritismo e os campos médico e jurídico no Brasil, entre 1890 e 1940.

15 Magnani (1999) sugere o uso do termo neo-esotérico em lugar de expressões correntes como "movimento Nova Era" (Amaral, 1998) ou "New Age" (D'Andrea, 1996) na medida em que não se trata exatamente de um movimento articulado, mas de um conjunto de sistemas religiosos, filosofias e práticas de origens e matizes os mais diversos, cujos pontos de articulação estão em constante movimento e reconstrução.

16 A literatura espírita e acadêmica sustenta ter sido Bezerra de Meneses, fundador e primeiro presidente da Federação Espírita Brasileira, um dos principais responsáveis pela institucionalização da feição religiosa de que se revestiu o Espiritismo no Brasil. O papel de Chico Xavier parece-me, porém, fundador na medida em que sua exemplaridade o torna um modelo a ser seguido pelos adeptos da doutrina.

17 "Palavras minhas", texto publicado na introdução de seu primeiro livro, Parnaso de além-túmulo (1932), descreve a iniciação de Chico Xavier na experiência e prática da mediunidade. "Explicando", publicado em Emmanuel (1938), relata o seu primeiro encontro com Emmanuel, seu guia-espiritiual.

18 Lembra Le Goff a respeito de São Francisco de Assis que "o santo, em sua humildade, não trata de si próprio. Não se pode, portanto, esperar de sua obra [...] informação [...] sobre sua vida" (2001: 45). Quando isso ocorre, porém, como nos casos contados por Chico Xavier, a intenção é que estes sirvam "como exemplo" (idem).

19 Para a construção desse modelo narrativo baseio-me em Certeau (1982) e Beinert (1990).

20 Trata-se do espírito de Adolfo Bezerra de Meneses, morto em abril de 1900, no Rio de Janeiro. No meio espírita ele é reverenciado como um dos principais divulgadores da doutrina kardecista no século passado. Além de médico, jornalista e presidente da Federação Espírita Brasileira, ocupou cargos eletivos: foi vereador por duas gestões e elegeu-se deputado geral em 1867. Morreu aos 69 anos e, segundo os relatos registrados na bibliografia consultada, logo em seguida começou "a se manifestar" mediunicamente por meio de Chico Xavier. A sua relação com o médium não é historiada pela literatura consultada. Apenas se informa que foi por meio desse espírito que Chico Xavier praticava a atividade receitista.

21 Emmanuel, que se apresenta como espírito que teve algumas encarnações à época do Império Romano, segundo relato de Chico Xavier em sua última experiência terrena, foi o jesuíta Manoel da Nóbrega, um dos fundadores da cidade de São Paulo. Veja-se a esse respeito Costa e Silva (1995 [1977]); Tavares (1991 [1967]) e Machado (1983); dentre outros.

22 Afirma Da Matta sobre esse tema: "sabemos que o modelo de quem renuncia na sociedade ocidental é aquele encampado e legitimado pela Igreja, em sua incorporação do paradigma de Cristo" (1981: 207; destaque meu). Esse modelo permite, porém, segundo o autor, duas formas de aproximação: "A primeira é feita pela própria ideologia da Igreja Católica, com sua vida votiva de castidade (renúncia à reprodução e ao prazer físico), de pobreza (renúncias às glórias deste mundo) e de obediência (renúncia à própria individualidade) [...]. A segunda é feita com a política, quando em certas sociedades e circunstâncias históricas, o líder político que atinge o poder [...] apresenta-se como um sacrificado e verdadeiro renunciador das glórias desse mundo" (: 207-8).

23 Os dados relativos à história pessoal e carreira de Waldo Vieira se baseiam no trabalho de D'Andrea (2000).

24 A constituição de um glossário é a base da produção literária de Waldo Vieira. Em geral, os conceitos por ele produzidos resultam de uma construção etimológica baseada na bricolagem de prefixos e sufixos de palavras preexistentes. É o caso de termos como, por exemplo, holopensene, que resulta da seguinte conjunção: holo=todo, pen=pensamento, sen=sentimento, ene=energia, ou seja, "um conjunto-padrão de pensamentos, sentimentos e energias" (apud D'Andrea, 2000: 167), que se acredita influenciar todo e qualquer grupo de pessoas, "auxiliando-o ou prejudicando-o" (idem) conforme o contexto.

25 O Instituto de Projeciologia apresenta organização administrativo-burocrática "complexa e altamente departamentalizada". Seguindo moldes empresariais de estruturação, a "matriz" se liga uma rede de "filiadas"e "núcleos" espalhados pelo Brasil, assim como no exterior. Os seus dirigentes porém raramente são remunerados (cf. D'Andrea, 2000: 165).

26 Observa D'Andrea (: 171) que esse deslizamento perde força com o tempo: da mesma forma que ocorreu com Kardec, no movimento organizado por Waldo Vieira cresce, com o passar do tempo, a tendência à moralização do discurso.

27 Os dados sobre Luiz Gasparetto constam de minha tese de doutorado, tendo sido obtidos por meio de pesquisa etnográfica e documental.

28 Sobre essa questão da busca de redefinição da identidade do Candomblé baiano veja-se os artigos de Consorte (1999) e Ferretti (1999), dentre outros.


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Francisco Cândido Xavier Texto elaborado por Carlos Alberto Ferreira

Retirado da Revista doII Congresso Português de Espiritismo

Francisco Cândido Xavier, mais conhecido por Chico Xavier, considerado o médium do século e o maior psicógrafo de todos os tempos, nasceu em Pedro Leopoldo, pequena cidade do estado de Minas Gerais, Brasil, no dia 2 de Abril de 1910.
Filho de um operário pobre e inculto, João Cândido Xavier, e de uma lavadeira chamada Maria João de Deus, falecida em 1915, quando o filhinho contava apenas com 5 anos de idade. Na altura tinha mais 8 irmãos, tendo todos sido distribuídos por vários familiares e pessoas amigas. Como órfão de mãe em tenra idade, sofreu muito em casa de pessoas de precária sensibilidade.
Aos nove anos seu pai, já casado novamente, empregou-o como aprendiz numa indústria de fiação e tecelagem. De manhã, até às 11 horas, frequentava a escola primária pública, depois trabalhava na fábrica até às 2 horas da madrugada. Aprendeu mal a ler e a escrever. Quando concluiu o pequeno curso da escola pública empregou-se como caixeiro numa loja e mais tarde como ajudante de cozinha e café.
Em 1933 o Dr. Rómulo Joviano, administrado da Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo, deu ao Jovem Xavier uma modesta função na Fazena e lá se tornou um pequeno funcionário público em 1935, tendo trabalhado consecutivamente até finais dos anos cinquenta, altura em que foi aposentado por invalidez (doença incurável nos olhos), com a categoria de escrevente dactilógrafo . Não podemos deixar de registrar, sob pena de cometermos grave omissão, que durante as décadas que esteve ao serviço do Ministério da Agricultura, jamais -- não obstante a sua precária saúde e trabalho doutrinário, fora das horas de serviço -- deu uma única falta ou gozou qualquer tipo de licença, conforme documentos facultados pelo M. A. Em finais da mesma decáda de cinquenta, vai residir em Uberaba - MG, por motivos de saúde e a conselho médico, onde permanece até hoje e apenas com a sua magra reforma (aposentadoria).
As suas faculdades mediúnicas são extraordinárias, Sua mediunidade (capacidade natural de ser intermediário entre o plano material e o plano espiritual) manifestou-se, quando tinha 4 anos de idade, pela clarividência e clariaudiência, pois via e ouvia os Espíritos e conversava com eles sem a mínima suspeita de que não fossem homens normais do nosso mundo. Já como jovem e depois como adulto, muitas vezes não diferencia de imediato os homens dos Espíritos. Aos 5 anos, já órfão de mãe, esta manifestou-se várias vezes junto dele encorajando-o e dizendo-lhe que não poderia ir para casa porque estava em tratamento, mas que enviaria um bom anjo que juntaria novamente a família. Esse bom anjo foi a D. Cidália, a segunda esposa de João Xavier, que para casar com o seu pai fez questão de reunir todos os filhos do primeiro casamento e lhe daria depois mais cinco irmãos.
Quando tinha 17 anos, fundou-se o grupo espírita Luiz Gonzaga , onde rapidamente desenvolveu a psicografia, isto é, a faculdade de escrever mensagens dos Espíritos. Época em que se desligaria da Igreja Católica onde deu os primeiros passos na espiritualidade, mas onde não encontrava explicação para os fenômenos que se passavam com ele, designadamente a perseguição de espíritos inferiores de que era alvo. O padre que o ouvia nas confissões foi um conselheiro, um verdadeiro pai e não o dissuadiu do caminho que iniciou no Espiritismo, mas abençoou-o e nunca deixou de ser seu amigo.
No centro espírita começou a psicografar poemas notáveis de famosos poetas mortos, num nível literário tão elevado que os próprios companheiros do grupo não conseguiam atingir integralmente o seu conteúdo. Muitos desses poetas eram totalmente desconhecidos do meio, nomeadamente alguns portugueses: António Nobre, Antero de Quental, Guerra Junqueira e João de Deus. A 9 de Julho de 1932, seria publicada a célebre PARNASO DE ALÉM-TÚMULO , a sua primeira obra psicografada que iria abalar os meios intelectuais do Brasil e tornar conhecida a pacata Pedro Leopoldo. O estilo dos 56 poetas mortos, entre os quais vários portugueses, era precisamente idêntico ao estilo dos mesmos enquanto vivos, informavam os literatos das academias e universidades dos grandes centros culturais do Brasil, embora não soubessem explicar o fenômeno. Seria o início da sua imponente obra mediúnica que hoje já ultrapassa os 350 livros.
Bastava apenas um desses livros para constituir um roteiro seguro para o homem na Terra rumo à sua alforria, à sua felicidade. Seus ensinamentos revivem plenamente o Evangelho de Jesus e as lições do Consolador que Kardec -- o discípulo fiel de Jesus -- nos legou com tanto sacrifício e renúncia.
Mas de mil entidades espirituais nos deram informações através das suas abençoadas mãos, provando à saciedade a imortalidade do Espírito e a sua comunicabilidade com os homens. Mas falar de Chico Xavier é falar de Emmanuel que indelevelmente estará ligado à sua missão. Esse venerando Espírito é o seu protector espiritual e manifestou-se-lhe pela primeira vez de forma ostensiva em 1931, acompanhado-o desde então até hoje. A respeito desse Benfeitor espiritual nos diz o próprio médium:
Lembro-me de que num dos primeiros contactos comigo, ele me preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por tempo longo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e disse mais que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo.
Emmanuel propõe ainda ao jovem Xavier mais três condições para com ele trabalhar: 1ª condição, DISCIPLINA 2ª condição, DISCIPLINA, 3ª condição, DISCIPLINA.
Entre as muitas dezenas de obras mediúnicas de Emmanuel, destacamos os cinco documentos históricos, retirados dos arquivos do plano espiritual, que constituem autênticas obras primas de literatura, e que nos mostram o nascimento do cristianismo e a sua paulatina adulteração logo nos primeiros séculos da era. São os romances mediúnicos baseados em factos verídicos: HÁ 2000 ANOS ... (a autobiografia de Emmanuel, a história do orgulhoso senador romano Públio Lentulus), 50 ANOS DEPOIS , AVÉ, CRISTO , RENÚNCIA e PAULO E ESTEVÃO (a história de um coração extraordinário, que se levantou das lutas humans para seguir os passos do Mestre, num esforço incessante ). Esta última obra, de 553 paginas, por si só justificaria a missão mediúnica de Chico Xavier, segundo o erudito J. Herculano Pires.
Em 1943 comecara a utilizar a mediunidade do abnegado médium uma nova entidade espiritual que assinará as suas mensagens com o nome André Luiz. Quem não conhece, mesmo aqui em Portugal, a quadra: Não se irrite. SORRIA
Não critique. AUXILIE
Não grite. CONVERSE
Não acuse. AMPARE
André Luiz é o pseudónimo utilizado por um espírito que foi médico e cientista na sua última existência e que desencarnou numa clínica do Rio de Janeiro pelo início da década de trinta. É considerado o verdadeiro repórter de além-túmulo. Relata-nos numa séria de 11 livros a experiência do seu passamento, as dificuldades iniciais, o reencontro com familiares e conhecidos que o precederam na partida para o plano espiritual a observação e as expedições de estudo junto de Espíritos de elevada evolução. Esses relatos começam com o já célebre, livro NOSSO LAR (nome duma cidade do plano espiritual), hoje traduzido em vários idiomas, entre eles o Japonês e o Esperanto e que já vai na 40ª edição em Português, com 800.000 exemplares editados até hoje. Obra que também iria causar e ainda causa uma certa polémica. Nessa série de reportagens a alma humana é profundamente escalpelizada, e onde se confirma na prática os ensinamentos que Jesus nos legou há dois milênios atrás e que Kardec relembra e amplia tão bem sob orientação do Espírito de Verdade. Um dia, no futuro, os médicos, os psicólogos, os sociólogos, etc., ficarão admirados pela sabedoria neles contida, que já no século XX se encontrava no Planate, apontando diretrizes segura para a felicidade e paz entre os homens.
A obra monumental de Chico Xavier que se considera, segundo suas próprias palavras: um servidor humilde -- humilde no sentido da desvalia pessoal , jamais serviu para beneficiar materialmente a sua pessoa. Todos os direitos autorais foram cedidos graciosamente a instituições espíritas, nomeadamente à Federação Espírita Brasileira, e a instituições de solidariedade social. Quando as autoridades públicas lhe concedem títulos de cidadania (mais de cem já lhe foram concedidos) diz que o mérito não é para ela mas para os Espíritos e sobretudo para a Doutrina Espírita que revive os ensinamentos de Jesus na sua plenitude e que ele não passa de um poste obscuro para a colocação do aviso de que a Doutrina Espírita foi premiada com essas considerações públicas .
Há que registrar também que várias centenas de instituições de solidariedade social forma criadas e inspiradas no seu exemplo e obra: orfanatos, escolas para os pobres, lares de deficientes, sopas dos pobres, campanhas do quilo, ambulatórios médicos, alfabetização de adultos, bibliotecas, etc., etc.
Antes de encerrarmos estas notas gostaríamos de registrar ainda o seu ponto de vista em relação às outras doutrinas, filosofias e ideologias, aliás que são o do próprio Espiritismo, mas passemos-lhe novamente a palavra:
Nosso amigo espiritual, Emmanuel, nos aconselha a respeitar crenças, preconceitos, pontos de vista e normas de quaisquer criaturas que não pensem como nós, mas adverte-nos que temos deveres intransferíveis para com a Doutrina Espírita e que precisamos guardar-lhe a limpidez e a simplicidade com dedicação sem intransigências e zelo sem fanatismo .
Estes são alguns dos traços bioblibliográficos desse abnegado benfeitos que renunciou a tudo para que o mundo seja um pouco melhor e que dá pelo nome simples de Chico Xavier.
Bibliografia
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GENTILE, SALVADOR e HÉRCIO MARCOS CINTRA ARANTES (organizadores e compiladores de entrevistas) -- A terra e o semeador . 5ª edição, IDE, Araras, 1983
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CASO 1: AS CARTAS DE CHICO XAVIER. Em acontecimento inédito na Justiça brasileira e que até hoje causa polêmica, cartas psicografadas pelo médium Chico Xavier serviram de prova para inocentar três acusados de assassinato. Maurício Garcez e Henrique Gregoris, duas das vítimas, viviam em Goiás quando foram mortos a tiros; Gleide de Deus, no Mato Grosso do Sul. Em comum, o fato de terem sido atingidos por disparos acidentais, revelação que só foi possível porque os espíritos dos três teriam enviado mensagens a Chico Xavier. As cartas dos mortos, psicografadas pelo médium, foram admitidas como prova de inocência nos julgamentos. O médium mineiro Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, morreu em 2002 e é considerado um dos líderes religiosos mais influentes do país.

CASO 2: ZÉ ARIGÓ. Nascido em uma fazenda na periferia de Congonhas, José Pedro de Freitas, o Zé Arigó, desde pequeno viu-se assombrado por imagens macabras que o perseguiam. Já na adolescência, recebia a visita de um homem que se dizia um médico alemão, o Dr. Fritz. Com o passar dos anos, Arigó acabou por se submeter aos apelos do espírito, passando a encarná-lo e a curar enfermos. Arigó virou um fenômeno nacional, atraindo multidões à sua casa e ao seu centro espírita, inclusive artistas e políticos. Operava pessoas sem nenhuma assepsia. Para os fiéis, era um milagreiro. Para os médicos, um charlatão. Acabou preso e processado por exercício ilegal da medicina. Sua morte, em janeiro de 1971, foi prevista pelo próprio Zé Arigó. Ele morreu num acidente de carro na Rodovia BR 040.

CASO 3: EXPERIÊNCIA DE QUASE MORTE. Uma sensação de libertação do próprio corpo; uma clarividência e uma rapidez de pensamento jamais sentidas; um êxtase de felicidade indescritíveis. Essas são algumas das emoções narradas por pessoas que vivienciaram a chamada Experiência de Quase Morte (EQM). Pacientes em coma ou pessoas submetidas a afogamentos e outras situações traumáticas narram o que viram do "outro lado da vida", "no limite entre a vida e a morte". A chamada EQM é estudada em vários países do mundo. No Brasil, um dos casos mais famosos é o do menino Francisco Alves dos Santos, atingido por uma flecha disparada por um morador do bairro da Urca. Levado ao hospital, praticamente sem vida, ele garante ter cruzado a fronteira com a morte e voltado ao corpo

Com o espírito do pop Autor :Alexandre Werneck

Um espectro ronda a indústria cultural brasileira. Nesta semana, marcada pelo Dia de Finados, o Linha direta justiça apresenta, na quinta-feira, às 22h50, na Globo, o episódio As cartas de Chico Xavier, em que um caso é resolvido graças à atividade psicográfica do médium.


Televisão, livros, filmes e eventos tiram o kardecismo dos centros e fazem da religião assunto da moda
O programa chega numa época em que os livros As vidas de Chico Xavier e Por trás do véu de Ísis, do jornalista Marcel Souto Maior, ambos da editora , atingem assombrosos números: o primeiro, lançado ano passado, chega às 120 mil cópias vendidas, e o segundo, publicado este ano, às 20 mil.

No mesmo momento, uma edição da Revista das religiões, da Editora Abril, baixa nas bancas com uma capa sobre os 200 anos de Allan Kardec, o pai do espiritismo, com uma tiragem de 60 mil exemplares.
Não é só. Na quinta-feira, o deputado baiano Luiz Carlos Bassuma transformou sessão de homenagem em sessão espírita na Câmara, ao fazer o, digamos, download de uma entidade, e que, há duas semanas, o Primeiro Festival de Música Mediúnica do Rio de Janeiro lotou com quase mil pessoas o Garden Hall, na Barra, não há mais como negar: o espiritismo já é parte da cultura pop.
-Já dei autógrafos do livro para garotos de piercing e para seringueiros da Amazônia. É gente que está em busca de respostas, independentemente de sua religião - diz Marcel Souto Maior, que não é espírita, mas virou uma estrela do meio em suas viagens de promoção dos livros, nas quais dá palestras sobre o tema para platéias de mais de mil pessoas.
A opinião de Souto Maior parece um espelho da do antropólogo Bernardo Lewgoy, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que acaba de lançar o livro O grande mediador - Chico Xavier e a cultura brasileira
- A procura de bens religiosos não é exclusividade do espiritismo. No caso dos evangélicos, por exemplo, há os CDs de música gospel. Existe uma nova relação entre religiosidade e mercado. Há, entre a classe média, uma nova forma de espiritismo new age, mais individual e menos institucional. O espiritismo deixou de ser uma religião de vozes autorizadas para ser diversificado - diz Lewgoy.
Marcel e Lewgoy fazem coro com a jornalista Maria Fernanda Vomero, editora da Revista das religiões, que acha que há uma tendência atual de o espiritismo ultrapassar o interesse pela religião.
- Pode-se identificar tanto o interesse religioso quanto o por uma espiritualidade em geral, genérica. As pessoas querem beber um pouco em cada fonte - diz Maria Fernanda, editora da revista que nasceu, há cerca de um ano, das capas sobre religião que faziam sucesso na revista Superinteressante, também da Abril.
As teses da jornalista e do antropólogo parecem em acordo também com a visão religiosa. Segundo o presidente da Federação Espírita Brasileira, Nestor Masotti, o kardecismo não tem como objetivo angariar fiéis. Por isso, diz ele, não importa se quem apresenta a doutrina é um livro psicografado ou um programa de TV:
- Não temos a preocupação de definir a pessoa como espírita. Não há um batismo a partir do qual ela se torna parte da religião. Se a doutrina está sendo passada com seriedade e com correção, isso é o que importa.
Milton Abirached, diretor-geral do Linha direta, entretanto, tenta minimizar o efeito de onda no qual se inseriria seu programa, que na edição desta semana terá participação de Gracindo Júnior no papel de Chico Xavier:
- O episódio não tem intenção de julgar ou discutir a religião espírita. O espiritismo não é o tema do programa, é apenas um pano de fundo de mais um caso da Justiça brasileira.
Mas uma coisa o diretor não pode negar: o episódio promete render uma enorme audiência e deve atrair espectadores que habitualmente não assistem às reconstituições de crimes que vão ao ar semanalmente.
Lewgoy associa o tipo de produto consumido por esse público a seu perfil socioeconômico. De fato, segundo o IBGE, mais de 59% das pessoas que se assumem como espíritas no país têm nível escolar igual ou acima do médio - padrão mais alto do que de qualquer outra religião. É um público letrado, adulto (média de 35 anos) e, em geral, com dinheiro para fazer downloads da internet, ler, freqüentar e assistir.
- É habitual o espírita juntar arte e religião. Se você pergunta a um seguidor da doutrina sobre um livro kardecista, ele o descreverá, antes de tudo, como esteticamente belo - diz Lewgoy.
Nem todos que foram ao Primeiro Festival de Música Mediúnica, promovido no dia 21 pela instituição de caridade Movimento de Amor ao Próximo, em homenagem ao bicentenário de Kardec (1804-1869), são freqüentadores de um dos 592 centros kardecistas oficiais do Rio. No evento, uma multidão viu apresentações de músicos com composições supostamente inéditas feitas por nomes que vão do sambista carioca Noel Rosa ao operista italiano Giacomo Puccini. Todas as obras teriam sido recebidas por médiuns. O que impressiona é que as composições são músicas religiosas, o que não combina com o estilo dos compositores em vida.
- Nossa preocupação é a caridade, por isso promovemos o evento, que une as pessoas em torno da mensagem espírita - diz o coordenador do MAP, Ivan Perdigão, cujo evento cobrou ingressos de R$ 15 e R$ 20, doados para projetos da instituição.
Souto Maior, Lewgoy, Masotti e Maria Fernanda não discutem a veracidade do que acontece no festival. Falam da necessidade de senso crítico para se avaliar um fenômeno mediúnico, mas dizem que se há sinceridade no evento, ele é louvável.
O crescimento de atividades espíritas fora dos centros parece ter a ver com dois fenômenos. Um deles, apontado por Lewgoy, foi iniciado nos anos 70: a globalização e a abertura para o orientalismo. O outro envolve os processos de crise, indicados por Souto Maior.
- A depressão é o mal do século. E há um ocaso das correntes religiosas tradicionais. A igreja católica tem vivido uma certa paralisia e as evangélicas são constantemente acusadas de interesse financeiro.
O escritor e jornalista, entretanto, não vê associação entre a popularização do espiritismo e a onda de auto-ajuda.
- Esses livros apontam soluções fast-food. O espiritismo exige mais responsabilidade - diz.
Lewgoy também diferencia a onda de consumo de produtos kardecistas das outras tantas turbas de compras da atualidade:
- Comprar um livro religioso não é como comprar um tênis. O grande astro Chico Xavier
No site de comunidades virtuais Orkut, o novo termômetro de popularidade de assuntos, há 12 comunidades para falar de Allan Kardec; cinco para Chico Xavier - uma delas dedicada a discutir o livro de Souto Maior -; e mais 41 genericamente dedicadas ao espiritismo. Entre esses grupos, há desde aglomerados pequenos, de três membros, até multidões de 17 mil integrantes. Isso sem contar com os muitos blogs e sites, cada um mais mergulhado no pop que o outro.
Não é de se supreender, então, que na página da Revista das religiões seja possível baixar um simpático papel de parede com uma caricatura de Xavier e dar um ar mais profundo a qualquer frio desktop.
E esse parece ser o espírito da coisa. Tanto Lewgoy quanto Souto Maior partem em seus livros de uma afirmação para eles indiscutível: o grande responsável por esse fenômeno de popularidade é mesmo o médium mineiro, falecido em 2002.
- Ele tem uma repercussão maior que a religião espírita e tem que ser entendido historicamente - diz Lewgoy que, em seu trabalho, faz uma história da relação do líder religioso com a história do país. Segundo ele, o personagem muda de um determinado perfil nos anos 30, quando é associado ao nacionalismo, até outro entre os anos 80 e sua morte, quando passa a ser visto como uma figura ecumênica e caridosa. Entre essas duas imagens, ele foi ainda o perseguido, quano o espiritismo lutava por sua aceitação, nos anos 50 e 60.
- As pessoas estão se perguntando se a vida é só este consumismo desenfreado que está aí e Chico dá essa resposta, com seu exemplo. Não se pode negar: ele acreditava mesmo em sua missão, que estava ligada à caridade - completa Souto Maior, cujos dois livros devem virar filmes em breve. As vidas será um longa-metragem de ficção, produzido pela Lumière e pela Globo Filmes, que deve se transformar depois em minissérie. Já Véu de Ísis será um documentário.
O diretor teatral carioca Renato Prieto já apresentou, nos últimos 15 anos, a peça Além da vida para mais de dois milhões de pessoas. O próprio Souto Maior fazia parte da platéia desse espetáculo na época em que decidiu escrever a primeira versão de seu livro, lançado pela Rocco, há dez anos, com vendagem de 35 mil exemplares. Desde então, Prieto fez mais oito peças de igual inspiração, a última delas Vidas passadas, cuja temporada carioca de um ano e meio terminou há três meses. No começo do ano, depois de rodar o país, ele volta com o espetáculo ao Teatro dos Grandes Atores.
Prieto conta que, há 25 anos, foi convidado por Chico Xavier, junto com outros artistas espíritas, como os atores Lúcio Mauro, Paulo Silvino, Paulo Goulart e Nicete Bruno e o diretor Augusto César Vanucci, a promover a religião por meio de seus trabalhos. Disso, nasceram não só as peças de Prieto, mas também novelas como A viagem, escrita por Ivani Ribeiro em 1994, ou quadros do Fantástico, dirigidos por Vanucci.- Não há quem não queira saber os porquês da vida. Por isso, o público é muito heterogêneo. Às peças, vai todo mundo, menos os radicais. O grupo que aceita o espiritismo, que é simpatizante, é uma maioria silenciosa - diz Prieto.
Maioria possivelmente, mas nem tão silenciosa assim. É mesmo provável que os espíritas representem um número maior do que os 2,2 milhões determinados pelo Censo 2000. Mas eles fazem barulho nas vendagens de livros. Só dos 412 títulos editados pela própria Federação Espírita Brasileira, já foram vendidos 38,6 milhões de exemplares. Allan Kardec é, disparado, o escritor francês mais lido no Brasil. Coloca Victor Hugo no chinelo com seus mais de 10 milhões de exemplares. Só Chico Xavier já vendeu, pela editora, mais de 15 milhões de cópias de suas psicografias. Somando-se a isso fenômenos como os paulistas Zíbia e Luiz Antônio Gasparetto (que fazem uma linha mais nova era) ou livros como Violetas na janela, de Vera Lucia Marinzeck Carvalho, da editora Petit, um verdadeiro fenômeno literário está configurado.
- Com tanta violência, com tantas dificuldades, as pessoas começam a se interiorizar. O que não dá mais é a pessoa fingir que não vai morrer - conclui Prieto.

The Most Prolific Spiritist Medium in Brazil, Francisco de Paula Candido Xavier, returns to the Spiritual Plane
By Antonio Leite & Renan Lacerda GEAE and SGNY

“Only those who risk going too far, can ever find out how far one can go”

While skeptics choose to remain unmindful to the reality of life after death, the spirit and its progressive march towards perfection, the amount of evidence regarding that matter grows unceasingly.
Within the last hundred and fifty years a great number of intellectuals in various fields of human knowledge, especially in the scientific area, have contributed with important researches in order to help mankind understand its own spiritual reality in a more clear and reasonable way.
To list all of them here would deviate from the main purpose of this work. Nevertheless, it is worth mentioning names such as William Crookes, Frederic Wilhelm Myers, Camille Flamarion, Leon Denis, Alfred Russel Wallace, Gabriel Delane, Charles Richet, Arthur Conan Doyle, William James, Sir Olive Lodge, Robert Hare, Gustave Geley, James Hervey Hyslop, William Stainton Moses, Robert Hare, Epes Sargent, Alexandre Aksakof, Robert Dale Owen, Richard Hodgson, Ian Stevenson among many others. It is also opportune to make reference to the extensive evidences comprised in the Proceedings of the Society for Psychical Research in London as well as the American Society for Psychical Research.
The huge amount of evidence in this field discovered by these men through organizations alike, should be enough to lead one to the inevitable conclusion that we are spirits who are here in a journey of learning.
Accordingly, mediumship is the key that will lift up the veil that still lays over the natural link which connects the material and the spiritual worlds. It also holds the secret that will unfold the laws, which at this point is mostly unknown. These laws will make us understand that we all belong to the same and only family that inhabits the universe. This family comprises of all the brotherhood of humanity, incarnate and discarnate, bound in a chain of unavoidable fraternity, under the banner of a true charity and the sovereignty of the same Father – God.
Many devoted men and women throughout the world have contributed significantly to spread the knowledge regarding mediumship. However, only a few of them were able to fulfill the task of being true missionaries in this field, in a sense of not only spreading the messages from the Superior Spirits, but also living accordingly.
Francisco de Paula Candido Xavier, also known as Chico Xavier, lived his life as a true missionary and fulfilled the mission of mediumship according to the most pure and elevated teachings of the Christian precepts:
Love your neighbors and your enemies and give for free what has been received freely.
Reading the Guardian’s article by Alex Billos (Brazil's leading medium, his many books were dictated by the dead), published in our last
Spiritist Messenger, one will realize just how big his work was in the field of mediumship. This fact would make him the greatest medium ever in the history of mankind, because as far as we know, no one else has channeled over four hundred books, which touch almost any subject of human knowledge.
Although our intent is not only emphasizing how big his work was, we would like to share some further information with our readers regarding the capacity of Francisco Cândido Xavier as a medium. Guy Lyon Playfair in his interesting book entitled “The Indefinite Boundary”, (1) while mentioning the series of books known as
Nosso Lar, channeled by the Brazilian medium through the spirit of André Luiz, makes the following assertion:
“…and most important of all, the series contains a huge mass of information that we cannot possibly expect Chico to have obtained from any normal source. His formal education ended at primary level in 1923, when he was thirteen, and yet the Nosso Lar series (2) shows clear signs of having been written by somebody with a professional knowledge of medicine, especially anatomy, and far more than the average layman’s familiarity with physics, chemistry, biology, embryology, psychology and the history of evolution. Moreover, the books reveal a complete mastery of the Portuguese language, superior to that of many a Brazilian who has been through a university education.” (3)
Anyhow, it was the example of a life of humbleness, simplicity and total devotion to his fellow human beings which characterizes him as a true missionary. His entire life was devoted to others and it gives us a slight glimpse of what the real meaning of the word LOVE really is.
In the aforementioned book, Guy Lyon Playfair bears witness to this aspect of the medium’s life, stating:
“Chico’s life is a model of Christian humility. He gives all he has, and asks for nothing in return.” (4)
Guy Lyon Playfair is a journalist who was born in India and educated in London, he lived and worked in Brazil for almost two decades, studied the Spiritist Doctrine and had the opportunity of knowing the medium personally.
In another excellent book entitled “The Flying Cow – Research into Paranormal Phenomena in the World’s most Psychic Country” (5) he gives us an impressive amount of information regarding the medium, his work and his life. The first chapter of the book is dedicated to Chico Xavier and makes a considerable analysis about some of the interesting books of the series. We would like to share some of this information with our readers.
“Before he left for Uberaba, however, Chico was to produce one of his most impressive books, which seems to have been deliberately planned to confound critics, both as regards its subject matter and the extraordinary way it was put together.
This was Evolution in Two Worlds (Chico’s sixtieth book), and it marked a departure in his routine in that it was the first of a total of seventeen to be automatically written in collaboration with another medium. The second writer was a young doctor and Spiritist called Waldo Vieira, a member of the staff of Uberaba’s dentistry and pharmacy faculty who also ran a free clinic at the centre Chico was to join.
The interesting feature of this collaboration was that Chico, still in Pedro Leopoldo, would receive one chapter while Dr. Vieira would receive the next three days later and 250 miles away. In this way they produced the book’s forty chapters at alternate sessions between January 15th and June 29th, 1958. Only upon completion of his half did Chico get instructions from his guide Emmanuel to contact Dr. Vieira and put the book together. (…) It reveals an immense knowledge of several sciences that no ordinary writer, even a qualified scientist, could have assembled without copious research and note-taking, and despite the wide education gap between the two writers, the unity of style is total. One Chapter frequently begins exactly where the previous one leaves off.” (6)
The author goes on by describing the role of some of the books in the André Luiz Collection, mentioning particularities regarding other books of the series such as And Life Goes On; (7) Brazil, Heart of the World, Fatherland of the Gospel; and Mechanisms of Mediumship. In his analysis regarding some of the books of the series, he states:
“Tantalizing as such scraps of parascientific information from the other side may be, they are nothing compared to what is to be found in the last two books in the Our Home (Nosso Lar) series. These are Evolution in Two Worlds (1950) and Mechanisms of Medimship (1960), and they contain a mass of technical information on the functioning of both physical and spiritual worlds the like of which has never been received from any source, normal or otherwise, in the history of literature.”
“Mechanisms covers much of the ground mapped out by Kardec in his The Mediums’ Book, which I assume anyone seriously interested in the subject will already have read. It goes much deeper, however, into the actual workings of mediumship, as its title implies, while making it clear that the ultimate mystery of life is just as mysterious to the spirits as it is to us.” (8)
And he follows in his assertions:
“The Our Home collection is the most complete study ever written on the workings of the spirit world. Had it now been written by a supposed spirit, I suspect it would by now be regarded everywhere as a classic. This applies to a fair amount of Chico’s other books as well, especially the poetry and historical novels, for what is most surprising of all about his oeuvre is not so much its quantity as its overall high quality.” (9)
In the work of his divine mission of mediumship, Francisco Candido Xavier’s greatest concern was always to serve his fellow human beings and to help them in order to bear their trials with courage and abnegation. This is what makes him a true missionary, a champion of this noble mission of mediumship, which will play the biggest role in the transformation of our world for years to come. Much is yet to be understood regarding this divine gift that is given to all, despite their social, racial or religious condition.
Another prominent Brazilian medium, Divaldo Pereira Franco, delivered an emphatic hail of gratitude to Chico Xavier’s loyalty to the Spiritist Doctrine’s major precept regarding the practice of medimship, saying:
“His abnegation in the practice of the mediumship, who never commercialized under any pretext, transformed in a safer pattern of moral behavior for anyone that is affected with the spiritual interchange.” (10)
Chico Xavier endured many trials in his life of absolute devotion to the practice of his mission as a medium. The first and most devastating one was the orphanage. His mother died when he was five years old and he was left to have a heartfelt and suffering childhood. At the age of eleven he was already working in a textile factory due to the fact that his income would play an important role in the maintenance of a family of nine children.
It would take too long to describe the type of trials that he went through, but he always persisted renitent in his mission. His family had trouble comprehending him, for he refused to use his mediumship for earthly gains. He was often persecuted by the pulpit, and attacked by those who felt troubled by his devotion to help the needy.
Rather than being upset, he would always wave to those who tried to harm him with a warm message of forgiveness and comfort and invite them to join him in his fight against prejudice and ignorance. He would wisely and patiently listen to whatever was delivered to him with an unimaginable peace characteristic of those who have their conscience at ease.
"He who has no reason to criticize me deserves no response; whoever does have it, is being truthful, and we are powerless to go against the truth. This is what Emmanuel has been teaching me. For this reason, during my entire life I have tried to listen in silence to the truths and lies that have been said about myself." (11_
Guy Lyon Playfair is emphatic in registering the medium’s absolute lack of interest in profiting from mediumship, which is unanimously recognized by all.
“Yet despite his enormous popularity and record-breaking sales, Francisco Candido Xavier is a poor man. He has never sought nor receive a single payment for anything he has written.”
“Despite the publicity he has attracted throughout his career, though he has never sought any, Chico is a man of almost pathological modesty and humility. He only took up writing in the first place at the insistence of others, he had no thought of publishing at first, and when his first book became a cause célèbre he not only refused to change his daily routine but flatly refused any payment, as he has done ever since.
“The books that pass through my hands”, he has always insisted, “belong to the Spiritual Instructors and Benefactors, and not to me”
“Chico does not enjoy the reputation and affection he has won because of the books he has helped write so much as because of the kind of person he is. Impressive as his literary work is, it is nothing compared to what he has been achieved as a human being.
His entire life story has been one of rejection of material desire and personal ambition, and it is worth noting that he had very considerable wealth and influence within his grasp but voluntarily renounced his claim to it at the very start of his career. It must be much harder to turn your back on power and fortune when you actually have a good chance of winning both, as he had.” (12)
Due to the magnitude of the work of the medium Francisco Candido Xavier and his mission, it would be difficult to register much of his accomplishments in this short writing. The medium, his achievements and his mission will undoubtedly be the subject of many inquires and speculation for years to come.
In conclusion, we would like to call the reader’s attention to a very important point, which constitutes the main objective of this article.
Since the beginning of his mission his main spirit mentor, Emmanuel, taught him to be loyal to Jesus Christ and to the Spiritist Doctrine, codified by Allan Kardec. This spirit mentor who would follow the medium and give him guidance throughout his entire life was so strict in his warnings that he once stated:
“If one day I provide you with counsel that is not in conformity with Jesus and Kardec, stay with them and forget me.”
The life and the achievements of Francisco de Paula Candido Xavier through his missionary task as a medium ought to be a safer pattern of moral behavior for anyone, and especially for those who are committed to the sacred duty of mediumship.

References

1 - The Indefinite Boundary – An Investigation into the Relationship between Matter and Spirit – St. Martin’s Press, New York, 1976.
2 - The series comprises of twelve books, starting in 1944 and finishing in 1960. The book Nosso Lar is the first of the series and The Mechanisms of Medimship is the last one. The former is available in its entirety at the GEAE site under the title of Astral City at the link electronic books. There is another translation of this book with the title of Nosso Lar – A Spiritual Home by the Allan Kardec Educational Society.
3 - Chapter 7 (The Little Red Fish), pages 134-4, op. Cit. Above # 1.
4 - Same as above, page 135.
5 - The Flying Cow – Research into Paranormal Phenomena In the World’s Most Psychic Country – Souvenir Press, Ontario, Canada, 1975.
6 - Pages 28-29 of op. cit. above # 5
7 - This book was also translated into English and published by the Allan Kardec Educational Society.
8 - Pages 44 and 49-50 of op. cit. # 5
9 - Page 50 of op. cit. above.
10 - Gratitude to Chico Xavier by Divaldo Pereira Franco, in Reformador, published by the Brazilian Spiritist Federation, August, 2002.
11 - Excerpt from the book “O Evangelho de Chico Xavier” by Carlos Bacelli, translation by Jussara Korngold.
12 - Op. cit. at pages 21-22; 27; and 51.

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